Enquanto o mundo se prepara para a COP30, que acontecerá em Belém em novembro, a capital paraense avança em um projeto transformador de gestão de resíduos sólidos, colocando catadores de materiais recicláveis no centro da solução.
Com investimentos históricos da Itaipu Binacional, cooperativas locais estão se modernizando para ampliar a reciclagem, gerar emprego e reduzir impactos ambientais – um modelo que pode inspirar toda a Amazônia Legal e o mundo.
Da Margem do Rio Guamá para o Centro da Economia Circular
Na frente do Rio Guamá, onde a floresta e a cidade se encontram, a Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis (Concaves) se destaca como uma das maiores Unidades de Valorização de Recicláveis (UVRs) do Norte do Brasil. Atualmente, processa 800 toneladas de resíduos por ano, mas, com as reformas em andamento, financiadas pelo convênio entre Itaipu e a Prefeitura de Belém, sua capacidade deve saltar para 300 toneladas por mês, um aumento de 400%.
“Antes, trabalhávamos com limitações. Agora, teremos equipamentos modernos, energia solar e biodigestores. Isso vai melhorar nossa renda e mostrar que os catadores podem ser protagonistas da economia verde”, afirma Débora Baía, presidente da Concaves e articuladora da Central da Amazônia, rede que reúne cooperativas da região.
A cooperativa, que hoje emprega 22 catadores, já tem 30 pessoas em cadastro para novas vagas após a reforma. A expectativa é que os ganhos mensais dos cooperados aumentem em pelo menos dois salários mínimos.
Itaipu Investe R$ 1,3 Bilhão em Belém, o Maior Aporte Fora de Sua Área de Atuação
A Itaipu Binacional, maior geradora de energia limpa do mundo, está aplicando em Belém o maior investimento de sua história fora do Paraná.
Além das UVRs, os recursos incluem:
- Um barco movido a hidrogênio para transporte sustentável;
- Reforma do Distrito de Bioeconomia, que abrigará 30 empresas verdes;
- Ações de educação ambiental para conscientização sobre reciclagem.
“Nosso compromisso vai além da energia. A COP30 é uma oportunidade para fortalecer a sustentabilidade na Amazônia, e Belém será um exemplo”, diz Luiz Suzuki, gestor da Itaipu para projetos da COP30.
Reciclômetro: A Ferramenta que Vai Medir o Impacto da Reciclagem
Uma inovação que chega a Belém é o Reciclômetro, sistema desenvolvido pela Itaipu para monitorar resultados em tempo real.
A ferramenta mede:
- Volume de materiais reciclados;
- Redução de emissões de CO₂;
- Geração de renda para catadores.
“Assim como temos o ‘impostômetro’, queremos que as cidades saibam quanto estão reciclando. No Paraná, alguns municípios já coletam 90% dos resíduos. Belém pode alcançar isso”, explica Suzuki.
Governo Federal Reforça Apoio aos Catadores
O Brasil produz 82 milhões de toneladas de lixo por ano, mas apenas 4% são reciclados. Para mudar esse cenário, o governo federal relançou o Programa Pró-Catador, agora batizado em homenagem a Diogo de Sant’Ana, líder do movimento nacional de catadores. Entre as ações:
- R$ 103 milhões para fortalecer cooperativas;
- Conexão Cidadã, oferecendo saúde e assistência psicológica a catadores;
- Incentivo à logística reversa, ampliando a coleta seletiva nas cidades.
COP30: O Legado que Belém Quer Deixar para o Mundo
A Concaves e as outras três UVRs em reforma devem beneficiar mais de 1 milhão de pessoas em 37 bairros de Belém. Para Olmo Xavier, diretor de projetos da Secretaria da COP30, o impacto vai além da limpeza urbana:
“Estamos criando um modelo de economia circular inclusiva, onde catadores têm dignidade e a cidade reduz seus lixões. Isso será nosso legado para a COP30.”
Enquanto o mundo discute mudanças climáticas, Belém mostra que a resposta pode estar nas mãos de quem, historicamente, foi invisibilizado – mas que agora lidera a revolução da reciclagem na Amazônia.
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