Fico entusiasmado e emocionado com a capacitação de todas as capacitações dessa juventude: empatia para construir capital afetivo com todas as culturas do planeta em uma convivência única e extraordinária. Como coordenador professor parceiro da Audencia Business School no Brasil, tenho a oportunidade não somente de recebê-los aqui no nosso território junto aos nossos parceiros acadêmicos locais, mas também vou todos os anos para a França, onde testemunho com satisfação como o mundo vem mudando aceleradamente. O futuro não espera, e o futuro pede garra para criar onde existe o “nada”, porque no futuro ainda não existem as coisas. Existem somente intenções, ideias, desejos, e é para lá que nós nos lançamos para criar.
É muito bom ver como as escolas de negócios estão se transformando para se reinventar, e promover um modelo mais responsável de criação e distribuição de valor a partir de valores humanísticos. O grande esforço de todos nós é entender que o nosso destino está interligado.
OUSANDO JUNTOS inclusive, que é o mote da Audencia, onde num processo que vem ocorrendo há anos junto com seus stakeholders – estudantes, professores, pesquisadores, colaboradores e parceiros – busca-se traçar a trajetória de uma “nova fronteira” de escola. Tal abordagem questiona as aparentes “certezas”, e busca novas e inovadoras oportunidades de ser escola de negócios entre humanismo e responsabilidade.
“Ninguém vai para o futuro sozinho”, me dizia o líder mestre Nishimura com quem convivi por anos quando trabalhei na Jacto. O futuro é inédito e complexo demais, e por isso a união faz a força. Para desvendar tal desafio de ser uma realidade do futuro, muito bom ver a Audencia se engajar em parcerias de valor como essa com a CESUPA, para desenvolver um programa semestral multidisciplinar aos jovens de MBA.
Negócios de impacto pedem uma visão criativa e coletiva, para assim poder construir um novo repertorio cultural de competências que, respeitando as mais exigentes normas ecológicas e de equidade social, no conhecimento do mundo como ele é (desafiador), incorporem essa ambição em territórios para além das fronteiras europeias, saindo da bolha e indo dialogar com o “mundão”, por exemplo, aqui no Brasil na Amazonia, em Belém do Pará.
“Amazonia, decifra-me ou te devoro!” Como no enigma da esfinge, nesta era da informação veloz e conflitante, uma era de notícias falsas se misturando com as verdadeiras, e onde também aprendemos que podemos falar um monte de mentiras dizendo só a verdade, o insumo mais vital e sagrado para o futuro da Amazonia está no domínio da comunicação, e do entendimento real sobre o que fazer.
Qual é o valor econômico, social e ambiental da Amazonia Legal para o Brasil e para o mundo, e como podemos alavancar futuro sustentável a partir do presente precioso no qual estamos?
Que momento incrível da história, nos preparando para a COP 30 que ocorrerá próprio em Belém, que desafio de realidade imponente temos pelas mãos. Um Brasil tropical de seis biomas com amplas planícies é uma das maiores biodiversidades e tem a maior floresta natural sobrevivente do mundo. Amazônia é sinônimo de bioeconomia, mas não só.
Na era do metaverso, a Amazônia poderá ser também entretenimento, ser mais experiência de vida e consumo do que local de produção de bens. É difícil visualizar esses novos modelos quando não estamos preparados para eles. A cultura e a ciência são as formas pelas quais resolveremos essas questões. Com agilidade e inteligência, não por ignorância ou negacionismo.
A Amazônia é um plano de futuro de longo prazo. Está mais para economia criativa e entretenimento, turismo ecológico, educação ecológica, história dos povos originários, história natural sobre o nascimento da vida neste planeta, e incluindo os sistemas agro regenerativos.
Amazônia é como o filme Avatar de James Cameron, é uma emocionante e poderosa plataforma cultural sobre a vida neste planeta. O potencial narrativo desse bioma é até o momento imensurável. Se mais criativos e inovadores se concentrarem sobre a Amazônia como nova economia sustentável, certamente isso terá impacto exponencial sobre o PIB do país, e daqueles territórios. Certamente o mundo agradecerá.
