Uma análise rápida realizada pelo ClimaMeter, uma rede internacional de cientistas do clima, apontou que a recente onda de calor que afetou parte do Brasil, entre os dias 15 e 18 de março, foi intensificada pelas mudanças climáticas causadas pela atividade humana. Divulgado no domingo (24), o estudo revelou que as temperaturas durante essa onda de calor estiveram cerca de 1ºC mais elevadas do que as observadas em eventos similares no passado.
Os registros mostraram temperaturas excepcionalmente altas, principalmente em São Paulo e Rio de Janeiro. Na capital paulista, os termômetros atingiram 34,7ºC no dia 16 de março, a temperatura máxima mais alta já registrada para o mês, de acordo com dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). No Rio de Janeiro, a sensação térmica chegou a 62,3ºC no dia 17.
Tommaso Albert, um dos pesquisadores envolvidos no estudo, explicou que as temperaturas extremas foram resultado da combinação de ar excepcionalmente quente e aumento da umidade, fenômenos que tendem a se intensificar com as mudanças climáticas em curso.
A análise comparou eventos semelhantes ocorridos neste século (de 2001 a 2023) com aqueles do século anterior (1979 a 2001). Além do aumento de 1ºC na temperatura, os cientistas observaram uma mudança no calendário desses eventos, que historicamente ocorriam principalmente em novembro e dezembro, mas agora estão se concentrando em fevereiro e março.
O ClimaMeter é uma iniciativa composta por cientistas de diversos países que realizam estudos de atribuição rápidos para entender os extremos meteorológicos à luz do contexto climático atual. No final de 2023, o grupo já havia conduzido um estudo sobre a onda de calor ocorrida no Brasil entre os dias 13 e 19 de novembro, concluindo que o evento foi de 1°C a 4°C mais quente do que teria sido em condições climáticas anteriores.