Sociedade civil apresenta seis eixos para sucesso da COP30 em Belém


Em um momento decisivo para a ação climática global, organizações e movimentos da sociedade civil apresentaram à presidência brasileira da COP30 um documento com seis eixos prioritários para a conferência, que ocorrerá em Belém, Pará, em novembro de 2025. O material, resultado de dois dias de debates durante o evento “O Caminho para Belém”, realizado em Brasília, destaca a urgência de limitar o aquecimento global a 1,5°C e propõe medidas concretas para fortalecer a ambição climática global.

Claudio Angelo/Observatório do Clima

Seis eixos para uma COP30 ambiciosa

O documento entregue à presidência da COP30 delineia seis eixos estratégicos para orientar as negociações e garantir resultados concretos:

  1. Redução das emissões com equidade: Estabelecer mecanismos que incentivem os países a adotarem cortes significativos nas emissões de gases de efeito estufa ainda nesta década, alinhados à meta de limitar o aquecimento global a 1,5°C.

  2. Transição energética justa: Definir um calendário global para a transição dos combustíveis fósseis, conforme previsto na Contribuição Nacional Determinada (NDC) do Brasil, promovendo uma mudança justa e inclusiva.

  3. Mecanismo global para transições justas: Coordenar apoio técnico, financeiro e tecnológico entre países, evitando o aumento das desigualdades e garantindo que as transições sejam equitativas.

  4. Pacote de adaptação climática: Concluir o Marco UAE–Belém para Resiliência Climática Global, assegurando a inclusão de povos indígenas, quilombolas, comunidades locais e periferias urbanas nas decisões e ações de adaptação.

  5. Sinergias entre clima e natureza: Adotar um plano de ação concreto para eliminar o desmatamento e a degradação florestal até 2030, incluindo financiamento e reconhecimento dos conhecimentos dos povos tradicionais.

  6. Financiamento climático ambicioso: Construir um Roteiro Baku-Belém que assegure recursos novos, públicos e previsíveis dos países desenvolvidos aos países em desenvolvimento, fortalecendo a confiança na Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC).

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Liderança da sociedade civil e participação indígena

A entrega do documento contou com a participação de representantes de organizações internacionais e especialistas, incluindo Selwin Hart (ONU), Sonia Guajajara (Ministra dos Povos Indígenas), Joaquim Belo, Sineia do Vale, Adnan Amin, Philip Yang, Denise Dora, entre outros. A ministra Sonia Guajajara destacou a importância da COP30 para enfrentar o desmatamento e promover uma transição justa e inclusiva, enfatizando a necessidade de uma implementação efetiva das ações climáticas.

A sociedade civil articulou seus consensos e mostrou seu espírito colaborativo, o que deixa um sentimento de otimismo para a Conferência de Belém, afirmou André Castro Santos, diretor técnico da LACLIMA. Esta é uma COP diferente das outras, que ocorre no pior momento da cooperação internacional, mas o fracasso não é uma opção, acrescentou Claudio Angelo, coordenador de política internacional do Observatório do Clima.

Desafios e expectativas para a COP30

A COP30 em Belém representa uma oportunidade única para avançar na agenda climática global, especialmente em relação à Amazônia, um dos ecossistemas mais críticos para o equilíbrio climático planetário. A sociedade civil brasileira, com apoio de lideranças indígenas e movimentos sociais, está mobilizada para garantir que a conferência não apenas discuta, mas implemente ações concretas para enfrentar a crise climática.

Com a presidência da COP30 comprometida em ouvir e integrar as demandas da sociedade civil, espera-se que a conferência em Belém seja um marco na construção de soluções climáticas justas, inclusivas e eficazes, alinhadas às necessidades e realidades locais.

Para mais informações sobre os eixos propostos e a participação da sociedade civil na COP30, acesse o Observatório do Clima.