Sapo-cururu como ele controla insetos e qual o risco real para cachorros e gatos


Quem mora em áreas com jardim ou quintal já deve ter se deparado com um sapo-cururu, principalmente nas noites quentes e úmidas. Grande, imóvel e de aparência pouco simpática, ele desperta curiosidade — e também medo, principalmente em quem tem pets. A verdade é que o sapo-cururu é um dos melhores controladores naturais de insetos, mas ao mesmo tempo representa um perigo real para cachorros e gatos que tentam tocá-lo ou mordê-lo.

Sapo-cururu como ele controla insetos e qual o risco real para cachorros e gatos

Sapo-cururu: o aliado natural no controle de insetos

O sapo-cururu, conhecido cientificamente como Rhinella marina, é um anfíbio noturno que desempenha um papel importante no equilíbrio ambiental. Ele se alimenta de baratas, besouros, formigas, grilos e até escorpiões — o que o torna um verdadeiro “guardião” natural contra pragas. É justamente por isso que costuma aparecer em quintais, hortas e jardins: ele é atraído pelos insetos que se acumulam perto da luz ou em locais úmidos.

Seu método é simples e eficiente. O sapo-cururu espera imóvel até que a presa se aproxime. Em segundos, ele projeta a língua viscosa e captura o inseto com precisão. Essa habilidade faz dele uma espécie extremamente útil, reduzindo a necessidade de venenos químicos no ambiente.

Mas o problema começa quando cães e gatos curiosos decidem “brincar” com ele.

1. O perigo está nas glândulas de defesa

O corpo do sapo-cururu possui glândulas chamadas paratoides, localizadas atrás dos olhos. Elas liberam uma substância leitosa e tóxica, conhecida como bufotoxina — um mecanismo de defesa contra predadores.

Para animais domésticos, especialmente cães, o contato com essa substância pode ser fatal. Quando o cachorro lambe, morde ou até encosta na pele do sapo, a toxina é absorvida rapidamente pelas mucosas da boca e língua.

Os primeiros sintomas de envenenamento aparecem em poucos minutos: salivação intensa, tremores, dificuldade para respirar, vômitos e, em casos graves, convulsões. Se o atendimento veterinário não for imediato, o animal pode não resistir.

Gatos também correm risco, embora tendam a ser mais cautelosos. Ainda assim, se houver contato direto, o perigo é o mesmo.

2. O que fazer em caso de contato com o sapo-cururu

Se o seu pet tiver contato com um sapo-cururu, o primeiro passo é agir rápido. Lave imediatamente a boca do animal com água corrente, usando uma mangueira ou seringa, sempre direcionando o jato de água para fora, evitando que ele engula a toxina.

Em seguida, leve o animal ao veterinário com urgência, mesmo que os sintomas pareçam leves. O tratamento precoce aumenta as chances de recuperação e reduz o risco de danos neurológicos.

Nunca tente dar leite, óleo ou outros líquidos caseiros — isso pode agravar a intoxicação. E, se possível, identifique o local onde o sapo foi encontrado, pois o veterinário pode precisar dessas informações para ajustar o tratamento.

3. Como afastar o sapo-cururu sem prejudicar o equilíbrio ambiental

Apesar do perigo para pets, o sapo-cururu não deve ser eliminado. Ele é um animal nativo e exerce uma função ecológica essencial. A melhor estratégia é evitar o encontro entre ele e seus animais de estimação.

Veja como fazer isso:

  • Iluminação controlada: luzes externas atraem insetos, que atraem sapos. Use lâmpadas amareladas ou sensores de presença para reduzir o fluxo de insetos.

  • Evite deixar ração do lado de fora: restos de comida atraem formigas e baratas, e consequentemente os sapos.

  • Crie barreiras físicas: se o quintal tiver muro baixo, instale telas ou placas para impedir o acesso.

  • Mantenha o jardim limpo: evite acúmulo de folhas e água parada, que servem de abrigo tanto para insetos quanto para anfíbios.

Outra dica é usar cheiros naturais que os afastam, como vinagre ou limão borrifado nas bordas dos muros e perto de ralos. Eles não fazem mal ao animal, apenas criam um ambiente menos atrativo.

4. Sapo-cururu e o mito da “ameaça constante”

Muita gente teme o sapo-cururu por acreditar que ele ataca ou “atira veneno” à distância — o que não é verdade. Ele é um animal pacífico e só libera toxina quando se sente ameaçado.

O perigo está no contato direto, e não na simples presença do sapo. Se respeitado, ele pode conviver no mesmo ambiente sem causar problemas. Em fazendas e hortas, inclusive, é considerado um verdadeiro aliado contra pragas.

A confusão acontece porque, ao contrário de rãs e pererecas, o sapo-cururu tem um corpo mais robusto e pele rugosa, o que dá uma aparência intimidante. Mas na natureza, ele prefere fugir a atacar.

O equilíbrio entre convivência e cuidado

O sapo-cururu é um exemplo de como a natureza trabalha de forma inteligente — ele ajuda a controlar insetos e a manter o ecossistema saudável. No entanto, é fundamental que tutores de animais saibam o risco que ele representa e adotem medidas preventivas.

Com pequenas mudanças no quintal e vigilância constante, é possível proteger seus pets sem interferir na biodiversidade local. Afinal, eliminar o sapo é eliminar também o equilíbrio que ele traz.

Saber respeitar o espaço da natureza é a melhor forma de garantir segurança e harmonia dentro de casa.

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