No dia 7 de Novembro de 2025, a Fundação Rosa Luxemburgo e a Editora Funilaria irão promover em São Paulo o lançamento da edição brasileira da obra “Alemanha limpa, Sul explorado: os custos da transição energética alemã para o mundo”, paralelamente à estreia da coleção “Politizando o Clima: poder, territórios e resistências”. A atividade acontecerá das 16h às 18h30, no Centro de Pesquisa e Formação do SESC, localizado na Rua Dr. Plínio Barreto, 285 – 4º andar, Bela Vista, em São Paulo. A entrada é gratuita e aberta a todos os interessados.

A publicação base desta iniciativa provém da edição alemã realizada pela Rosa‑Luxemburg‑Stiftung, que se debruça sobre as contradições contidas na política energética alemã e o impacto que esse modelo exerce sobre países do Sul Global – com estudos de casos em México, Indonésia, Sérvia, Namíbia, Chile e Brasil. O prefácio identifica o padrão como “colonialismo verde”: isto é, uma configuração de relações de poder e extração que se replica sob o rótulo de neutralidade de carbono.
Ao investigar a mineração de cobre, níquel e lítio, bem como projetos de hidrogênio verde, o texto demonstra que o que se apresenta como “solução climática” pode, na prática, reproduzir — em nova roupagem — lógicas de exploração de recursos naturais, dependência econômica e violação de direitos humanos que marcaram fases anteriores de expansão capitalista. No capítulo dedicado ao Brasil, a obra analisa criticamente como os acordos e os investimentos alemães no setor de energia e hidrogênio no país reverberam implicações neocoloniais.

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O lançamento dessa edição no Brasil não se limita à formalidade editorial. Ele marca também a abertura de um debate urgente: se a transição energética global pode realmente ser justa e equitativa, ou se está simplesmente replicando relações assimétricas entre Norte e Sul. A nova coleção “Politizando o Clima: poder, territórios e resistências” assume esse desafio, reunindo pesquisadores e pesquisadoras que investigam as dimensões de classe, raça, gênero e espacialidade nos processos energéticos e climáticos contemporâneos. Nesse sentido, o evento será um espaço de diálogo entre vozes diversas e críticas, que buscam desmontar a retórica técnica e revelar as implicações políticas da “transição”.
Entre os participantes do debate estão Alexandra Montgomery, diretora de Programas da Anistia Internacional Brasil; Anna Fünfgeld, pesquisadora do grupo de excelência CLICCS da Universidade de Hamburgo; Gabriel Strautman, economista e mestre em Planejamento Urbano e Regional pelo IPPUR/UFRJ; e Fabrina Furtado, professora do CPDA/UFRRJ. A mediação estará a cargo de Luís Brasilino, jornalista e editor do Le Monde Diplomatique Brasil.
Do ponto de vista interpretativo, esse lançamento funciona como um espelho crítico: ele lança luz sobre a forma como países do Norte global podem transferir os custos ambientais, sociais e de direitos humanos para países do Sul enquanto projetam externamente uma imagem de “liderança” climática. A transição energética, quando desvinculada de diálogos estruturados sobre poder e sobre compensação real, corre o risco de manter, ou até reforçar, estruturas de dominação. A obra e a coleção que o acompanham propõem justamente virar esse espelho: fazer com que os territórios historicamente vulnerabilizados ganhem voz — e que o debate climático incorpore de fato as dimensões destes impactos.
Além disso, o evento evidencia a importância de tornar visível o entrelaçamento entre energia, justiça e economia política. Em vez de enxergar a transição só como tecnologia, metas ou mercados de carbono, o lançamento destaca que ela se dá em um ambiente de relações políticas e de poder que atravessam fronteiras, classes e geografias. A edição brasileira, ao ser lançada em São Paulo, conecta o debate global à realidade local, oferecendo um ponto de inflexão para repensar quais caminhos são seguidos na implementação de soluções climáticas — e para quem essas soluções realmente funcionam.
Finalmente, a iniciativa abre uma janela para ação: o lançamento não é apenas acadêmico ou simbólico — ele convida o público para refletir, participar e responder à pergunta: quem está pagando o preço da transição energética? E quais alternativas são possíveis? Ao posicionar o evento como parte de uma coleção que entende a crise climática como um terreno de luta por poder, territórios e resistências, ele reafirma que justiça climática não pode ser subordinada apenas a parâmetros técnicos ou econômicos — ela exige análise, mobilização e transformação real.
Serviço
Data: 7 de novembro de 2025
Horário: 16h às 18h30
Local: Centro de Pesquisa e Formação do SESC — Rua Dr. Plínio Barreto, 285 – 4º andar, Bela Vista, São Paulo – SP
Publicação: Alemanha limpa, Sul explorado: os custos da transição energética alemã para o mundo
Também será lançado: Coleção Politizando o Clima: poder, territórios e resistências
Atividade gratuita
Realização: Fundação Rosa Luxemburgo e Editora Funilaria








































