Em apenas 10 dias, o 1% mais rico do mundo já atingiu o limite anual de emissões de carbono permitido para não ultrapassar o aquecimento global de 1,5°C, conforme estipulado pelo Acordo de Paris. Esse dado alarmante foi revelado em um relatório da Oxfam, que destaca a desigualdade na contribuição para a crise climática. Para manter o aumento da temperatura dentro do limite acordado, a Oxfam sugere que esse grupo de elite precisaria reduzir suas emissões em 95% até 2030.
Impacto desproporcional no agravamento da emergência climática
O marco foi alcançado no dia 10 de janeiro de 2025, ilustrando como os super-ricos têm um impacto desproporcional no agravamento da emergência climática, enquanto são os menos afetados por suas consequências. Em contraste, a metade mais pobre da população global precisaria de quase três anos para atingir a mesma quantidade de emissões, o que evidencia uma clara injustiça climática, onde os mais vulneráveis sofrem os danos mais severos.
Nafkote Dabi, líder da Oxfam Internacional em Políticas de Mudanças Climáticas, destacou a urgência da situação. “O futuro do planeta está em risco. Apesar disso, os super-ricos continuam com seus estilos de vida luxuosos, investimentos prejudiciais ao meio ambiente e uma influência política destrutiva. Isso é um roubo. Uma pequena elite está tirando o futuro de bilhões de pessoas para alimentar sua ganância sem fim”, afirmou Dabi.
Análise do PNUMA sobre emissões
De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), enquanto os mais ricos emitem cerca de 76 toneladas de CO2 por ano, a metade mais pobre gera apenas 0,7 tonelada. Para que o mundo respeite o limite de emissões do Acordo de Paris, o orçamento de carbono anual por pessoa deveria ser de apenas 2,1 toneladas.
O relatório também aponta que as emissões desproporcionais do 1% mais rico já resultaram em prejuízos econômicos bilionários, destruição em larga escala de colheitas e milhões de mortes em todo o mundo. Por outro lado, os países em desenvolvimento receberam uma quantidade de financiamento climático três vezes inferior ao necessário para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas.
Questionamentos durante a COP 29
No contexto das discussões globais sobre mudanças climáticas, a Conferência da ONU sobre o Clima (COP29), realizada em Baku, Azerbaijão, foi palco de protestos de ativistas e organizações que exigiram que os super-ricos paguem pelos danos ambientais que causaram. A proposta de taxação dessa elite foi debatida como uma forma de gerar trilhões de dólares para financiar ações de mitigação e adaptação climática. A mesma pauta foi levantada durante a Cúpula do G20 no Rio de Janeiro, sendo mencionada na declaração final brasileira.