Um relatório inédito publicado pela The Lancet classifica a poluição por plásticos como uma grave ameaça à saúde humana e ao planeta. O estudo chega no momento em que acontece, em Genebra, a rodada final de negociações para um Tratado Global sobre Plásticos, enfrentando resistência de lobistas e de setores industriais.

Uma crise de saúde invisível, mas devastadora
Estima-se que 8 bilhões de toneladas de resíduos plásticos já estejam espalhados pelo planeta. Partículas micro e nanoplásticas, junto a dezenas de substâncias químicas associadas, foram detectadas nos ecossistemas mais remotos e no corpo de animais e seres humanos.
O relatório aponta que os impactos se estendem por todo o ciclo de vida do plástico — desde a produção até o descarte — e que populações vulneráveis, especialmente crianças e idosos, sofrem as maiores consequências.
O custo econômico da poluição plástica
Segundo os pesquisadores, apenas três compostos — BPA, DEHP e PBDE — geram custos globais de saúde estimados em US$ 1,5 trilhão por ano em 38 países. As consequências incluem doenças crônicas, problemas de desenvolvimento infantil e aumento da mortalidade.
Chamado à ação global
Para o professor Philip Landrigan, diretor do Global Observatory on Planetary Health no Boston College e coautor do estudo, o tratado precisa incluir medidas para proteger a saúde e o meio ambiente em todas as etapas do ciclo do plástico:
“Os impactos recaem de forma mais pesada sobre os vulneráveis e resultam em enormes custos para a sociedade. É nosso dever agir agora”, disse Landrigan.
Lançamento do The Lancet Countdown on Health and Plastics
O relatório também anunciou a criação do Lancet Countdown on Health and Plastics, inspirado no já consolidado monitoramento sobre mudanças climáticas da publicação. O objetivo é fornecer dados independentes e contínuos sobre produção, exposição, impactos e políticas de intervenção relacionadas ao plástico.
De acordo com Margaret Spring, co-líder do projeto, os indicadores serão cruciais para orientar decisões internacionais, nacionais e locais:
“Os formuladores de políticas precisam do melhor conhecimento científico disponível para enfrentar a poluição plástica de forma eficaz”, afirmou Spring.
Oportunidade para mudança histórica
Para a professora Sarah Dunlop, diretora de Plásticos e Saúde Humana na Minderoo Foundation, que apoia o novo Countdown, este é um momento decisivo:
“O tratado global sobre plásticos pode proteger as futuras gerações. A evidência dos danos é consistente e esmagadora”, destacou.
O que esperar das negociações em Genebra
Negociadores estão sob pressão para criar um acordo ambicioso que limite a produção de plásticos, restrinja substâncias tóxicas e promova sistemas circulares. Se bem-sucedido, o tratado poderá redefinir a forma como o mundo produz, utiliza e descarta o material mais onipresente e poluente do planeta.













































