Brasil finalista do Prêmio Earthshot com fundo inédito de conservação


O Brasil voltou ao centro das atenções globais na agenda climática ao ser anunciado, neste sábado (4), como finalista do Prêmio Earthshotde 2025, uma das maiores distinções ambientais do planeta. O reconhecimento veio pela criação do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), mecanismo inédito de financiamento que promete transformar a forma como o mundo valoriza suas florestas e sustenta quem as protege.

Foto: Fernando Donasci/MMA

Descrito por especialistas como uma das iniciativas financeiras mais ambiciosas já concebidas para a conservação, o TFFF é liderado pelo Governo do Brasil e nasce com o propósito de atribuir valor econômico permanente às florestas em pé, um passo decisivo para alinhar a proteção ambiental com o desenvolvimento sustentável. O fundo será lançado oficialmente durante a COP30, em novembro, em Belém (PA), consolidando o país como protagonista da diplomacia verde global.

A proposta prevê um fundo internacional de investimento de US$ 125 bilhões, dos quais US$ 25 bilhões virão de aportes soberanos e US$ 100 bilhões de capital privado. O retorno gerado será distribuído entre países tropicais que mantiverem baixos índices de desmatamento, com pelo menos 20% dos recursos destinados a povos indígenas e comunidades locais, reconhecidos como os guardiões da floresta.

Durante evento na Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou o compromisso inicial do Brasil com US$ 1 bilhão, tornando-se o primeiro país a investir no fundo. “O Brasil vai liderar pelo exemplo. O TFFF é um investimento na humanidade e no planeta”, afirmou Lula. “Em Belém, viveremos o momento da verdade para nossa geração de líderes.”

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, destacou que o fundo inaugura uma nova etapa na relação do mundo com as florestas tropicais. “Precisamos mudar a forma como elas são valorizadas. O TFFF trará os recursos necessários para preservá-las e garantir uma renda justa para quem cuida da natureza”, declarou.

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Reprodução

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O Prêmio Earthshot, fundado em 2020 pelo Príncipe William, do Reino Unido, celebra projetos de impacto que enfrentam os maiores desafios ambientais do planeta. Em 2025, o grupo de finalistas foi escolhido entre 2.500 indicações de 72 países, analisadas por um painel de especialistas e por um conselho que inclui líderes como Christiana Figueres, arquiteta do Acordo de Paris, Cate Blanchett, José Andrés e Nemonte Nenquimo.

Ao reconhecer o TFFF, o prêmio ressalta a inovação de um modelo que substitui doações pontuais por investimentos estruturados, voltados a gerar rendimentos contínuos. Os recursos serão aplicados em uma carteira internacional de ativos sustentáveis, vedando investimentos em carvão, petróleo, gás e outros setores de alto impacto ambiental. A gestão seguirá critérios de governança global e transparência financeira, para garantir credibilidade e aderência às metas climáticas.

O TFFF nasceu na COP28, em Dubai, fruto de uma articulação entre o Brasil e outros dez países, entre eles Colômbia, Indonésia, Malásia, Gana
e República Democrática do Congo, além de nações apoiadoras como Alemanha, Noruega, Reino Unido, França e Emirados Árabes Unidos.

Mais do que um fundo, o TFFF representa uma tentativa de corrigir uma distorção histórica: o fato de que florestas preservadas ainda valem menos, economicamente, do que áreas desmatadas. Se implementado com sucesso, o modelo pode proteger mais de 1 bilhão de hectares de floresta em mais de 70 países, inaugurando um ciclo de prosperidade verde baseado na conservação.

Com o prêmio Earthshot, o Brasil consolida sua posição de liderança na governança ambiental global. Às vésperas da COP30, o país chega ao evento não apenas como anfitrião, mas como exemplo concreto de que financiar a floresta em pé é possível, rentável e essencial para o futuro climático do planeta.