Pablo Fava, presidente da Siemens no Brasil, tem uma trajetória que transcende fronteiras. Argentino de nascimento, iniciou sua carreira na Siemens como estagiário em 1996 e se mudou para o Brasil em 2002. Desde então, não só construiu sua vida pessoal aqui como também se tornou um entusiasta do potencial nacional.
Recentemente, durante a Hannover Messe, uma das maiores feiras industriais do mundo, Fava celebrou o anúncio do Brasil como país parceiro da edição de 2026 do evento.
“Temos uma matriz energética com 90% de fontes limpas. Se isso nos ajudar a conquistar 1% do mercado global, já será uma conquista enorme”, afirmou.
Um retrato otimista do futuro verde brasileiro
Para demonstrar esse potencial, a Siemens lançou o estudo Pictures of Transformation: Um Retrato do Brasil em 2035, feito em colaboração com o Cebri (Centro Brasileiro de Relações Internacionais). O relatório traça cenários possíveis para o desenvolvimento sustentável do país, com foco em energia renovável, transporte, logística e gestão hídrica.
“O mundo precisa enxergar o Brasil como um polo de inovação. Temos muito mais a oferecer do que imaginam”, destaca Fava.
Potencial competitivo ainda pouco explorado
Fava ressalta que, embora o país use apenas 20% das tecnologias disponíveis, a base existente já é suficiente para promover uma transformação significativa. “Temos tudo para sermos mais competitivos globalmente. O Brasil tem capacidade de produção eficiente e pode ser protagonista em diversos setores”, afirma.
Mesmo com participação modesta no comércio internacional, ele acredita que com as escolhas certas, o Brasil pode assumir posições de destaque no cenário mundial.
Indústria automotiva em transformação
A Siemens está fortemente envolvida na modernização da indústria automotiva nacional. Combinando o físico e o digital, a empresa desenvolve soluções para aumentar a eficiência energética e tecnológica desde o design até a produção. “Estamos contribuindo para a transição energética do setor, com ferramentas digitais que reduzem desperdícios e aceleram processos”, diz.
Infraestrutura e saúde como prioridades
Fava também reforça a importância da tecnologia para resolver gargalos históricos da infraestrutura brasileira, como o saneamento básico. “A falta de água potável impacta diretamente o desenvolvimento infantil. A tecnologia pode transformar essa realidade”, afirma.
Na saúde, a Siemens aposta em ecossistemas laboratoriais inteligentes, capazes de reduzir de dez anos para até um ano o tempo de desenvolvimento de novos medicamentos. Ferramentas como gêmeos digitais e inteligência artificial aceleram pesquisas, produção e controle de qualidade.
IA, rastreabilidade e transparência ao consumidor
O impacto das novas tecnologias será cada vez mais visível na vida cotidiana, segundo Fava. Da medicina personalizada ao rastreamento da origem dos alimentos, ele prevê uma era de maior customização e transparência. “Na Europa, o consumidor já sabe se a carne vem de área desmatada. Isso deve se expandir globalmente”, observa.
Presença estratégica na COP30
A Siemens prepara sua atuação na COP30, que ocorrerá em Belém, com base no relatório sobre o Brasil de 2035. A empresa vai destacar soluções em áreas como saneamento, biocombustíveis, redes elétricas inteligentes e energias renováveis, reforçando seu compromisso com o futuro sustentável do país.
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