Estudo propõe transição energética no Brasil sem expansão da exploração de petróleo

Autor: Redação Revista Amazônia

 

Um relatório divulgado pela rede Observatório do Clima (OC) nesta terça-feira (22) sugere um caminho para que o Brasil possa reduzir em 80% as emissões anuais de Co setor energético até 2050. O estudo apresenta uma série de medidas que viabilizariam o crescimento econômico com baixa emissão de carbono, sem a necessidade de ampliar a exploração de petróleo no país.

A proposta prevê a eliminação dos subsídios aos combustíveis fósseis, a reformulação da Petrobras e mudanças no modelo energético brasileiro. Se implementadas, essas ações poderiam reduzir as emissões do setor de energia para 102 milhões de toneladas de CO₂ equivalente até 2050, em contraste com a projeção atual de 558 milhões de toneladas, mesmo considerando os compromissos climáticos vigentes.

Suely Araújo, coordenadora de políticas públicas do Observatório do Clima, afirma que essas medidas permitiriam ao Brasil ser a primeira grande economia a sequestrar mais carbono do que emite até 2045. “Isso demonstra que podemos reverter rotas equivocadas e tornar o Brasil um país carbono negativo”, afirmou.

Diretrizes Propostas

Entre as principais diretrizes estão o aumento do uso de energias renováveis, como solar e eólica, associadas a tecnologias de armazenamento, além do desenvolvimento da indústria de hidrogênio verde e a eletrificação do transporte público coletivo, priorizando-o em relação ao transporte individual nas cidades. O estudo também recomenda redirecionar os subsídios atuais dos combustíveis fósseis para iniciativas de transição energética, além de encerrar a expansão de novas áreas de exploração de petróleo, como a Foz do Amazonas.

A Petrobras, segundo o estudo, deveria passar por um processo de transformação gradual, com a redução da produção de petróleo e um foco maior em fontes de energia de baixo carbono, mantendo seu valor de mercado.

Impactos Sociais e Ambientais

Embora o foco seja a descarbonização, o estudo alerta para os potenciais impactos socioambientais da transição para energias renováveis e a mineração de metais essenciais, como lítio e cobre. Esses impactos podem incluir conflitos em territórios de comunidades tradicionais, subempregos mal remunerados e contratos abusivos em áreas de implementação de projetos energéticos.

Para que a transição energética seja justa, o estudo defende a participação ativa das comunidades afetadas e a criação de um marco regulatório robusto que proteja essas populações e o meio ambiente. “O Brasil deve desenhar políticas que promovam uma convivência harmoniosa e controlada com os projetos de energia renovável e exploração mineral”, ressalta o documento.

Setores-Chave

O transporte de passageiros, um dos maiores emissores de gases de efeito estufa no país, é identificado como uma área com grande potencial para rápida redução de emissões. Entre as medidas sugeridas estão a substituição da gasolina por etanol em veículos flex e a eletrificação gradual da frota. O transporte de cargas, entretanto, apresenta mais desafios devido aos altos custos de eletrificação de veículos pesados, o que demandaria um processo mais lento.

Expectativas

As medidas propostas no estudo buscam não só reduzir as emissões, mas também combater a pobreza energética e aumentar a eficiência na produção de energia no Brasil. Ao focar na transição para um setor energético mais sustentável, o país pode equilibrar crescimento econômico e justiça climática, sem a necessidade de expandir a exploração de petróleo.


Edição atual da Revista Amazônia

Assine nossa newsletter diária