Com a Amazônia no centro do debate climático global, o Brasil se prepara para sediar um dos eventos mais complexos e sensíveis de sua história recente: a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30). Para garantir a segurança de delegações estrangeiras, líderes globais, cientistas, ativistas e povos tradicionais, a Polícia Federal (PF) elaborou um plano operacional robusto, em vigor desde 1º de outubro.

O esquema, construído em parceria com órgãos diplomáticos e forças locais, busca equilibrar três dimensões centrais: diplomacia, liberdade de expressão e logística amazônica — um tripé que revela tanto os desafios de realizar uma cúpula global no coração da floresta quanto o compromisso brasileiro com a convivência democrática e a sustentabilidade.
O peso diplomático da COP30
Belém se prepara para receber um número recorde de delegações estrangeiras, representando países que, muitas vezes, sustentam posições divergentes sobre temas sensíveis da agenda climática. Esse mosaico geopolítico demanda um modelo de segurança adaptável, que combine rigor técnico com sensibilidade diplomática.
A PF, tradicionalmente envolvida em operações de segurança de chefes de Estado e eventos internacionais, articula protocolos de cooperação com o Ministério das Relações Exteriores, a Organização das Nações Unidas, e órgãos estaduais de segurança. O objetivo é garantir proteção sem comprometer a fluidez das negociações multilaterais.
De acordo com o comando da operação, o Brasil quer demonstrar que é possível conciliar segurança e hospitalidade — atributos essenciais para um país que pretende reafirmar seu protagonismo ambiental e diplomático no cenário internacional.

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Liberdade de expressão como diretriz
Diferentemente de edições anteriores realizadas em países com restrições às liberdades civis, a COP30 no Brasil será um marco de abertura e diversidade. A conferência ocorre em um contexto pós-pandemia e num país onde movimentos sociais, povos originários e comunidades tradicionais têm voz ativa nas pautas ambientais.
A PF definiu, assim, uma estratégia voltada à proteção do direito de manifestação pacífica, evitando que a segurança se transforme em barreira. O plano prevê a criação de zonas seguras para protestos e espaços de diálogo entre sociedade civil e autoridades. A meta é assegurar o equilíbrio entre liberdade de expressão e ordem pública — um desafio especialmente sensível em um evento de alta visibilidade internacional.
Fontes da corporação afirmam que o objetivo não é conter, mas garantir a convivência harmônica entre os diferentes segmentos que compõem o ecossistema da COP30: negociadores, cientistas, lideranças indígenas, jovens ativistas e cidadãos de Belém.
Logística amazônica e tecnologia integrada
Realizar um evento dessa magnitude em plena Amazônia exige um aparato logístico singular. A PF estruturou um sistema de segurança multissetorial, que vai desde o controle migratório até a proteção de rotas aéreas e fluviais.
Entre as ações previstas estão o reforço das operações de imigração e a vigilância no Porto de Outeiro, que receberá dois navios de cruzeiro com delegações estrangeiras. A segurança também será ampliada na Base Aérea de Belém, porta de entrada de autoridades e representantes diplomáticos.
Cerca de 1.200 servidores — entre policiais e administrativos — já foram mobilizados para o plano, que inclui equipes especializadas em varredura antibomba, prevenção a crimes cibernéticos e combate ao terrorismo. A operação também envolve inteligência integrada com órgãos estaduais e internacionais, ampliando a capacidade de resposta diante de potenciais ameaças.
A logística da COP30 é vista como um laboratório para novas práticas de segurança sustentável: utilização de tecnologias de monitoramento de baixo impacto ambiental, otimização energética de sistemas de comunicação e capacitação de agentes locais.
Belém, vitrine da Amazônia global
Mais do que um desafio de segurança, a COP30 representa uma oportunidade de reposicionar Belém como vitrine amazônica para o mundo. O plano da PF não se limita à proteção física do evento, mas pretende reforçar a imagem da cidade como espaço de diálogo, diversidade e paz.
Com a floresta e os rios como cenário, a capital paraense se prepara para mostrar que a Amazônia é capaz de sediar, com eficiência e autonomia, um evento de escala planetária — e que a segurança, quando guiada por princípios democráticos, pode ser parte essencial de uma narrativa de confiança e cooperação global.






































