Enquanto líderes mundiais se reúnem em Belém (PA) para o início da COP30, a atenção internacional volta-se também à inovação tecnológica como ferramenta essencial para enfrentar a crise climática.
O portal holandês Innovation Origins (IO+) publicou nesta segunda-feira (10) uma análise sobre o papel das tecnologias emergentes e startups climáticas, destacando que “a ciência e a inovação serão protagonistas” da conferência realizada às margens da Amazônia.

“Esta COP deveria ser o ponto de virada — o momento em que os países voltam a levar a sério o compromisso de Paris, de limitar o aquecimento global a 1,5°C”, diz o artigo.
“Mas, com lideranças ausentes e metas diluídas, surge a dúvida: continuará sendo apenas conversa?”
COP30 em meio a ceticismo e cansaço climático
A reportagem lembra que a conferência ocorre após dois anos consecutivos de recordes de temperatura global e em um cenário de desconfiança diplomática, agravado por conflitos, disputas comerciais e incertezas políticas.
Mesmo assim, o evento em Belém é visto como uma oportunidade para “reacender a chama da ação climática”, sobretudo nas áreas de ciência, tecnologia e inovação verde.
Entre os participantes estão o primeiro-ministro interino da Holanda, Dick Schoof, e a ministra do Clima, Sophie Hermans. Já Estados Unidos, China, Índia e Rússia optaram por não enviar seus principais líderes, limitando-se a delegações técnicas — um sinal de baixo engajamento político global, segundo o portal.
Um breve retrospecto das últimas conferências
O Innovation Origins relembra os principais resultados das COPs anteriores — avanços, retrocessos e promessas ainda não cumpridas:
COP21 (Paris, 2015): assinatura do Acordo de Paris, com a meta de limitar o aquecimento a 1,5°C.
COP27 (Egito, 2022): criação do fundo internacional de “perdas e danos” para países vulneráveis.
COP28 (Dubai, 2023): pela primeira vez, países concordaram em reduzir o uso de combustíveis fósseis.
COP29 (Azerbaijão, 2024): promessas financeiras ampliadas, mas insuficientes diante da crise.
COP30 (Belém, 2025): ainda incerta, a conferência deve focar em tecnologia climática e transição energética.
Tecnologia como chave da transição climática
Um dos eixos da COP30 é o papel da ciência e tecnologia na resposta global ao aquecimento.
De acordo com o portal, o foco das primeiras sessões em Belém será justamente o uso de inteligência artificial, inovação industrial e captura de carbono como soluções para reduzir emissões e criar uma economia de baixo carbono.
A Holanda, reconhecida por seu ecossistema de inovação sustentável, é apontada como exemplo de país que alia pesquisa científica e investimento privado para acelerar a descarbonização.
O portal destaca três startups que estão redefinindo a fronteira da tecnologia climática:
1. Paebbl — CO₂ que vira cimento
A empresa Paebbl, sediada em Roterdã, inaugurou a primeira usina de mineralização contínua de CO₂ do mundo.
A tecnologia captura dióxido de carbono do ar e o transforma em um mineral sólido capaz de substituir o cimento, um dos materiais mais poluentes da indústria da construção civil.
A planta piloto já armazena até 500 toneladas de CO₂ por ano, reduzindo emissões e tornando materiais de construção mais sustentáveis.
A empresa recebeu investimento de US$ 25 milhões da Amazon para escalar o processo globalmente.
2. Carbyon — Captura Direta de Ar
Com sede em Eindhoven, a startup Carbyon desenvolve máquinas móveis de captura direta de ar (DAC), que removem CO₂ da atmosfera em qualquer lugar com energia renovável disponível.
Cada unidade Carbyon Go pode remover 3.000 kg de CO₂ por ano, o equivalente ao que 150 árvores absorvem no mesmo período.
Segundo a empresa, a tecnologia é 200 vezes mais rápida que outros sistemas de captura, com consumo energético reduzido — um passo promissor rumo à neutralidade climática.
3. SeaO₂ — Capturando CO₂ do oceano
O spin-off SeaO₂, ligado à Universidade de Tecnologia de Delft, aposta em um método inovador: filtrar CO₂ da água do mar.
Usando um processo eletroquímico, a tecnologia é mais eficiente do que a captura atmosférica, pois a água contém 150 vezes mais CO₂ que o ar.
O projeto-piloto remove 25 toneladas de CO₂ por ano, com meta de chegar a 1 milhão de toneladas até 2030.
Além de combater o aquecimento global, a tecnologia ajuda a reduzir a acidificação dos oceanos.
Inovação climática como esperança
Para o portal holandês, o avanço dessas tecnologias mostra que a inovação pode ser o elo entre promessas e resultados— e que a COP30 precisa reconhecer a urgência de transformar soluções de laboratório em políticas e mercados concretos.
“Empresas e parcerias em todo o mundo podem ter um impacto real. Mas isso exige vontade política e mecanismos globais de implementação”, conclui a análise do Innovation Origins.
Em meio ao ceticismo, a COP30 começa em Belém com uma mensagem clara: o futuro climático pode depender tanto da ciência quanto da diplomacia.


































