Infra Gás: conheça a empresa que quer comprar as distribuidoras de gás do Nordeste

Autor: Redação Revista Amazônia

PIPELINE Dona de acordo com Compass para aquisição de cinco concessionárias de gás no Nordeste, Infra Gás desponta como mais nova agente do mercado de distribuição. Empresa tem histórico de atuações em diferentes elos do setor de infraestrutura e quer entrar no gás como investimento de longo prazo.

Petrobras reduz preço do gás natural em 7,1% em agosto. Fabricante de vidros fecha primeiro contrato de aquisição de biometano da ZEG no Aterro de Jambeiro (SP) e mais. Confira:

UM NOVO PLAYER NO NORDESTE

A intenção da Compass de se desfazer das distribuidoras de gás natural do Nordeste – ativos herdados da compra da Gaspetro (agora Commit) – abre espaço para a entrada de um novo agente no setor: a Infra Gás e Energia.

A companhia tem contrato assinado com a empresa do Grupo Cosan para aquisição das participações da Commit em cinco concessionárias, nos estados do CearáRio Grande do NorteAlagoasSergipe Pernambuco.

Se confirmada a aquisição, a Infra Gás passará a ser acionista não controlador dessas distribuidoras – sociedades de economia mista controladas pelos estados e que, juntas, representam 13% do mercado não-termelétrico do país.

Não conhece a Infra Gás? A gas week se propõe a apresentar um breve perfil da, possivelmente, mais nova caçula da distribuição de gás do Brasil.

     

    INTERESSE É A LONGO PRAZO

    Desconhecida de grande parte do mercado, a Infra Gás (não confundir com a Infragás, acionista minoritária da SCGás) tem pretensões duradouras na distribuição de gás.

    Procurada para comentar sobre a sua aposta no setor, a empresa preferiu não conceder entrevista antes do desfecho dos negócios.

    Esclareceu, por meio de sua assessoria de imprensa, contudo, que enxerga no mercado do Nordeste um grande potencial de crescimento e que encara o investimento como uma jornada de longo prazo.

    DE RODOVIA A AEROPORTO E TREM-BALA

    A Infra Gás é a mais nova empreitada de dois empresários com negócios no Rio de Janeiro: João Henrique Sigaud Cordeiro Guerra e Marconi Braga Edmundo.

    Eles são sócios em uma série de empresas, em diferentes campos do setor de infraestrutura, e com histórico de contratos com o poder público.

    Infra S.A. Investimentos e Serviços é uma das holdings da dupla. No passado, atuava em obras de manutenção de rodovias – chegou a receber R$ 78 milhões do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), por serviços prestados no Rio de Janeiro e na Bahia, de acordo com o Portal da Transparência, da Controladoria-Geral da União (CGU).

    Desde 2018, porém, a Infra S.A. não assinou novos contratos com o governo federal. Para além dos serviços em rodovias, a companhia chegou a fazer parte do projeto do trem-bala entre Rio-São Paulo, outorgado este ano à TAV Brasil – mas da qual Sigaud e Edmundo já se desfizeram.

    É debaixo do guarda-chuva da Infra S.A. que está a Infra Gás e Energia, fundada pelos empresários em 2021, com capital social de R$ 30 milhões.

    Também compõem a holding a GTP Energia, empresa em fase pré-operacional, concebida para atuar em projetos de gás e energia e que tem autorização da ANP para comercialização de gás natural; além da Infra Operações Aeroportuárias Farol De São Tome S.A. e a Infra Operações Aeroportuárias Campos Dos Goytacazes S.A.

    Essas últimas duas companhias administram, respectivamente, o Heliporto Farol de São Tomé e o Aeroporto Bartolomeu Lysandro, ambos em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, e funcionam como bases logísticas para a indústria de óleo e gás, na Bacia de Campos.

    Sigaud e Edmundo também atuam, na mesma região, na revenda de combustíveis de aviação da AirBP para o heliporto e aeroporto, por meio das empresas BASE Combustíveis e Beta Combustíveis – que ficam, por sua vez, debaixo de uma segunda holding da dupla, a Estrutura.

