A COP30 viveu mais um momento de tensão nesta sexta-feira (14), quando cerca de 90 indígenas do povo Mundurukubloquearam a entrada principal da Blue Zone, área exclusiva para negociadores, em Belém (PA). Segundo informações divulgadas pelas Nações Unidas, o protesto foi pacífico e interrompeu o acesso ao local por aproximadamente uma hora, exigindo reforço de segurança por parte do Exército.

Os Munduruku, que vivem nos estados do Pará, Amazonas e Mato Grosso, cobram a suspensão imediata de projetos e atividades extrativas que ameaçam seus territórios — especialmente nas bacias dos rios Tapajós e Xingu, regiões pressionadas por garimpo, hidrelétricas e avanço do agronegócio.
Protesto é “legítimo”, afirma direção da COP30
A diretora-executiva da COP30, Ana Toni, classificou a manifestação como “legítima” e informou que representantes do movimento foram encaminhados para diálogo direto com as ministras Sônia Guajajara (Povos Indígenas) e Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima).
Toni destacou que esta é a COP com maior participação indígena na história: mais de 900 representantes estão credenciados — número três vezes maior que o registrado na última conferência em Baku, no Azerbaijão.
“O Brasil tem uma democracia forte, que permite diversas formas de protesto. Trazer a COP para a Amazônia foi uma escolha justamente para ouvir essas vozes”, afirmou.
Jovens indígenas reforçam urgência: “Estamos aqui por quem não pode estar”
Para jovens lideranças indígenas, a manifestação é um alerta sobre a gravidade da situação nas aldeias e a importância de ocupar espaços de decisão.
A pernambucana Amanda Pankará disse ao serviço de notícias da ONU que a COP30 amplia a visibilidade das pautas indígenas, mas reforça que ainda há grande defasagem de participação:
“Temos muito a contribuir. Estamos reivindicando direitos básicos: terra, vida, futuro. Estar aqui é representar quem não conseguiu chegar. Somos a barreira de proteção e queremos ser ouvidos.”
O chileno Emiliano Medina, do povo Mapuche, afirmou que protestos como esse têm se repetido em diversos países:
“É uma forma de mostrar onde as políticas falham. As comunidades já vivem as consequências diretas da crise climática.”
COP na Amazônia dá novo peso à pressão indígena
Segundo a ONU, muitos líderes presentes classificaram a COP30 como a conferência climática mais inclusiva de que já participaram.
Ana Toni reforçou que sediar o evento em Belém — e não em capitais como Brasília ou São Paulo — foi uma escolha política para garantir maior presença dos povos que vivem no centro da crise climática.
Ela também afirmou que novas manifestações devem ocorrer ao longo dos dias.
“A COP na Amazônia existe para ouvir essas demandas. Ignorar essas vozes seria negar o propósito do evento”, destacou.
Resumo do que a ONU relata sobre o protesto dos Munduruku
Cerca de 90 indígenas bloquearam a principal entrada da Blue Zone.
Acesso ao local ficou interrompido por aproximadamente 1 hora.
O Exército foi acionado para reforçar a segurança.
A manifestação pede o fim de projetos e atividades extrativas em territórios Munduruku.
Governo orientou lideranças a reuniões com Sônia Guajajara e Marina Silva.
A COP30 reúne mais de 900 indígenas, recorde histórico segundo a ONU.
Jovens indígenas afirmaram que o protesto representa “urgência e responsabilidade coletiva”.
A organização do evento vê a manifestação como parte legítima da democracia.





































