Um grupo de manifestantes indígenas invadiu a área principal da COP30, em Belém, na noite desta terça-feira (11), em protesto contra a exploração econômica da Amazônia e a lentidão das ações climáticas.
A cena, registrada por agências internacionais e divulgada pela Al Jazeera, mostra indígenas rompendo barreiras de segurança e gritando palavras de ordem enquanto representantes de quase 200 países participavam das reuniões da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas.

“Queremos nossas terras livres do agronegócio, do petróleo, dos garimpeiros e madeireiros ilegais. Não podemos comer dinheiro”, declarou Gilmar, líder do povo Tupinambá, citado pela Al Jazeera.
Tensão em Belém marca início da COP30
De acordo com nota divulgada pela ONU, dois seguranças ficaram feridos e houve danos leves à estrutura do evento.
O protesto, liderado por povos indígenas da Amazônia e apoiado por ativistas climáticos, reuniu centenas de pessoas do lado de fora do centro de convenções e dezenas dentro do pavilhão principal, simbolizando a insatisfação com a distância entre discurso e prática nas negociações globais.
O episódio ocorreu horas depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmar que os participantes da COP30 deveriam se inspirar nos povos indígenas e comunidades tradicionais, para quem “a sustentabilidade sempre fez parte do modo de vida”.
“Precisamos seguir o exemplo dos povos que cuidam da floresta há séculos”, disse Lula durante o discurso de abertura.
Mas, segundo a Al Jazeera, os manifestantes responderam que as promessas do governo ainda não se traduzem em proteção efetiva — especialmente diante da continuação de atividades de exploração de petróleo e mineração na Amazônia.

“Os Estados querem nossos recursos, mas não garantem nossos direitos”
O ativista Leo Cerda, um dos organizadores da flotilha Yaku Mama, que navegou 3 mil quilômetros pelo Rio Amazonas até Belém, afirmou à Al Jazeera que o movimento indígena tenta “proteger a natureza não só para si, mas para toda a humanidade”.
“A maioria dos Estados quer nossos recursos, mas não quer garantir os direitos dos povos indígenas”, disse Cerda.
O protesto coincidiu com a polêmica decisão da Petrobras, estatal brasileira, que recebeu licença para iniciar exploração de petróleo próximo à foz do Rio Amazonas, poucos dias antes do início da COP30 — o que foi visto como um contrassenso ambiental por parte dos manifestantes e observadores internacionais.
Indígenas pedem exclusão de mineração e petróleo em territórios protegidos
Em declaração conjunta divulgada antes da conferência, os Povos Indígenas da Bacia Amazônica e de todos os biomas do Brasil reforçaram a importância de proteger territórios tradicionais como estratégia essencial de mitigação climática.
O documento destaca que a Amazônia armazena cerca de 340 milhões de toneladas de carbono, funcionando como um dos maiores “freios” naturais ao aquecimento global.
O texto pede a exclusão total de atividades de mineração e petróleo em terras indígenas, não só no Brasil, mas também nas bacias do Congo e do Sudeste Asiático.
Ausência dos EUA e presença da indústria do petróleo ampliam críticas
A Al Jazeera também ressaltou que a ausência dos Estados Unidos na COP30 — após nova retirada do país do Acordo de Paris pelo presidente Donald Trump — reforçou o sentimento de descrença entre movimentos sociais.
Trump chegou a chamar a crise climática de “a maior farsa já imposta ao mundo”.
Enquanto isso, segundo dados do The Guardian, mais de 5.300 lobistas da indústria de combustíveis fósseisparticiparam de conferências climáticas da ONU nos últimos quatro anos — presença que gera desconfiança sobre o comprometimento real dos países com a transição energética.

Um grito global pela floresta e pelos povos da Amazônia
A manifestação em Belém se junta a uma série de protestos simultâneos em defesa da floresta amazônica e dos direitos dos povos originários.
Os líderes indígenas afirmam que a Amazônia não é apenas um bioma, mas um organismo vivo — essencial para equilibrar o clima global.
“O que está em jogo não é só o futuro dos povos da floresta, mas o futuro da humanidade”, disse um dos manifestantes no local.


































