ONU pressiona países a apresentarem novos planos climáticos antes da COP30 Com a aproximação do prazo final, principal autoridade climática da ONU cobra metas ambiciosas e ações urgentes para conter o aquecimento global Com menos de um mês até o prazo final, a Organização das Nações Unidas intensificou a pressão sobre os países para que apresentem seus novos compromissos nacionais de redução de emissões de gases de efeito estufa, conhecidos como NDCs, da sigla em inglês, e metas de adaptação climática. A exigência visa garantir que essas contribuições sejam avaliadas a tempo e incluídas no relatório-síntese que servirá de base para as negociações da COP30, marcada para novembro, em Belém do Pará. Simon Stiell, secretário-executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), alertou que essas metas nacionais são “a melhor defesa” diante da crise climática global. Em carta enviada a quase 200 países nesta quarta-feira (3), Stiell apelou por planos “fortes” e ambiciosos. Segundo ele, além de fundamentais para o clima, esses compromissos têm potencial para impulsionar o crescimento econômico e elevar padrões de vida no século XXI. Até agora, menos de 30 países apresentaram seus novos planos climáticos. Grandes emissores como China, Índia e União Europeia ainda não oficializaram suas metas. O atraso preocupa, já que o relatório de avaliação global da ONU precisa ser finalizado até o fim de setembro, para consolidar o panorama das ações previstas até 2030 e 2035. A expectativa é que esse documento oriente os debates na COP30, especialmente quanto às medidas necessárias para limitar o aquecimento global a 1,5°C — objetivo central do Acordo de Paris. O embaixador André Corrêa do Lago, presidente da conferência deste ano, já se prepara para possíveis embates diplomáticos sobre a ambição das metas. Em meio ao impasse, Stiell incentivou os líderes mundiais a anunciarem seus compromissos durante um evento de alto nível convocado pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, agendado para 24 de setembro em Nova York. Fontes da UNFCCC esperam uma onda de submissões nas próximas semanas, à medida que o prazo se aproxima. No entanto, a União Europeia corre o risco de chegar de mãos vazias ao encontro, em meio a divergências internas sobre como aprovar sua meta climática para 2040 — ponto de partida para os novos compromissos até 2035. Uma votação estava prevista para 18 de setembro entre os ministros do Meio Ambiente do bloco, mas a França defende que a discussão suba ao nível de chefes de Estado, o que pode atrasar ainda mais a definição.


SAIBA MAIS: Natureza como aliada na recuperação dos oceanos, afirma especialista durante conferência na ONU
A China, maior emissora do planeta atualmente, afirmou que atualizará suas metas climáticas ainda neste outono. Já a Indonésia indicou que pretende apresentar seu novo NDC antes do encontro em Nova York. Stiell reforçou, em sua carta, que os planos climáticos não são apenas “palavras no papel”. Eles representam oportunidades concretas de modernização das economias nacionais, criação de empregos e atração de investimentos no setor de energia limpa. Segundo o dirigente da ONU, países que apresentarem NDCs robustos estarão em vantagem para colher os frutos da transição energética global. Durante visitas a algumas das maiores economias do mundo neste ano, Stiell ouviu de líderes empresariais que há uma pressão crescente sobre os governos para adotar políticas climáticas mais ambiciosas, tanto por questões ambientais quanto por interesse estratégico. O cenário é desafiador. Apesar do compromisso assumido no Acordo de Paris, a maioria dos países ainda não cumpriu a promessa de atualizar seus NDCs até 2025. A avaliação da ONU, prevista para ser divulgada antes da COP30, será um termômetro do quanto o mundo avançou — ou retrocedeu — em sua luta coletiva contra a catástrofe climática. Em paralelo, o clima não espera. O ano de 2024 foi o mais quente já registrado, e os dez anos mais quentes da história ocorreram na última década. Eventos extremos como tempestades torrenciais, ondas de calor, incêndios florestais e secas intensas tornaram-se mais frequentes e devastadores, impactando economias e vidas humanas em todos os continentes. Enquanto isso, os Estados Unidos — historicamente, o maior emissor de gases de efeito estufa — demonstram sinais de retração em seu compromisso climático, o que aumenta a responsabilidade dos demais países em manter o ímpeto das negociações. A COP30, sediada pela primeira vez na Amazônia brasileira, carrega o peso simbólico e político de ser o fórum onde o mundo poderá — ou não — redefinir sua rota rumo à estabilidade climática. A janela de tempo é curta. E o relógio climático, implacável.





