Mas em que momento e contexto essas histórias deverão ser contadas? Temos a COP 30! Qual história iremos contar na COP 30 para o mundo nos ouvir? Uma história com credibilidade, baseada em dados, em planejamento? Uma história em coautoria ou contra as organizações que atuam a favor dos ativos do planeta? Nesse sentido, nos posicionaremos como parte do problema ou da solução? Juntos ou contra os clientes, consumidores e cidadãos do mundo?
A primeira escolha é buscar ou não um ponto de convergência que nos permita caminhar juntos. Arquimedes disse: “deem-me um ponto de apoio e moverei a Terra”. O ponto é a Amazonia. “Mas o outro não quer ouvir!” Basta um simples ponto de apoio em qualquer lugar que permita a convergência afetiva, e você poderá mudar o mundo.
A minha provocação, que é a da Audencia também, afirma: “vamos ousar juntos fazer a mudança necessária, vamos ser a mudança desejada no mundo”.
Mas também provocamos quando dizemos que não é de qualquer jeito, precisamos fazer com excelência. Senão, são só boas intenções. A palavra excelência deriva do latim excellentiae, e significa superioridade, derivada de excellere, com sentido de erguer, de ficar em um lugar mais elevado, de ser superior. Ou seja, é um aspecto norteador do como fazemos as coisas, algo atrelado à atitude das pessoas que se envolvem nas coisas, inerente às causas.
O “como fazemos” define o resultado das nossas ações. Por isso um ensino de qualidade é fundamental. E, se fazemos com excelência, estamos sempre em melhoria contínua. A questão da excelência é cultural, do indivíduo e do grupo.
É, sobretudo, uma atitude, uma postura consciente na maneira como abordamos as coisas da vida.
Os educadores das escolas de negócios precisarão sempre mais nesta década compreender a dimensão humana da excelência. Quando formos olhar para as zonas de pobreza e miséria no mundo, iremos agir para gerar negócios que irão diminuir as desigualdades planetárias por meio de projetos sistêmicos, com começo meio e fim, ou seja, com ciência e tecnologia, com formação de qualidade, agregação de valor e comércio, incluindo o cooperativismo, crédito, seguro e planejamento.
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Para 2049, a projeção é de 10 bilhões de seres humanos no mundo, e em 2022 com cerca de 8 bilhões tem-se praticamente 5 bilhões de pessoas que vivem com menos de US$ 69 por semana para comer; dentre elas, 1 bilhão sobrevivendo com menos de US$ 1,23, ou seja, estão da zona da pobreza para a miséria e a fome. Que desafio enorme, estamos diante de um grande incômodo. Mas quanto maior o incômodo, maior pode ser a criatividade para sua solução.
Esse é mais um motivo para celebrar a vinda de um grupo de jovens da Audencia que se unirá aos jovens da CESUPA no primeiro semestre de 2025 para aprender, estudar, “curiosar”, se conectar com o nosso mundo que é o mundo de todos. Esses jovens terão uma oportunidade única de participar de cursos imersivos combinando capacitação, projetos de pesquisa bem como resolução de problemas para empresas da Amazonia, terão contato com autoridades locais e ONGs, enfim muita aprendizagem experiencial através da aplicação prática. Excelente!
Esse design thinking educacional é necessário e que venham sempre mais iniciativas como essa, para embutir empatia no processo de aprendizagem que não nega as diferenças reais entre os tantos stakeholders do mais amplo ecossistema de negócios. É respeitoso, inclusivo e prático – algo importante no mundo global dos empreendimentos, em que a complexidade corre solta e o risco do simplismo pode levar à atitude só responsiva/defensiva.
Sejam bem-vindos jovens do mundo todo ao Brasil. E aos nossos jovens, aproveitem e se conectem com o mundo!