    AGORA, A APOSTA NA DISTRIBUIÇÃO

    A nova empreitada do grupo Infra é o mercado de distribuição de gás do Nordeste. A Infra Gás e Energia tem acordo com a Compass para comprar as fatias detidas pela Commit em cinco concessionárias estaduais:

    • 29,4% na Cegás (CE)
    • 83% da Potigás (RN)
    • 41,5% da Copergás (PE)
    • 29,4% da Algás (AL)
    • e 41,5% da Sergas (SE)

    Relembrando: Ao comprar a Gaspetro, a empresa do grupo Cosan anunciou a intenção de enxugar seu portfólio após a operação: da participação nas 18 distribuidoras originalmente reunidas na antiga subsidiária da Petrobras, o plano era ficar com seis, todas no Centro-Sul: Sulgás (RS), SCGás (SC), Compagas (PR), MSGás (MS), CEG Rio (RJ) e GasBrasiliano (SP).

    Desde então, a Compass se desfez de parte dos ativos. Falta, contudo, sacramentar o contrato com a Infra Gás – o último passo da gestão de portfólio.

    A Infra Gás se queixa da demora da Compass para sacramentar o negócio – assinado em 2022 – e foi ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) fazer pressão — já que, em 2022, o órgão antitruste aprovou a aquisição da Gaspetro, sem restrições, mas com uma ressalva: a de que a Compass teria que cumprir o desinvestimento anunciado.

    O acordo entre as partes, contudo, não é garantia de que a Infra Gás assumirá os ativos envolvidos na negociação. Isso porque a Mitsui, sócia da Compass na Commit, tem direito de preferência na aquisição dos ativos (bem como cada um dos Estados, acionistas controladores das distribuidoras em questão).

    Para avançar, a venda dos ativos depende da cisão parcial da Commit – para segregação das fatias detidas nas distribuidoras nordestinas da holding e posterior alienação.

    A bola está com a Mitsui – que ainda não deu o aval para a reestruturação da Commit, enquanto analisa como se posicionará no negócio.

    GÁS NA SEMANA

    Petrobras reduz preço do gás em 7,1%. Ajuste no valor cobrado das distribuidoras vale a partir de 1º de agosto e terá um impacto diferente em cada estado, a depender do tipo de contrato em vigor, tributos e com as regulações estaduais que definem as margens e mecanismos de repasse. A queda acumulada em 2023 é de 25%. (epbr)

    – Embora os preços da estatal sejam alvo de críticas do MME, o corte anunciado esta semana pela Petrobras reflete as regras previstas nos contratos com as distribuidoras – que preveem ajustes trimestrais, com base na variação do petróleo e câmbio.

    TBG oferece produtos de curto prazo. Até 31 de julho, a transportadora realizará a 8ª Rodada para oferta de capacidade de transporte de curto prazo. Serão disponibilizados contratos trimestrais, mensais e diários, com validade a partir de agosto,

    Abegás envia propostas a governadores do Nordeste. Em encontro com o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, as distribuidoras apresentaram a agenda setorial, a ser encaminhada ao Fórum de Governadores da região, com cinco propostas: Corredores Azuis; aumento da oferta nacional; viabilização da Margem Equatorial; ampliação das infraestruturas de escoamento e transporte; e gás para a química, petroquímica e fertilizantes.

    ExxonMobil quer ampliar negócio de GNL. Petroleira planeja quase dobrar seu portfólio atual, para 40 milhões de toneladas/ano até 2030. Companhia mira a crescente demanda dos países asiáticos e europeus. (Upstream)

    Biometano na fabricação de vidros. A Cebrace vai substituir parte do consumo de gás natural dos fornos da fábrica de Jacareí (SP) pelo combustível renovável. A fabricante de vidros é o primeiro cliente da planta de biometano construída pela ZEG Biogás no Aterro Sanitário de Jambeiro, da Engep. (epbr)

    Com incentivos, a indústria do biometano salta 20% nos EUA em 2022. O mercado americano adicionou uma capacidade de produção de 1,7 milhão de m3/dia no ano passado, de acordo com a Wood Mackenzie. (epbr)


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