Na COP30, em Belém, o governo do Pará voltou a colocar o monitoramento ambiental no centro do debate climático ao apresentar, no Pavilhão Pará, um painel dedicado às ferramentas que estruturam a preparação e a resposta do Estado a eventos extremos. A iniciativa, conduzida pela Secretaria de Meio Ambiente, Clima e Sustentabilidade do Pará (Semas), evidenciou como dados, tecnologia e vigilância constante se tornaram instrumentos decisivos para reduzir riscos, orientar políticas públicas e fortalecer a resiliência territorial diante da emergência climática.

O painel Monitoramento Hidrometeorológico e de Qualidade do Ar realizado pelo Estado do Pará, como ferramenta de preparação, mitigação aos impactos e redução de riscos frente aos desastres naturais partiu de um diagnóstico claro: as mudanças climáticas já estão alterando o cotidiano da região amazônica, e a gestão pública precisa antecipar tendências, prever perigos e agir de forma coordenada para evitar perdas humanas, ambientais e econômicas.
A apresentação estruturou-se em três pilares. O primeiro é o monitoramento hidrometeorológico, que acompanha condições de tempo, clima e comportamento dos rios. Essas informações são particularmente sensíveis no Pará, onde a vida urbana, rural e comunitária depende do regime hídrico. Historicamente, a Amazônia sempre conviveu com períodos de cheia e vazante, mas eventos recentes mostram uma aceleração das anomalias climáticas. Entre 2023 e 2024, por exemplo, o Estado enfrentou uma das secas mais severas de sua história moderna. A estiagem prolongada afetou navegação, abastecimento de água, economia e segurança alimentar em dezenas de municípios. O coordenador de Monitoramento Ambiental da Semas, Antônio Sousa, lembrou que esse cenário exigiu respostas rápidas, com reforço da vigilância dos níveis dos rios e ajustes no planejamento para minimizar impactos.

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O segundo pilar é o monitoramento da qualidade do ar, fundamental para proteger a saúde pública. Em uma região onde queimadas ainda são um desafio recorrente, a circulação de fumaça pode gerar crises respiratórias, comprometer deslocamentos e criar períodos prolongados de insalubridade, especialmente para populações vulneráveis. As ferramentas da Semas buscam oferecer alertas rápidos, permitindo que autoridades municipais, unidades de saúde e órgãos ambientais preparem ações preventivas.
O terceiro eixo se concentra nos focos de queimadas. A leitura em tempo real e a geração de alertas sobre incêndios florestais permitem que equipes de resposta atuem de forma mais ágil. As informações também são cruciais para orientar operações de comando e controle, além de embasar medidas educativas e preventivas.
Esses três sistemas convergem para um objetivo comum: transformar dados em capacidade de reação e, quando possível, de prevenção. O caso da seca de 2024 ilustra o peso desse trabalho. Com os sensores e análises indicando agravamento das condições no leste do Pará, o governo intensificou o planejamento de ações emergenciais e orientou municípios sobre riscos específicos. Essa capacidade de antecipação diminui danos e reforça a segurança da população.
A atuação estadual também tem gerado resultados expressivos no combate ao fogo. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Pará registrou, em agosto de 2025, uma queda de 90,5 por cento nos focos de incêndios florestais em comparação com o mesmo período de 2024. Esse desempenho foi construído a partir da combinação entre monitoramento constante, operações de comando e controle mais robustas e coordenação direta entre órgãos ambientais, forças de segurança e governos municipais.
Especialistas destacam que essa redução não é fruto apenas de tecnologia, mas de um alinhamento estratégico mais amplo. O Pará vem consolidando uma política de mitigação climática que integra monitoramento, fiscalização, planejamento territorial, resposta rápida e pactos com atores locais. Essa abordagem reforça a percepção de que enfrentar a crise climática exige tanto instrumentos técnicos sofisticados quanto decisões políticas firmes, capazes de colocar a proteção ambiental como prioridade de Estado.
Durante a COP30, a presença do Pará com iniciativas como esse painel demonstra uma tentativa de construir um modelo amazônico de gestão climática baseado em evidências, participação e análise contínua do território. A lógica é simples: quanto mais se conhece o ambiente, maior é a possibilidade de agir antes que a crise se instale.
Ao final do painel, ficou evidente que o monitoramento hidrometeorológico, da qualidade do ar e dos focos de incêndio não são apenas atividades técnicas — são o coração da estratégia de mitigação e adaptação do Pará. Em uma Amazônia em transformação acelerada, a informação tornou-se a linha tênue entre vulnerabilidade e resiliência.















































