Enquanto Belém se prepara para receber líderes de 191 países durante a 30ª Conferência das Partes da ONU sobre Mudança do Clima (COP30), o papel da Marinha do Brasil ganha destaque na complexa engrenagem logística e de segurança que sustenta o evento. Com cerca de três mil militares mobilizados, a instituição atua em coordenação com o Ministério da Defesa e as demais Forças Armadas, sob o comando do Comando Operacional Conjunto “Marajoara”, criado especialmente para garantir a tranquilidade e a eficiência das operações durante a conferência.

A missão é monumental: proteger autoridades, assegurar a navegação nos rios amazônicos, garantir suporte logístico e responder rapidamente a qualquer eventualidade, em uma das regiões mais desafiadoras do planeta. A operação, batizada de “Marajoara”, demonstra a capacidade da Marinha de atuar de forma integrada e estratégica em um território de dimensões continentais, onde a floresta e os rios são as principais vias de comunicação.
O efetivo da Marinha está distribuído em quatro Grupos-Tarefa (GTs) que formam a Força Naval Componente (FNC). O primeiro, GT Comando e Controle, tem como base o Navio-Aeródromo Multipropósito Atlântico, a maior embarcação militar da América do Sul. Embarcado em Belém, o Atlântico abriga o centro de operações da FNC, contando com estrutura hospitalar completa e quatro aeronaves de emprego conjunto, capazes de realizar evacuações médicas e missões de reconhecimento.
Outro núcleo essencial é o GT Ribeirinho, formado por cerca de 500 militares e 50 viaturas, que atua na proteção de pontos estratégicos como os portos de Outeiro, Miramar e Belém, além de subestações elétricas da Eletronorte e da Equatorial Energia. Sua presença reforça a segurança terrestre em áreas consideradas sensíveis e vitais para o funcionamento da infraestrutura regional.

Fonte: Agência Marinha de Notícias
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Nos rios Pará e Guamá, a Marinha mantém o GT Fluvial, composto por 12 navios e 27 embarcações menores, encarregado de patrulhas, inspeções navais e escoltas. Essa presença garante a livre navegação e o monitoramento das vias fluviais amazônicas, assegurando um ambiente seguro para as delegações internacionais e a população local. O GT Apoio Logístico, por sua vez, integra o Hospital Naval de Belém, a Base Naval de Val-de-Cães e o Centro de Intendência da Marinha em Belém, que oferecem suporte sanitário, de manutenção e de abastecimento durante todo o evento.
Para o Contra-Almirante Antonio Braz de Souza, comandante da Força Naval Componente, a operação representa “o braço da Marinha neste grande esforço conjunto das Forças Armadas, coordenado pelo Ministério da Defesa”. Ele destaca que o trabalho é integrado com o Exército Brasileiro, a Força Aérea Brasileira e os órgãos de segurança pública, com foco na proteção de áreas estratégicas e na pronta resposta a emergências.

Essa integração é simbolizada pela estrutura do Comando Operacional Conjunto “Marajoara”, sediado na Base Aérea de Belém, que reúne capacidades marítimas, terrestres e aéreas sob um comando unificado. Mais de sete mil militares participaram da cerimônia de apronto operacional, realizada em 29 de outubro, em uma demonstração pública de prontidão e coordenação interforças. O evento marcou o início formal das atividades conjuntas para a COP30, incluindo treinamentos especializados em defesa cibernética, antiaérea e NBQR (nuclear, biológica, química e radiológica).
Para o General de Exército José Ricardo Vendramin Nunes, comandante do Comando Conjunto, a operação “é expressão concreta da união de esforços entre Marinha, Exército e Força Aérea, em parceria com as forças de segurança pública”. Ele destacou o compromisso coletivo de garantir a estabilidade e a segurança de um evento que colocará novamente a Amazônia sob os holofotes do mundo.
Mais do que uma missão de proteção, a Operação Marajoara é um exercício de presença do Estado brasileiro em uma região estratégica e sensível. Ao reforçar a soberania nacional e a interoperabilidade das Forças Armadas, a iniciativa projeta a imagem de um país capaz de conciliar segurança, diplomacia e sustentabilidade — três pilares indispensáveis ao sucesso da COP30.
Como resume o Almirante Braz, “a Marajoara é a demonstração da capacidade da Marinha de projetar poder, integrar esforços e servir ao Brasil onde for necessário — da selva às águas interiores, com profissionalismo e espírito de missão”. Em Belém, a Marinha do Brasil não apenas garante segurança: ela reafirma o compromisso do país com a paz, a cooperação e o futuro da Amazônia.











































