Saneamento é o maior desafio ambiental da Amazônia, diz ministro


O descarte inadequado de resíduos e a carência de saneamento básico emergem como o maior desafio ambiental da Amazônia. Embora o olhar público e midiático se volte com frequência para o desmatamento, o garimpo ilegal ou as queimadas, a realidade é que a região enfrenta uma crise de saneamento que compromete sua biodiversidade e a saúde de suas populações. Menos de 3% dos resíduos sólidos são reciclados, uma estatística alarmante que expõe a fragilidade da infraestrutura local.

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Essa perspectiva, trazida à tona pelo Ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, ressalta a necessidade de uma mudança cultural e de políticas públicas mais robustas. A declaração, feita durante o programa Bom Dia, Ministro, da EBC, destaca que a falta de saneamento tem um impacto silencioso, mas devastador, contaminando rios e solos, e ameaçando ecossistemas inteiros.

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Foto: Reprodução

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A complexidade desse problema foi detalhada no Atlas de Territórios Brasileiros para Parcerias Público-Privadas de Manejo de Resíduos Sólidos, um documento estratégico lançado para mapear as oportunidades de investimento e cooperação na área. A publicação oferece um guia para o desenvolvimento de soluções sustentáveis, incentivando a participação do setor privado em um desafio que exige esforços conjuntos. A proposta é transformar o tratamento de resíduos em uma cadeia de valor, estimulando a economia circular e a geração de empregos.

Novas Rotas e Estratégias de Desenvolvimento
Para além das questões ambientais, o ministro também abordou a expansão das relações comerciais entre o Brasil e a China, um movimento estratégico para impulsionar a economia regional. A inauguração da rota marítima entre a região da Grande Baía Guangdong–Hong Kong–Macau e o Porto de Santana, no Amapá, representa um marco na logística de exportação de produtos. Essa nova conexão facilita o escoamento de mercadorias e abre portas para uma diversificação da pauta exportadora, que tradicionalmente se concentra em commodities como soja e minério de ferro.

A estratégia visa valorizar os produtos da biodiversidade amazônica, como insumos para a indústria de cosméticos e alimentos, oferecendo uma alternativa sustentável à exploração predatória. A aproximação com o governo chinês, formalizada por meio de memorandos de cooperação, busca fortalecer o desenvolvimento regional e a logística de exportação, gerando novas oportunidades de negócio e promovendo uma integração econômica mais profunda e equitativa.

Fortalecendo a Agricultura Familiar e a Bioeconomia
O papel da agricultura familiar na segurança alimentar do país foi outro ponto central na discussão. O ministro destacou que, enquanto os grandes produtores focam quase que exclusivamente no mercado de exportação, a agricultura familiar é a verdadeira responsável por abastecer a mesa dos brasileiros. Nesse contexto, o programa AgroAmigo se expande, oferecendo apoio financeiro e condições especiais para pequenos produtores do Norte e Centro-Oeste.

Essa iniciativa, inspirada em modelos já bem-sucedidos no Nordeste, busca mitigar os impactos de fenômenos climáticos extremos, como as estiagens que isolam comunidades e prejudicam a produção. O programa oferece descontos e condições de rebatimento em empréstimos, uma medida pensada para proteger e fortalecer a cadeia produtiva em áreas de difícil acesso. O sucesso de programas como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) também foi reforçado, incentivando a organização de pescadores, agricultores e extrativistas em cooperativas e associações.

Acelerando a Industrialização e a Bioeconomia
Para romper o ciclo de dependência da exportação de matéria-prima, o governo busca fomentar a industrialização na Amazônia. Um novo acordo com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) visa estimular o desenvolvimento de indústrias que transformem os recursos naturais em produtos de alto valor agregado, como fármacos e cosméticos.

A Amazônia detém um potencial imenso para a bioeconomia, um modelo que concilia conservação ambiental com desenvolvimento econômico. Ao invés de apenas fornecer insumos brutos, a região pode se tornar um polo de inovação, criando uma cadeia de valor que beneficie as comunidades locais e a economia nacional. A industrialização da biodiversidade não apenas gera empregos qualificados, mas também fortalece a proteção da floresta, provando que é possível conciliar prosperidade e sustentabilidade.