O Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado dos Povos Indígenas (SEPI), marcou presença na Cúpula Mundial dos Povos Indígenas e da Natureza, realizada em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, evento que integra a programação oficial do Congresso Mundial da Natureza da IUCN 2025. Com o tema “Nosso conhecimento tradicional é a linguagem da Mãe Terra”, o encontro reuniu lideranças indígenas de todos os continentes, além de representantes de governos, instituições multilaterais e organizações internacionais voltadas à conservação ambiental.

Organizada pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), pelo Fórum Internacional Indígena sobre Biodiversidade (IIFB) e por Organizações de Povos Indígenas (OPI) membros da IUCN, a cúpula buscou consolidar o papel dos povos originários como protagonistas na governança global da natureza. Mais do que uma conferência, o evento simbolizou uma virada de paradigma: reconhecer o conhecimento ancestral como base essencial para restaurar o equilíbrio ecológico e enfrentar as crises climáticas.
Vozes que ecoam da floresta ao mundo
A secretária de Estado dos Povos Indígenas do Pará, Puyr Tembé, representou o estado no painel “Tudo, em todos os lugares, ao mesmo tempo: abordando os riscos do excesso climático”, que discutiu os impactos do colapso ambiental e as soluções possíveis a partir da sabedoria tradicional.
Em sua fala, Puyr destacou que os povos indígenas do Pará têm sido guardiões ativos da floresta e da vida. “Temos trabalhado incansavelmente para proteger nossos territórios e modos de vida. Representar o Pará é representar todos os povos indígenas do estado, mostrando que nosso conhecimento é uma ferramenta poderosa para enfrentar os desafios ambientais do planeta”, afirmou.
A participação paraense reafirma o papel do estado como liderança na agenda climática da Amazônia, fortalecendo o diálogo entre saberes tradicionais e políticas públicas. “Estar na Cúpula é garantir que nossas vozes sejam ouvidas nos espaços globais. O Pará mostra que é possível unir ciência, ancestralidade e gestão pública para construir um futuro em que floresta e vida caminhem juntas”, completou Puyr.

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Um pavilhão que simboliza resistência e renovação
Durante o evento, foi inaugurado o Primeiro Pavilhão dos Povos Indígenas, espaço autogerido que simboliza o modo de vida nos territórios originários. O pavilhão apresenta experiências de conservação ambiental, gestão territorial, tecnologias sustentáveis e transmissão intergeracional de saberes.
Mais do que uma instalação expositiva, o pavilhão é um manifesto visual e político: afirma a autonomia das comunidades indígenas na produção de conhecimento e na construção de soluções para as crises climáticas. Essa iniciativa também busca fortalecer redes de colaboração entre povos tradicionais de diferentes regiões do planeta, criando um canal direto entre a Amazônia, os Andes, o Ártico e o Pacífico.
O Pará e a diplomacia do conhecimento tradicional
A presença da SEPI na Cúpula Mundial reflete o compromisso do Governo do Pará com uma política de justiça climática que valoriza os saberes indígenas e os coloca no centro da formulação de políticas públicas. Essa atuação está alinhada à estratégia do estado de consolidar-se como referência global em sustentabilidade e bioeconomia amazônica, especialmente no contexto da COP30, que será realizada em Belém em 2025.
A participação do Pará em fóruns internacionais também sinaliza uma transição diplomática importante: o estado deixa de ser apenas palco da biodiversidade e passa a ocupar um papel de liderança na construção de soluções ambientais globais. O protagonismo indígena torna-se, assim, um vetor estratégico da política externa subnacional, integrando espiritualidade, território e inovação.
A Cúpula Mundial dos Povos Indígenas e da Natureza não é apenas um evento de representação simbólica, mas um passo decisivo para redefinir a relação entre humanidade e meio ambiente. O encontro mostrou que o conhecimento tradicional, muitas vezes marginalizado por séculos, é hoje reconhecido como ciência viva — um saber que orienta práticas de manejo, agricultura sustentável, restauração florestal e equilíbrio espiritual com a Terra.
Ao participar dessa cúpula, o Pará reafirma que o futuro da Amazônia e do planeta depende da escuta atenta às vozes ancestrais. É nelas que reside o entendimento profundo de que a natureza não é um recurso, mas um ser vivo com o qual a humanidade compartilha destino.






































