A influĂŞncia significativa de metais como o Cobre e o AlumĂnio na economia Ă© inegável. A consultoria KPMG prevĂŞ que, em 2030, haverá uma demanda de 28,4 milhões de toneladas de Cobre, resultando em um dĂ©ficit de 5 milhões de toneladas. Paralelamente, a Mordor Intelligence projeta que o AlumĂnio está preparado para crescer a uma taxa composta de crescimento anual (CAGR) de 3,5% atĂ© 2028.
Diante desse cenário, espera-se um aumento na demanda por produtos semielaborados de Cobre em setores que requerem o metal, como a Construção Civil. Nesse segmento, o Cobre e suas ligas são utilizados em fios e cabos devido à sua excelente condutibilidade elétrica, além de serem empregados em locais onde ocorre troca de calor, como em aquecedores de água.
A versatilidade do Cobre pode ser ampliada com o uso de ligas, como o Latão (uma mistura de Cobre e Zinco), que podem ser moldadas em barras, perfis especiais, fios, laminados e tubos. Esses formatos podem ser transformados em válvulas, torneiras e outros metais sanitários, cadeados, chaves, tomadas, interruptores e até parafusos de fixação.
Outros setores da economia também se beneficiarão das vantagens do Cobre nos próximos anos, como os setores Aeroespacial, Automotivo, da Indústria e Geração, Transmissão e Distribuição (GTD), bem como o segmento de Refrigeração.
No mercado Aeroespacial, as ligas de Cobre são amplamente utilizadas na produção de componentes aeroespaciais, como os trens de pouso de aviões comerciais e militares. Na indústria e Geração, Transmissão e Distribuição (GTD), o metal tornou-se crucial devido à sua excelente propriedade térmica e elétrica. No segmento de Refrigeração, o Cobre é aplicado em tubos e conexões, melhorando a eficiência de aparelhos como ar-condicionado, geladeiras e refrigeradores comerciais.
Uma projeção relevante para o Cobre é a expansão gradual de tecnologias alinhadas à descarbonização, que impulsiona o seu consumo. No setor Automotivo, por exemplo, o metal pode ser utilizado em carros elétricos, já que, segundo a National Geographic, um automóvel totalmente elétrico utiliza três vezes mais Cobre do que os modelos à gasolina.
E quanto ao AlumĂnio?
As projeções para o AlumĂnio sĂŁo igualmente promissoras, muito ligadas Ă alta demanda do setor elĂ©trico para transmissĂŁo e distribuição de energia. Isso Ă© resultado da necessidade de novas linhas com concessões já arrematadas desde 2021, bem como da substituição e adição de linhas para transmitir energia gerada a partir de projetos eĂłlicos e solares.
O AlumĂnio possui benefĂcios sustentáveis que podem se estender para projetos de linhas de transmissĂŁo. Por ser mais leve, quando utilizado nas estruturas, exige menos dos veĂculos de transporte, resultando em menor consumo de combustĂvel. AlĂ©m disso, o AlumĂnio tem um alto potencial de reaproveitamento.
No entanto, Ă© importante destacar que todas essas movimentações envolvendo o Cobre e o AlumĂnio dependerĂŁo diretamente das condições macroeconĂ´micas globais, especialmente no Brasil, no que se refere ao controle da inflação e Ă s altas taxas de juros, especialmente nos Estados Unidos e na China, sendo este Ăşltimo o principal consumidor do metal vermelho.
Um ponto de atenção que impacta diretamente o mercado de metais está relacionado às paralisações e altos custos nas mineradoras da América Latina, um fator que deve ser acompanhado de perto pelo mercado.
Práticas sustentáveis
Dada a contextualização da descarbonização da economia e a ampliação das práticas de ESG em diferentes indĂşstrias, o crescimento dos setores de veĂculos elĂ©tricos (VEs) e energias renováveis já Ă© uma realidade no Brasil. Essa novidade pode impactar diretamente o mercado de metais.
No entanto, ainda há um longo caminho a ser percorrido para atingir as metas estabelecidas, uma vez que o setor está iniciando uma nova fase de investimentos e expansões, considerando que a demanda por Cobre e AlumĂnio tende a ser elevada nos prĂłximos anos.
Novas tecnologias na indĂşstria de metais
O interesse das indĂşstrias de metais por tecnologias vem crescendo exponencialmente. Alguns levantamentos comprovam essa percepção, como o “Monitor da IndĂşstria 4.0”, mesmo com o Brasil ainda atrás de paĂses mais desenvolvidos.
Embora as indĂşstrias historicamente nĂŁo sejam as que mais aplicam tecnologia em seus processos, o conceito de IndĂşstria 4.0 despertou o setor para a necessidade de utilizar a tecnologia como forma de tornar o mercado industrial ainda mais competitivo.
Nas indústrias de transformação, o principal papel da tecnologia é encurtar o tempo de processo, desde o fornecedor até o cliente. A tecnologia atua de maneira direta, através da Robótica, por exemplo, para ajudar a aumentar a capacidade de um centro de serviço e aprimorar a qualidade dos produtos.
Além disso, a tecnologia auxilia no fornecimento de informações importantes sobre o ambiente produtivo ou sobre o mercado, coletadas por meio de ferramentas de Big Data e Internet das Coisas.
Dessa forma, Ă medida que o mercado evolui em relação Ă s boas práticas de ESG e inovações agregadas, o setor de Cobre e AlumĂnio tende a crescer junto, proporcionando nĂŁo apenas vantagens competitivas a diferentes setores, mas tambĂ©m garantindo a qualidade nas entregas. Isso consolida a importância estratĂ©gica e sustentável desses metais em uma economia em constante transformação.
Walter Sanches, Diretor de TI e Planejamento da Termomecanica, empresa lĂder na transformação de Cobre e suas ligas.