Suíça reforça cooperação climática e anuncia doação ao Fundo Amazônia


A Suíça anunciou neste domingo (9) uma doação de 5 milhões de francos suíços — o equivalente a cerca de R$ 33 milhões — ao Fundo Amazônia, reforçando a aliança entre o país europeu e o Brasil na agenda ambiental. O anúncio foi feito durante o evento “Presença Suíça na COP30”, realizado em Belém, véspera da abertura da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30).

Foto: Fernando Donasci/MMA

A cerimônia contou com a presença da ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, e do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, instituição responsável pela gestão do fundo. A nova contribuição suíça soma-se aos recursos de nações como Noruega, Alemanha e Reino Unido, reafirmando a retomada do protagonismo internacional do Brasil no combate ao desmatamento e na proteção da Amazônia.

Criado em 2008, o Fundo Amazônia é um dos principais mecanismos de financiamento de projetos de preservação ambiental e desenvolvimento sustentável da Amazônia Legal. A iniciativa apoia ações que vão desde o monitoramento por satélite até o fortalecimento da bioeconomia, a inclusão produtiva e a valorização dos saberes tradicionais de comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas.

Segundo dados do BNDES, o fundo já beneficiou mais de 260 mil pessoas, apoiando 144 projetos e 600 organizações comunitárias em toda a região amazônica. Os investimentos abrangem desde a promoção do manejo florestal sustentável até o incentivo à pesquisa científica e à restauração de áreas degradadas.

O fundo havia sido paralisado em 2019 e retomado em 2023, após reestruturação do governo federal. Desde então, voltou a receber aportes internacionais e se tornou símbolo da nova política ambiental brasileira. Para Marina Silva, a reativação e o fortalecimento do Fundo Amazônia representam “a reconstrução da confiança do mundo no compromisso do Brasil com o clima e com seus povos da floresta”.

Durante o evento, representantes do governo suíço ressaltaram que o país vê o apoio ao fundo como parte de uma estratégia global de cooperação climática e solidariedade financeira com países em desenvolvimento. “A Amazônia é vital para o equilíbrio climático do planeta. Apoiar o Brasil nesse esforço é também proteger nosso próprio futuro”, afirmou o embaixador suíço no Brasil, segundo comunicado da Embaixada da Suíça no Brasil.

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Reprodução – Portal para Amazônia

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O anúncio reforça o papel de Belém como palco simbólico das negociações climáticas que começam nesta segunda-feira (10). A COP30, que reúne delegações de 194 países e da União Europeia, discutirá os caminhos para fortalecer a implementação do Acordo de Paris e aprimorar as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) — compromissos voluntários de cada país para reduzir emissões de gases de efeito estufa.

O Brasil apresentou metas ambiciosas: reduzir entre 59% e 67% suas emissões até 2035, abrangendo todos os gases e setores da economia. Segundo levantamento da Agência Brasil, 79 países já divulgaram suas novas NDCs, respondendo por 64% das emissões globais, enquanto 118 nações ainda não atualizaram seus compromissos.

Analistas avaliam que o gesto suíço vai além do valor financeiro: é um sinal político de confiança nas instituições ambientais brasileiras e na estabilidade das políticas públicas voltadas à floresta. O movimento ocorre em um momento em que o Brasil busca consolidar um papel de liderança entre os países do Sul Global, aproximando diplomacia climática, economia verde e justiça social.

A expectativa é que outras nações sigam o exemplo, ampliando o fluxo de recursos para o Fundo Amazônia e para mecanismos semelhantes de financiamento climático. A ministra Marina Silva lembrou que a preservação da Amazônia “é um esforço coletivo que precisa ser sustentado pela cooperação internacional e pelo compromisso real com a transição ecológica”.

Com a COP30, Belém se transforma em vitrine global para o debate sobre o futuro climático do planeta — e o gesto da Suíça, ainda que simbólico, aponta que a reconstrução da confiança entre as nações pode, de fato, abrir caminho para uma nova etapa da ação climática mundial.