Projeto do MCTI quer reduzir uso de descartáveis plásticos no turismo

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Autor: Redação Revista Amazônia

Plásticos de ‘uso único’, como canudos, talheres e pratos, nas cidades litorâneas estão no foco da iniciativa que recebeu US$ 9 milhões do Fundo Global do Meio Ambiente. Sem redução drástica, oceanos devem ter mais plásticos do que peixes até 2050, segundo estimativa do Pnuma.

Relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) alerta que há necessidade de redução drástica do uso de plástico para enfrentar a crise global de poluição nos oceanos. Se nada for feito, a estimativa é de que haverá mais plástico do que peixes no oceano até 2050. Para promover a redução e a potencial eliminação da circulação de plástico de uso único ou descartáveis, como canudos, talheres, pratos descartáveis e embalagens, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) está implementando um projeto para aprimorar a circularidade no setor de alimentos e bebidas, primordialmente relacionados ao setor de turismo. Para o projeto, o MCTI captou US$ 9 milhões junto ao Fundo Global do Meio Ambiente (GEF, em inglês).

“Esse é um tipo de plástico que tem viabilidade de ser potencialmente eliminado”, avalia Rothier Siqueira, analista de ciência e tecnologia da Coordenação-Geral de Ciências para Oceano e Antártica do MCTI. Segundo ele, esse tipo de plástico é utilizado em larga escala no segmento de turismo. “Se eles puderem evitar o uso, melhor. Mas se precisar usar, que se estabeleça um ciclo virtuoso de reciclagem”, complementa, em referência ao ao conceito dos quatro “Rs” da sustentabilidade: reduzir, reutilizar, reciclar e repensar.

A versão mais visível da contaminação dos oceanos são as ilhas no Pacífico formadas por detritos que atingiram o tamanho duas vezes maior do que o território da França. Nesses pontos localizados em águas internacionais, houve o surgimento de um ecossistema totalmente novo onde é possível a detecção de novas espécies de vida, como microrganismos, que são ainda desconhecidos.

Mas a preocupação pode ser muito maior com relação às partículas invisíveis. “Cerca de 80% do plástico no fundo do mar está na forma de micro e nano plásticos, e ainda não há tecnologia que realmente possa ser utilizada em escala para limpeza”, relata Rothier Siqueira. Dados do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2022 mostram que a geração de resíduos plásticos nas cidades brasileiras foi de 13,7 milhões de toneladas em 2022, ou 64 quilos por pessoa no ano. A taxa estimada de reciclagem é de 24%.

Com apoio do GEF, o MCTI vai implementar projetos-pilotos em cidades litorâneas do país onde o turismo é um dos principais pilares econômicos. Também serão levados em consideração a quantidade de resíduos plásticos gerados, a gestão dos resíduos sólidos e o envolvimento de entidades na reciclagem, além do impacto em comunidades tradicionais, como na atividade pesqueira. As localidades ainda estão sob avaliação.

Áreas de atuação

O projeto abrange estratégias para a circularidade do plástico, incentivo de governos e arcabouço regulatório, e escalonamento de tecnologias que possam eliminar o plástico do ambiente. A circularidade do plástico no setor privado envolve os desafios de substituição de matérias-primas. “A matéria-prima para o plástico virgem ainda é mais barata do que a reciclada. Há questões mercadológicas”, explica o analista do MCTI.

Outro aspecto envolve a logística reversa para que todo plástico produzido seja reciclado. No Brasil, há algumas iniciativas de logística reversa para reciclagem de plástico, onde empresas se comprometem a recolher o plástico utilizado pelo consumidor final do produto, porém em uma escala bastante reduzida.

No campo regulatório, o objetivo é desenvolver mecanismos para incentivar os governos de todas as esferas a modificar as compras públicas por meio de legislação. Uma das premissas é incentivar que o ciclo de reciclagem torne o plástico atrativo para incentivar as cooperativas de reciclagem.

O MCTI também quer mapear as tecnologias existentes para combater o plástico no mar e que estejam em nível de maturidade tecnológica suficiente para serem implementadas em escala. Com duração de 48 meses, o projeto prevê ampla participação de ministérios, como Turismo e Meio Ambiente, gestores públicos locais, iniciativa privada, entidades da sociedade civil, instituições de pesquisa e entidades que atuam na área de capacitação.


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