Uma nova força diplomática, nascida da geografia do isolamento, está prestes a redefinir seu papel no palco climático mundial, haja vista que pela primeira vez, os Países em Desenvolvimento Sem Litoral, conhecidos como LLDCs, terão um grupo de negociação coeso e dedicado dentro da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. A estreia desta voz unificada está marcada para a COP30, que transformará Belém do Pará no epicentro das discussões ambientais globais.

Futuro das Nações
Este movimento estratégico é o resultado mais visível da Terceira Conferência da ONU sobre os LLDCs, um encontro monumental que projetou o futuro dessas 32 nações. Embora distantes dos oceanos, estes países demonstraram que sua capacidade de articulação não conhece fronteiras, forjando um caminho de cooperação que promete reverberar muito além de seus territórios.

O Legado de Awaza
A cidade de Awaza, no Turcomenistão, foi o palco onde essa nova era de colaboração foi desenhada. O encontro não apenas reuniu mais de 5,7 mil participantes de 103 países, incluindo chefes de Estado e ministros, mas também consolidou uma visão ousada para a próxima década. O resultado foi a adoção da Declaração Política de Awaza e do seu ambicioso Programa de Ação 2024-2034, um roteiro detalhado para acelerar o desenvolvimento sustentável e fortalecer a resiliência desses povos.
Rabab Fatima, a alta representante da ONU para o grupo, descreveu o evento como um enorme impulso para a implementação do plano. Ela enfatizou que a visão construída se apoia na resiliência e na solidariedade global, provando que a ausência de um litoral não significa um bloqueio de oportunidades. A conferência foi um testemunho vibrante de que a cooperação pode transformar desvantagens geográficas em força política.
Além das Fronteiras Geográficas
A articulação em Awaza gerou marcos significativos que transcendem o discurso. Foi estabelecido o primeiro Dia Internacional de Reconhecimento para os Países Sem Litoral, a ser celebrado anualmente em 6 de agosto, garantindo uma visibilidade constante para suas pautas. Igualmente importante foi o lançamento da Rede Global de Negócios do grupo, uma plataforma projetada para conectar essas economias a novas oportunidades de investimento e comércio.
A participação ativa de jovens e da sociedade civil foi aplaudida como um dos pilares do sucesso da conferência. O processo foi permeado por um intenso intercâmbio de ideias, gerando um senso de propriedade compartilhada sobre o futuro que se deseja construir. A mensagem foi clara, o isolamento é uma condição, não um destino, e a chave para superá-lo está na construção de pontes diplomáticas, comerciais e humanas.
Pilares para a Próxima Década
O diálogo com o setor privado durante o evento reafirmou os eixos centrais que guiarão a jornada dos LLDCs. A facilitação do comércio e a integração regional foram apontadas como prioridades absolutas, essenciais para que produtos e serviços possam fluir de maneira competitiva. A aposta na juventude também ganhou destaque, com a defesa da criação de ecossistemas vibrantes para o empreendedorismo, a inovação e o crescimento de negócios inclusivos.
Paralelamente, o plano reconhece a transformação digital como uma necessidade fundamental, não um luxo, sendo uma ferramenta poderosa para conectar mercados e pessoas. Por fim, a necessidade de destravar o capital privado foi defendida com veemência, compreendendo que os investimentos públicos sozinhos não serão suficientes para catalisar a mudança na escala necessária. Com essa agenda robusta e uma voz recém unificada, os países sem litoral se preparam para chegar a Belém não apenas para participar, mas para influenciar ativamente o futuro do planeta.







































