Brasília, 01 de outubro de 2025 – Entre cartazes, debates e apresentações criativas, jovens estudantes da rede pública do Distrito Federal se reuniram em um espaço pouco usual para eles: a sede do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). O local recebeu, no dia 26 de setembro, a VI Conferência Nacional Infantojuvenil pelo Meio Ambiente (VI CNIJMA), evento que buscou fortalecer a educação ambiental e estimular a resiliência das comunidades escolares diante da crise climática.

Promovida pelo Órgão Gestor da Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA) e com participação de representantes do Ministério da Educação (MEC), do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), a conferência reuniu 150 alunos do 6º ao 9º ano de escolas públicas. Mais que um encontro de jovens, foi um exercício de cidadania climática e de construção de soluções a partir do olhar da infância e da adolescência.
Os estudantes apresentaram propostas criadas coletivamente em suas escolas, que depois foram votadas pelos próprios colegas durante a conferência. O projeto mais votado foi do Centro de Ensino Fundamental (CEF) 26 de Ceilândia, em que os alunos elaboraram uma minuta de lei para a criação de uma disciplina extracurricular voltada à conscientização ambiental. A ideia prevê visitas escolares a parques do Cerrado, onde os jovens seriam responsáveis pelo cuidado de árvores tombadas. “Nosso maior intuito é inspirar outros estudantes a se interessarem pelo meio ambiente”, explicou Igor, um dos alunos envolvidos.

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Em segundo lugar ficou a proposta do CEF Boa Esperança, também em Ceilândia, chamada “Quintal Sustentável”. O projeto busca oferecer às comunidades de baixa renda uma alternativa para geração de renda extra por meio do plantio ou da criação de animais de pequeno porte, como galinhas, possibilitando a venda de alimentos e derivados. A iniciativa vai disputar a etapa nacional da conferência e, caso seja selecionada, poderá ser apresentada durante a COP30, que ocorrerá em novembro de 2025, em Belém (PA).
Enquanto os alunos defendiam suas ideias, os professores e orientadores que acompanharam as delegações tiveram seu próprio espaço de aprendizado. Eles participaram da oficina “Energia que transforma”, onde discutiram formas de integrar projetos sobre energia limpa e meio ambiente ao cotidiano escolar. Para a professora Raiana Rocha, do CEF Telebrasília, no Riacho Fundo I, a experiência abriu caminho para novas práticas pedagógicas. “Volto para a escola com muitas ideias de atividades que podem envolver nossos alunos em ações concretas de sustentabilidade”, relatou.
A conferência revelou como a educação ambiental pode funcionar não apenas como disciplina complementar, mas como eixo formador da cidadania. Ao transformar escolas em laboratórios de soluções climáticas, ela dá voz a uma geração que terá de enfrentar os maiores impactos da crise ambiental global. Nesse processo, conceitos como justiça climática deixam de ser abstrações acadêmicas e passam a ser traduzidos em projetos simples, mas de enorme impacto social.
É nesse espaço de escuta e protagonismo juvenil que a VI CNIJMA mostrou sua força. Projetos como os desenvolvidos pelos alunos de Ceilândia revelam que a transformação climática não será apenas fruto de grandes acordos internacionais ou de investimentos milionários, mas também de pequenos gestos que nascem nos quintais, nas salas de aula e nas mãos de jovens engajados.
Ao incluir esses projetos no circuito da COP30, o Brasil reforça a ideia de que enfrentar a crise climática exige tanto diplomacia internacional quanto a participação das comunidades locais. O futuro da Amazônia, do Cerrado e de tantos outros biomas passa também pela capacidade de ouvir os mais jovens, que enxergam na natureza não apenas um recurso, mas uma responsabilidade compartilhada.




































