Resgate do Ipaam salva aves e mamífero na capital amazonense


Na última quinta-feira (28), o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) realizou o resgate de quatro animais silvestres em diferentes bairros de Manaus. Foram recolhidos um periquitão-maracanã (Psittacara leucophthalmus), uma mucura (Didelphis marsupialis), um aracuã (Ortalis motmot) e um urubu-de-cabeça-preta (Coragyps atratus). Todos estavam em situação de vulnerabilidade: fora de seu habitat, feridos ou em risco de morte.

Divulgação/Ipaam

As ocorrências foram registradas na zona centro-oeste, no bairro Alvorada, e na zona norte, no Novo Aleixo, após moradores acionarem a Gerência de Fauna do Ipaam (Gfau). O destino de todos os animais foi o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Ibama, onde passam por avaliação veterinária antes de retornarem à natureza.

O papel da população

O diretor-presidente do Ipaam, Gustavo Picanço, destacou que os resgates só são possíveis porque a população entra em contato com o órgão. “A operação começa quando o cidadão encontra um animal e aciona a Gfau. Geralmente, eles aparecem em pátios, quintais ou áreas abertas próximas às casas. É fundamental ligar para o órgão responsável, para que o resgate seja feito com segurança e em parceria com o Ibama”, explicou.

O assessor ambiental da Gfau, Gilson Tavernard, reforçou outro ponto essencial: não alimentar os animais resgatados. “É comum as pessoas oferecerem pão, farinha ou frutas que não fazem parte da dieta natural dessas espécies. Isso pode causar sérios danos à saúde e até levar à morte. O correto é chamar o Ipaam imediatamente, sem tentar manter o animal em casa ou improvisar a alimentação”, orientou.

Histórias de resgate

Cada chamado teve sua particularidade e revelou como os moradores, mesmo sem experiência, agem movidos pelo cuidado e depois buscam ajuda especializada.

No Alvorada 2, a moradora Angelita Lira recebeu de uma amiga um periquitão-maracanã encontrado em um condomínio. Durante quase três semanas, sua família cuidou da ave até conseguir contato com o órgão ambiental. “Não quisemos entregar para quem pedia. Sabíamos que não era correto manter o bichinho preso. Eu já estava incomodada com essa situação e fiquei aliviada em poder entregá-lo para o resgate”, contou Angelita.

No mesmo bairro, Kássia Fagundes encontrou uma mucura filhote na calçada, após notar os cachorros de casa agitados. “Achei que a mãe fosse voltar, mas, como não apareceu, guardei a mucura e acionei o Ipaam. Já precisei do apoio deles em outras ocasiões, sempre para ajudar aves e pequenos mamíferos debilitados”, disse.

Outro episódio envolveu um aracuã debilitado, encontrado no bairro Campo Salles e levado por conhecidos até o Alvorada. A moradora Maria Castro não se conformou em deixá-lo sozinho. “Não podia deixar morrer de fome. Cuidei até conseguir entregá-lo para o resgate. Foi um alívio saber que ele terá a chance de voltar ao ambiente natural”, afirmou.

No Novo Aleixo, Carlos Pereira manteve um urubu-de-cabeça-preta em segurança no quintal de sua casa por cinco dias. A ave apresentava uma lesão na asa e não conseguia voar. “Coloquei água, depois comida, até que ele se alimentou. Mas sabia que precisava de cuidado especializado. Por isso, acionei o Ipaam”, contou.

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Arquivo/Ipaam

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Respeito e responsabilidade

Os relatos mostram o quanto a população se envolve emocionalmente ao encontrar animais silvestres. Mas também reforçam a importância da orientação técnica para que esse cuidado não se transforme em risco. O resgate adequado garante a recuperação da fauna e evita que animais sejam mantidos em cativeiro de forma irregular.

Ao final da operação, todos os animais foram encaminhados ao Cetas, onde serão tratados e preparados para retornar ao habitat natural.

O Ipaam reforça que, ao encontrar animais silvestres em situação de risco, a população deve acionar a Gerência de Fauna pelo WhatsApp (92) 98438-7964, de segunda a sexta-feira, das 8h às 14h. Mais do que um ato de cuidado individual, a iniciativa garante a preservação da fauna amazônica, fortalecendo a convivência harmônica entre cidade e floresta.