Primeiras imagens do universo reveladas pela maior câmera astronômica já construída

Com inauguração marcada para 23 de junho, o Observatório Vera C. Rubin promete transformar nosso entendimento do cosmos com registros sem precedentes do céu noturno


O universo está prestes a ser visto como nunca antes. A câmera astronômica mais poderosa do mundo, instalada no recém-concluído Observatório Vera C. Rubin, no Chile, terá suas primeiras imagens reveladas ao público no dia 23 de junho, às 11h (horário de Brasília). O evento será transmitido ao vivo e marcará o início do levantamento celeste mais ambicioso da história da astronomia.

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Começa a era da exploração do universo cósmico em alta definição

O equipamento, o maior já desenvolvido para fins astronômicos, faz parte de um projeto conjunto da National Science Foundation (NSF) e do Departamento de Energia dos Estados Unidos. Situado no alto da cordilheira Cerro Pachón, no Deserto do Atacama, o observatório irá mapear, ao longo de uma década, o céu do hemisfério sul com um nível de detalhe inédito.

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Uma pré-estreia para o mundo inteiro

O evento de lançamento, batizado de “Primeira Olhada”, será acompanhado por milhares de pessoas ao redor do planeta. Com imagens e vídeos em ultra-alta definição, a apresentação será transmitida em inglês e espanhol e contará com eventos presenciais em diversos países, celebrando um momento histórico para a astronomia.

A estrela do projeto é a imensa câmera de 3.200 megapixels, o equivalente ao tamanho de um carro pequeno e peso de mais de três toneladas. Transferida com sucesso da Califórnia para o Chile, a câmera foi integrada ao telescópio em março e já passou pelos primeiros testes, descritos como “extremamente bem-sucedidos” por Victor Krabbendam, gerente do projeto.

Inovação óptica para decifrar o cosmos

O diferencial do Observatório Rubin está em seu design ótico com três espelhos, capaz de capturar imagens em um campo de visão 45 vezes maior do que a lua cheia, sem perda de nitidez. A cada três ou quatro noites, a câmera irá fotografar o céu inteiro novamente, gerando cerca de 20 terabytes de dados por noite.

Com imagens tão detalhadas que exigiriam centenas de telas de altíssima resolução para serem exibidas em tamanho real, o projeto promete uma revolução científica em áreas como astrofísica, cosmologia e monitoramento de asteroides potencialmente perigosos.

Screenshot-2025-06-17-114339 Primeiras imagens do universo reveladas pela maior câmera astronômica já construída
Imagem: Zakharchuk – Shutterstock

Homenagem à pioneira da matéria escura

O observatório leva o nome da astrônoma Vera Rubin, uma das figuras mais influentes da ciência no século XX. Foi ela quem, nas décadas de 1960 e 1970, ofereceu as primeiras provas convincentes da existência da matéria escura, um componente invisível que representa mais de 80% da massa do universo.

A missão principal da instalação, chamada Legacy Survey of Space and Time (LSST), irá investigar os mistérios da matéria escura e da energia escura, além de catalogar bilhões de galáxias, rastrear objetos próximos à Terra e monitorar fenômenos cósmicos como supernovas.

“Estamos ansiosos para ver as imagens sem precedentes que esta câmera irá produzir”, afirmou Harriet Kung, diretora interina do Office of Science do Departamento de Energia. A comunidade científica e o público compartilham da mesma expectativa: descobrir o universo com novos olhos.