São Paulo inaugura centro para preservar línguas e culturas indígenas

Autor: Redação Revista Amazônia

Com um investimento de R$ 14,5 milhões da FAPESP, foi lançado em São Paulo o Centro de Documentação de Línguas e Culturas Indígenas do Brasil. A iniciativa é fruto de uma parceria inédita entre o Museu da Língua Portuguesa e o Museu de Arqueologia e Etnologia da USP (MAE-USP).

O objetivo é preservar e divulgar os idiomas e saberes tradicionais dos mais de 300 povos originários do país, que falam atualmente 274 línguas — 20% das quais ainda não foram estudadas e correm risco de extinção.

Protagonismo indígena e salvaguarda da diversidade linguística

A ministra Sônia Guajajara celebrou o lançamento como um marco de resistência e valorização. “As línguas indígenas são bibliotecas vivas. Perder uma língua é perder uma forma de ver o mundo”, declarou.

Centro Doc Linguas Indigenas Foto Cecilia Bastos
Lançamento do Centro de Documentação de Línguas e Culturas indíginas. Local: Museu da Lingua brasileira. Falas de abertura e das autoridades: Renata Motta, Diretora Executiva IDBrasil – Museu da Língua Portuguesa , Eduardo Góes Neves, Diretor do Museu de Arqueologia e Etnologia da
Universidade de São Paulo – USP, Marco Antonio Zago, Presidente do Conselho Superior da FAPESP, Carlos Gilberto Carlotti Junior, Reitor da USP ,Marília Marton, Secretária da Cultura, Economia e Indústrias Criativas do Governo
do Estado de São Paulo, Sonia Guajajara, Ministra dos Povos Indígenas. Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

O centro nasce com uma premissa clara: o protagonismo é dos povos indígenas. Caberá às comunidades decidir o que será documentado e o que poderá ou não ser compartilhado publicamente.

Missão do centro: pesquisa, acervo digital e difusão cultural

Com duração inicial de cinco anos, o projeto atuará em três frentes:

  • Pesquisa e documentação linguística e cultural;
  • Criação de um repositório digital de acesso gratuito;
  • Comunicação e difusão cultural.

Serão catalogados conteúdos em textos, áudios e vídeos, incluindo processos de fabricação de objetos, manejo agroflorestal e práticas de produção de alimentos, respeitando sempre os contextos culturais de cada povo.

Iniciativa reforça compromisso com a Década das Línguas Indígenas

O lançamento do centro ocorre durante a Década Internacional das Línguas Indígenas, instituída pela Unesco. Segundo a artista Daiara Tukano, presente no evento, o projeto é fruto da democracia participativa e da construção coletiva.

“A cultura indígena não é relíquia. É pulsação, presente e futuro. A língua é nosso espírito, nossa continuidade.” — Daiara Tukano

Territórios foco e riscos à diversidade linguística

As pesquisas iniciais estarão concentradas em duas regiões multilíngues do Brasil:

  • Rondônia
  • Região das Guianas

Essas áreas sofrem pressão de forças econômicas como a exploração de petróleo, o que pode acarretar deslocamentos populacionais e perda de conhecimento ancestral.

FAPESP e USP unem ciência, cultura e ancestralidade

Segundo Marco Antonio Zago, presidente da FAPESP, “a ciência, a tecnologia e a antropologia têm papel crucial na valorização e preservação das línguas indígenas”.

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O diretor do MAE-USP, Eduardo Góes Neves, destacou o caráter inédito da iniciativa. “Não conhecemos outro projeto no mundo com essa escala e esse modelo colaborativo”, afirmou. A FAPESP foi quem propôs o centro, buscando combinar preservação linguística com registro de saberes tradicionais.

Colaboração entre museus amplia alcance do projeto

Renata Motta, diretora do Museu da Língua Portuguesa, destacou que o centro une pesquisa científica e comunicação cultural. A proposta é criar um terreiro digital — expressão inspirada no artista indígena Gustavo Caboclo — onde a memória dos povos originários possa florescer e circular.

centrolinguasindigenas creddanielantonio dairatukano“O Brasil está respondendo ao chamado global com um compromisso de justiça linguística e cultural”, concluiu Guajajara.

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