Dieta do tamanduá-bandeira: além de formigas, o que mais ele come ao longo do dia

Autor: Redação Revista Amazônia

Apesar da fama de comedor de formigas, o tamanduá-bandeira tem uma dieta surpreendentemente mais variada do que muitos imaginam. Esse mamífero de focinho alongado e andar curioso é um verdadeiro especialista em encontrar insetos escondidos na natureza — mas o cardápio vai bem além das formigas. Para sobreviver e manter seu corpo forte, o tamanduá precisa explorar vários recursos alimentares ao longo do dia, adaptando-se às estações, ao ambiente e até à presença de outros animais.

O que o tamanduá-bandeira come na natureza

O tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) é um mamífero que vive principalmente em áreas abertas, como cerrado, campos e florestas tropicais da América do Sul. Ele é um animal insetívoro, ou seja, se alimenta de insetos, mas sua dieta não se resume às formigas. Os tamanduás também consomem cupins, larvas, pequenos besouros, ovos de insetos e até minhocas e outros invertebrados do solo.

Eles usam seu faro extremamente apurado para localizar colônias de insetos. Quando encontram um ninho de formigas ou cupins, rasgam a estrutura com suas fortes garras dianteiras e introduzem a longa língua pegajosa, que pode medir mais de 60 centímetros, para capturar rapidamente centenas de insetos por minuto.

Cupins: parte essencial da dieta do tamanduá-bandeira

Apesar das formigas serem o item mais lembrado, os cupins são igualmente importantes na dieta do tamanduá-bandeira. Em algumas regiões, especialmente no período seco, os cupins se tornam a principal fonte de proteína disponível, já que formigas se abrigam em locais mais difíceis de alcançar. O tamanduá então intensifica a busca por cupinzeiros, que ele consegue perfurar com facilidade, mesmo quando estão endurecidos pelo clima seco.

Esse comportamento também ajuda no equilíbrio ecológico, já que o tamanduá impede a superpopulação de cupins em determinadas áreas.

Outros insetos e larvas entram no cardápio

Ao vasculhar o chão e cavar pequenos montes, o tamanduá também se depara com larvas de besouros, centopeias e até algumas espécies de aranhas. Esses alimentos são uma fonte rica em gordura e complementam o que ele obtém com as formigas. Algumas pesquisas sugerem que os tamanduás-bandeira consomem mais de 30 mil insetos por dia, distribuídos em várias “refeições” ao longo das 24 horas.

Diferente de predadores que caçam de uma vez e descansam depois, o tamanduá come em porções pequenas e frequentes, aproveitando o que encontra pelo caminho sem passar muito tempo em um único local — estratégia que o ajuda a evitar confrontos com outros animais.

Ele consome também matéria vegetal?

Essa é uma dúvida comum. Embora não seja um animal herbívoro, o tamanduá pode ingerir quantidades acidentais de matéria vegetal, como folhas secas, cascas e fragmentos de madeira ao invadir ninhos. Essas partículas passam pelo sistema digestivo sem causar prejuízo, já que o estômago do tamanduá é adaptado para lidar com elementos fibrosos que acompanham os insetos.

Porém, vale reforçar: o tamanduá não se alimenta de plantas por escolha. Seu organismo é especializado para digerir quitina (presente no exoesqueleto dos insetos) e não tem enzimas para aproveitar os nutrientes das folhas ou frutos.

A importância da água e da terra úmida

Além dos insetos, o tamanduá-bandeira precisa de acesso frequente à água, especialmente nas estações mais quentes. Ele pode lamber poças rasas ou fontes naturais, e aproveita a terra úmida para se refrescar. Embora não seja um bom nadador, ele não hesita em entrar em pequenos córregos ou alagados se necessário.

Esse comportamento ajuda na digestão, pois a hidratação é essencial para manter a língua pegajosa em bom funcionamento e o estômago capaz de processar os milhares de insetos diários.

Saiba como um tamanduá-bandeira consegue comer até 30.000 formigas por dia

Animais mortos ou ovos entram na dieta do tamanduá-bandeira?

Em situações extremas, já foram registradas interações oportunistas do tamanduá-bandeira com ovos de répteis ou pequenos pássaros — mas são eventos raros. Ele não caça ou vasculha ninhos ativamente como fazem outros mamíferos onívoros. O consumo de qualquer item não-insetívoro geralmente é acidental ou muito esporádico, não representando parte significativa da alimentação natural.

Uma das razões para o sucesso dessa dieta está na sua baixa exigência energética. O tamanduá-bandeira tem metabolismo lento, temperatura corporal mais baixa (cerca de 33°C) e comportamento tranquilo. Ele pode passar horas andando lentamente por uma área em busca de alimento, sem gastar energia em perseguições ou confrontos.

Além disso, o sistema digestivo dele é especializado: sem dentes, ele usa a musculatura do estômago para triturar os insetos, auxiliado por pequenas pedras e areia que ingere junto da comida — uma técnica semelhante à das aves que não têm dentes.

Alimentação do tamanduá-bandeira em cativeiro

Em zoológicos ou centros de conservação, os tamanduás-bandeira recebem uma dieta balanceada que simula o valor nutricional dos insetos. São oferecidos rações especiais, ovos cozidos, mel, larvas de tenébrio, suplementos vitamínicos e até iogurte natural em alguns casos. Isso garante a saúde do animal sem que ele precise caçar ou se estressar.

Esse cuidado é importante, principalmente em programas de reprodução e reintrodução na natureza, já que uma alimentação desequilibrada pode comprometer a digestão e a imunidade do animal.

O tamanduá-bandeira é um exemplo de animal que desempenha um papel silencioso, mas essencial no equilíbrio dos ecossistemas. Ao controlar populações de insetos como formigas e cupins, ele contribui para a saúde do solo, evita pragas descontroladas e até favorece o crescimento de vegetação nativa.

Preservar o habitat desse animal é garantir que ele continue cumprindo seu papel. E conhecer os detalhes da sua dieta é o primeiro passo para compreender por que sua existência é tão valiosa para a natureza.

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