Nações não cumprem o prazo climático de 2035

Autor: Redação Revista Amazônia

De acordo com o Carbon Brief, 95% dos países não cumpriram o prazo estabelecido pela ONU para apresentar suas promessas climáticas para 2035, com apenas 10 nações atingindo a meta. Esse atraso generalizado, envolvendo grandes emissores responsáveis pela maior parte das emissões globais e da produção econômica, levanta preocupações sobre a eficácia dos mecanismos climáticos internacionais e coloca em risco os esforços para limitar o aquecimento global a 1,5°C.

Falta Global nas Promessas Climáticas

O fracasso global em cumprir o prazo da ONU destaca os desafios significativos na coordenação da ação climática internacional. Os países que não cumpriram o prazo representam 83% das emissões globais e quase 80% da economia mundial, evidenciando a magnitude do problema. Esse descumprimento levanta preocupações sobre a eficácia do “mecanismo de ajuste” do Acordo de Paris, projetado para garantir que cada rodada de promessas seja mais ambiciosa que a anterior.

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As principais implicações desse fracasso incluem:

  • Progresso atrasado: A falta de submissões pontuais dificulta a capacidade da ONU de avaliar a ação climática global antes da COP30.
  • Urgência comprometida: Perder prazos pode sinalizar uma falta de priorização para a ação climática entre os maiores emissores.
  • Pressão aumentada: O atraso coloca pressão adicional sobre o prazo de setembro estabelecido pelo chefe climático da ONU, Simon Stiell.
  • Possíveis retrocessos: Submissões tardias ou inadequadas podem comprometer os esforços para limitar o aquecimento global a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais.

Poucas Nações Cumpriram o Prazo

Apesar do fracasso generalizado, um pequeno grupo de nações apresentou suas promessas climáticas para 2035 dentro do prazo. Esses países incluem Estados Unidos, Reino Unido, Brasil, Emirados Árabes Unidos, Nova Zelândia, Suíça, Uruguai, Andorra, Equador e Santa Lúcia. No entanto, a qualidade e a ambição dessas submissões variam significativamente.

  • Apenas a Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) do Reino Unido foi considerada “compatível com 1,5°C” pelo Climate Action Tracker.
  • As NDCs do Brasil, Emirados Árabes Unidos, Estados Unidos e Suíça foram avaliadas como “não compatíveis” com o limite de aquecimento de 1,5°C.
  • O plano da Nova Zelândia foi criticado por um especialista local como “chocantemente pouco ambicioso”.

Esse panorama destaca que cumprir o prazo é apenas o primeiro passo; o conteúdo e a implementação desses planos são cruciais para uma ação climática significativa. Notavelmente, apenas duas nações do G7 – EUA e Reino Unido – apresentaram seus planos dentro do prazo, ressaltando a necessidade de maior liderança das principais economias no enfrentamento das mudanças climáticas.

Principais Poluidores Ficam para Trás

China, Estados Unidos e Índia, os três maiores emissores de gases de efeito estufa do mundo, não cumpriram o prazo da ONU para a submissão de suas metas climáticas para 2035. Esses três países, sozinhos, contribuem com 42,6% das emissões globais totais. A China não confirmou quando divulgará seu plano climático, enquanto a Índia indicou que pode adiar sua submissão para o segundo semestre do ano. Os Estados Unidos, apesar de terem submetido uma meta, enfrentam incertezas devido a possíveis mudanças de políticas após a próxima eleição presidencial.

Outros grandes emissores que citaram razões para os atrasos incluem:

  • União Europeia: prejudicada por seu longo processo legislativo.
  • Rússia: sem comentários públicos sobre sua nova NDC desde sua promessa de 2021 de alcançar emissões líquidas zero até 2060.
  • Canadá: criticado por falta de ambição em seu plano preliminar.
  • Austrália: adiando a divulgação de sua NDC até depois das eleições de maio.

Esses atrasos destacam os complexos desafios políticos e econômicos na formulação de metas climáticas ambiciosas. Enquanto algumas nações citam dificuldades técnicas e econômicas, outras enfrentam pressões políticas internas que influenciam suas decisões sobre compromissos climáticos.

COP30 e o Prazo de Setembro

A cúpula COP30 no Brasil, em novembro, será um ponto crítico para a ação climática global, com a expectativa de que os países intensifiquem seus esforços para alcançar as metas do Acordo de Paris. O chefe climático da ONU, Simon Stiell, enfatizou a importância de apresentar planos climáticos atualizados até setembro para garantir a inclusão na próxima avaliação global de “síntese” da ONU sobre a ação climática antes da COP30.

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O novo prazo de setembro serve como um ponto de verificação crucial para as nações:

  • Refinar suas estratégias climáticas e produzir planos de alta qualidade.
  • Permitir tempo para que a ONU compile e analise as submissões para uma avaliação global abrangente.
  • Fornecer uma visão mais precisa do progresso coletivo em direção às metas climáticas.
  • Permitir que os países incorporem novos desenvolvimentos tecnológicos e políticos.

O cronograma estendido também pressiona os maiores emissores a apresentarem metas mais ambiciosas. A comunidade internacional agora observa atentamente se os líderes globais conseguirão transformar seus compromissos em ações concretas antes da COP30.


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