O setor de transporte brasileiro terá presença estratégica na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada em Belém, em novembro. O Sistema Transporte confirmou participação tanto na Blue Zone, espaço oficial de negociações entre governos, quanto na Green Zone, aberta a sociedade civil, empresas e organizações.

A instituição, que reúne a Confederação Nacional do Transporte (CNT), o SEST SENAT e o Instituto de Transporte e Logística (ITL), promoverá quatro painéis reconhecidos pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA). A agenda, divulgada recentemente pelo governo federal, reforça o protagonismo do setor no debate global sobre descarbonização e transição energética.
Segundo Vander Costa, presidente da CNT e líder do Sistema Transporte, a participação consolidada é fruto de um esforço contínuo iniciado na COP27, em 2022. “Sabemos do potencial do transporte para acelerar a transição energética do país e temos trabalhado para que o setor seja parte central desse debate”, afirmou.
Uma agenda para acelerar a transição
Os quatro painéis abordam temas considerados estratégicos para enfrentar a crise climática e alinhar o transporte brasileiro às metas globais. Três deles acontecerão na Blue Zone, e um na Green Zone:
Infraestrutura Resiliente e Adaptação Climática no Transporte (10/11) – Voltado a discutir como rodovias, ferrovias, portos e hidrovias podem se preparar para os impactos de eventos extremos, como enchentes e deslizamentos. O debate trará exemplos de políticas nacionais e inovações do setor privado, incluindo soluções de infraestrutura verde e digitalização.
Financiamento Verde e Políticas Econômicas para o Transporte Sustentável (14/11) – Realizado na Green Zone, destacará instrumentos financeiros como debêntures, green bonds e títulos verdes soberanos. O objetivo é ampliar o acesso de empresas do setor a recursos para projetos de baixo carbono.
Pactos Multiníveis para a Descarbonização do Transporte (14/11) – Enfatizará a importância da governança climática participativa, com arranjos que unam governos, empresas e sociedade civil. Experiências como o programa Despoluir, o Hub de Biocombustíveis e a Aliança pelo Transporte Sustentável na Amazônia estarão em pauta.
Múltiplas Soluções para a Descarbonização do Transporte (15/11) – Reunirá iniciativas que exploram biocombustíveis, eletrificação e hidrogênio de baixo carbono, ressaltando o papel do Brasil como líder em inovação energética e logística.
Essa programação reforça a visão do setor de que a transição energética não depende de uma única alternativa, mas de um conjunto integrado de soluções.

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Estação do Desenvolvimento: vitrine do setor
Além dos painéis oficiais, o Sistema Transporte terá espaço próprio na conferência: a Estação do Desenvolvimento, estrutura de 4.000 m² com dois palcos e 13 estandes. A expectativa é receber até 12 mil pessoas ao longo dos 12 dias da COP30.
O espaço será uma vitrine para mostrar a transversalidade do transporte, setor que sustenta cadeias como agricultura, indústria e comércio, mas que também é um dos maiores emissores de gases de efeito estufa (GEE). A proposta é dialogar com governos, empresas e sociedade sobre inovações, investimentos e políticas capazes de reduzir emissões e garantir uma transição justa.
Desafios e soluções para o transporte brasileiro
A agenda climática no transporte exige enfrentar desafios estruturais. Entre eles estão a necessidade de modernizar frotas, expandir a multimodalidade, reduzir a dependência de combustíveis fósseis e incentivar tecnologias limpas.
O Sistema Transporte aposta em três frentes principais:
Mudanças estruturais – como renovação da frota e integração entre modais.
Inovações tecnológicas – incluindo biocombustíveis avançados, eletrificação e digitalização da logística.
Transformação comportamental – investindo em capacitação de motoristas e gestores, além de campanhas de conscientização.
Esse tripé já orienta programas como o Despoluir, que desde 2007 promove ações de controle de emissões em veículos, alcançando 18 anos de atuação em 2025.
Um papel articulador no debate climático
Ao chegar à COP30, o Sistema Transporte se apresenta não apenas como representante de um setor econômico, mas como um articulador de políticas climáticas. Sua atuação integra governos, empresas e trabalhadores em uma agenda comum: reduzir as emissões sem comprometer a competitividade e a inclusão social.
Essa postura reflete o reconhecimento de que o transporte é, ao mesmo tempo, parte do problema e da solução para a crise climática. E a participação ativa na conferência reforça a mensagem de que, para o Brasil cumprir suas metas climáticas, o setor precisa estar no centro da transição energética.










































