A cada temporada de seca, o Pará enfrenta um dos maiores desafios ambientais da Amazônia: o risco de queimadas. Para reduzir os impactos desse fenômeno, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Clima e Sustentabilidade (Semas) abriu inscrições para o Processo Seletivo Simplificado (PSS) que vai recrutar brigadistas civis voluntários de prevenção e combate a incêndios florestais. A ação integra o Programa Pará Sem Fogo, iniciativa lançada em junho deste ano que busca ampliar a resposta do Estado diante das chamas que ameaçam florestas, fauna, populações ribeirinhas e áreas rurais.

O edital prevê a formação de 112 brigadistas e um cadastro reserva de até 224 pessoas, com atuação estratégica em regiões historicamente vulneráveis ao fogo: Rurópolis, Itaituba, Trairão, Novo Progresso, Jacareacanga, Altamira (especialmente o distrito de Castelo dos Sonhos) e São Félix do Xingu. São localidades de intensa atividade econômica e pressão sobre os recursos naturais, o que torna urgente a presença de equipes treinadas para prevenção e resposta rápida.
As inscrições são gratuitas e podem ser feitas até o dia 5 de outubro no portal da Semas ou presencialmente, de 1º a 3 de outubro, nos Núcleos Regionais da Secretaria. A seleção será composta por cinco etapas: análise documental e curricular, Teste de Aptidão Física (TAF), Teste de Habilidade no Uso de Ferramentas Agrícolas (Thufa), além da divulgação do resultado final e convocação, prevista para 24 de outubro.

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Entre os requisitos para concorrer, é necessário ter entre 18 e 59 anos, Ensino Fundamental completo, residir nas proximidades da área de atuação e apresentar condições físicas e mentais adequadas ao esforço exigido pelo trabalho. Os aprovados terão jornada de 44 horas semanais, com direito a auxílio mensal de até R$ 3.036,00, valor que representa um estímulo ao engajamento comunitário em defesa do meio ambiente.
Após a aprovação, os candidatos participarão de um curso de formação intensiva entre os dias 27 e 31 de outubro. O treinamento será ministrado pelo Corpo de Bombeiros Militar do Pará, com foco em técnicas de prevenção, contenção e combate direto às chamas. O início das atividades operacionais das brigadas está previsto para 6 de novembro.
De acordo com Lília Reis, secretária adjunta de Gestão Administrativa e Tecnologias da Semas, o processo seletivo reforça o compromisso do governo estadual com uma agenda ambiental responsável. “O Pará Sem Fogo amplia a capacidade de resposta do Estado, garantindo que as brigadas voluntárias cheguem a mais comunidades, protegendo vidas humanas, biodiversidade e o patrimônio natural paraense”, destacou.
A presença das brigadas vai além do combate emergencial. Elas representam também uma ação pedagógica e preventiva, já que parte da atuação inclui orientar comunidades rurais sobre práticas seguras no manejo do fogo, reduzindo queimadas ilegais ou acidentais. Essa dimensão educativa contribui para quebrar o ciclo anual de degradação, que não só destrói florestas como compromete a qualidade do ar e a saúde das populações locais.
O programa Pará Sem Fogo integra ainda ações de monitoramento e inteligência, articulando dados de satélite, alertas meteorológicos e informações de campo. Com isso, busca-se antecipar riscos e preparar estratégias direcionadas a cada região. Essa abordagem preventiva é fundamental, sobretudo em municípios como São Félix do Xingu e Novo Progresso, que registram altos índices de desmatamento e queimadas nos últimos anos.
Além da importância ecológica, há também uma dimensão social e econômica na formação dessas brigadas. O auxílio oferecido não apenas compensa o esforço físico, mas também ajuda famílias locais, em especial moradores de áreas rurais, a terem uma fonte de renda temporária enquanto prestam um serviço essencial para o coletivo. Trata-se de um exemplo de como políticas públicas ambientais podem alinhar proteção da natureza com inclusão social.
Com o avanço do Pará Sem Fogo, o Estado aposta em um modelo de gestão ambiental que combina tecnologia, mobilização comunitária e cooperação institucional. A iniciativa reforça que o combate às queimadas não deve ser entendido apenas como resposta emergencial, mas como parte de uma política de prevenção estruturada, voltada para reduzir vulnerabilidades e promover maior segurança ambiental.
Ao abrir espaço para que cidadãos participem ativamente desse esforço, a Semas fortalece o protagonismo comunitário na proteção das florestas amazônicas. Em um território de dimensões continentais como o Pará, a união entre Estado, instituições de segurança e comunidades locais é o caminho mais eficaz para enfrentar os desafios ambientais do presente e preparar um futuro mais sustentável.






































