Os debates de ministros de Estado no Fórum Político de Alto Nível sobre Desenvolvimento Sustentável começaram no Conselho Econômico e Social da ONU, nesta segunda-feira, em Nova Iorque.
Na abertura do evento, o secretário-geral António Guterres alertou para os diversos atrasos que os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODS, vêm sofrendo nos últimos anos, ameaçando as metas para 2030.
Cenário alarmante
Ele também destacou que 600 milhões de pessoas podem enfrentar pobreza extrema até 2030 se os ODS não forem cumpridos. Guterres lembrou que as emissões de gases de efeito estufa seguem aumentando, desigualdades persistem, a fome voltou aos patamares de 2005 e a equidade de gênero só será alcançada em três séculos no ritmo atual.
Ele disse que o mundo já estava com a agenda comprometida mesmo antes da pandemia de Covid-19, o aumento dos efeitos da crise climática e a invasão russa na Ucrânia.
A falta de financiamento para atingir os ODS é um dos desafios, subindo de US$ 2,5 trilhões antes da pandemia para cerca de US$ 4,2 trilhões atualmente.
Financiamento urgente
Ele defende que financiamento é o combustível para impulsionar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Guterres voltou a propor a reforma da arquitetura financeira global para que se torne uma rede de segurança global para os países e forneça acesso a fundos de longo prazo.
O chefe da ONU destacou o fundo de estímulo para os ODS, US$ 500 bilhões por ano, para investimentos em desenvolvimento sustentável e ação climática.
Ele também pede alívio as dívidas de países que enfrentam dificuldades. Guterres fez um apelo aos países do G20 para que estabeleçam um prazo ainda neste ano para a criação um novo mecanismo de resolução dos débitos.
Financiamento climático
Destacando a questão climática, o secretário-geral lembrou que os países desenvolvidos devem honrar seus compromissos com o financiamento climático, entregando US$ 100 bilhões prometidos.
Segundo Guterres, cada uma dos ODS exige atenção a ação climática. Ele cita dados do Banco Mundial que estima que até 130 milhões de pessoas podem ser empurradas para a pobreza até 2030 devido ao aumento das temperaturas.
No entanto, para o chefe da ONU, ainda há tempo de reverter o cenário. Para isso, ele cita os diversos compromissos de zerar as emissões de gases de efeito estufa e cessar o uso de combustíveis fósseis.
Ele espera que, ao final da COP28, programada para novembro desde ano em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, líderes do G20 façam contribuições ambiciosas nacionalmente e todas as partes trabalhem por um fundo de perdas e danos.
Uso da tecnologia e ciência
O presidente da Assembleia Geral, Csaba Korosi, falou após Guterres enfatizando que mesmo em meio às dificuldades, tecnologia e ciência, somadas a metas transformadoras, podem contribuir para avançar com os ODS.
Para ele, é necessário adotar estratégias nacionais de transformação alinhadas com os ODS. Korosi recomenda quantificar as metas para avaliar formas de priorização e desenhar planos transparentes para avançar.
Ele defende que existe conhecimento necessário para guiar a humanidade para fora das crises atuais, além de ferramentas inovadoras.
Segundo Korosi, a Agenda 2030 é e deve continuar sendo um mapa e os liderem devem ser “corajosos, ambiciosos e determinados” na visão de um futuro pacífico, próspero e sustentável.