Já imaginou ouvir passos no telhado de madrugada e, ao investigar, descobrir que o visitante não era um gato, mas sim uma mucura? Esse marsupial, também conhecido como gambá-de-orelha-branca, é um dos animais mais adaptáveis que existem e, por isso, vem se tornando presença frequente nas áreas urbanas. Apesar de sua aparência peculiar e da fama de assustadora, a mucura guarda curiosidades surpreendentes que ajudam a entender por que ela aparece tão perto das casas.

A mucura e sua presença nas cidades
A mucura não se limita a florestas ou regiões afastadas. Ela encontrou nas cidades um novo território para viver, e isso não aconteceu por acaso. A redução das áreas de mata, o avanço da urbanização e a abundância de recursos disponíveis nos quintais humanos são fatores que atraem esse animal. Muitas vezes, ela prefere o forro de uma casa ou um sótão a um buraco na mata, simplesmente porque encontra proteção e alimento com mais facilidade.
Quando pensamos em “invasão” de animais silvestres, é comum esquecer que, na verdade, somos nós que estamos ocupando o espaço deles. A mucura apenas se adapta. Ela se destaca justamente por essa capacidade de sobreviver tanto em ambientes rurais quanto urbanos, ajustando sua rotina de forma impressionante.
Animal noturno com hábitos oportunistas
Uma das principais curiosidades da mucura é o seu hábito noturno. Enquanto a cidade dorme, ela começa sua rotina de exploração. Essa característica faz com que seja raro encontrá-la em plena luz do dia, mas explica os ruídos estranhos que muita gente ouve à noite nos telhados.
Seu oportunismo alimentar também é marcante. A mucura não desperdiça nenhuma chance de se alimentar. Se encontrar uma árvore frutífera no quintal, vai aproveitar; se topar com restos de comida no lixo, também. Essa versatilidade garante sua sobrevivência em diferentes cenários. Por isso, muitas vezes, o que ouvimos como “perturbação noturna” é apenas o animal procurando alimento em silêncio — ou nem tanto.
O que atrai a mucura para quintais e casas
Lixo mal acondicionado, ração de pets esquecida do lado de fora, frutas caídas no quintal ou até mesmo água acumulada em recipientes podem atrair a mucura. Ela enxerga nesses elementos um verdadeiro banquete. E, ao contrário do que muitos imaginam, sua presença não está necessariamente ligada à sujeira: basta oferecer oportunidade e ela aparece.
Esse hábito explica também por que a mucura é vista em bairros de diferentes classes sociais. Não importa se é uma região periférica ou um condomínio de luxo, se houver comida disponível e um telhado acessível, ela encontrará o caminho.
Defesa peculiar que causa espanto
A cena é inusitada: ao ser surpreendida, a mucura simplesmente cai no chão e permanece imóvel, com a boca aberta e a língua para fora. Esse comportamento, chamado de tanatose, é uma forma de enganar predadores, fingindo-se de morta. O curioso é que a estratégia é tão convincente que até mesmo cães e gatos desistem de atacá-la.
Essa habilidade gera espanto em quem presencia. Para muitos, parece até uma encenação teatral. E é justamente essa característica que garantiu a sobrevivência da espécie em ambientes cheios de perigos.
Aliada inesperada no controle de pragas
Por mais contraditório que pareça, a mucura pode ser considerada uma ajudante na rotina urbana. Sua dieta inclui insetos, pequenos roedores e até escorpiões, pragas que trazem riscos reais para os humanos. Em outras palavras, quando uma mucura circula pela vizinhança, há grandes chances de ela estar controlando populações que poderiam se transformar em problemas sérios.
Embora a primeira reação de muitas pessoas seja de medo ou nojo, entender que o animal cumpre um papel importante no equilíbrio urbano ajuda a enxergá-lo de forma menos negativa.
Resistência surpreendente a venenos e doenças
Poucos sabem, mas a mucura possui resistência incomum a venenos de cobras, incluindo a cascavel. Isso significa que, na natureza, ela consegue sobreviver a ataques fatais para outros animais. Essa capacidade também a torna mais apta a enfrentar os desafios da vida nas cidades, onde doenças e perigos são constantes.
A resistência natural é resultado de um processo evolutivo que confere a esse marsupial uma vantagem impressionante. Não é à toa que, mesmo em ambientes adversos, sua população se mantém estável.
Senso de sobrevivência herdado da evolução
Outro traço marcante é o instinto maternal da mucura. Como marsupial, ela carrega os filhotes em uma bolsa abdominal, garantindo proteção total nos primeiros meses de vida. Essa estratégia evolutiva aumenta as chances de sobrevivência da prole em ambientes hostis.
Esse cuidado extremo é um dos motivos pelos quais a mucura busca refúgios seguros em áreas urbanas, como telhados e forros. O instinto de proteger os filhotes é mais forte do que o risco de conviver próximo aos humanos.
Como conviver com esse visitante inesperado
Apesar dos benefícios indiretos, muitas pessoas preferem manter distância da mucura. Nesse caso, algumas medidas simples podem ajudar:
Vedar frestas e buracos no telhado para evitar que ela entre.
Manter o lixo fechado e fora do alcance.
Recolher frutas caídas no quintal antes que se tornem atrativos.
Não deixar ração exposta à noite, seja de cães, gatos ou aves.
Essas práticas reduzem a chance de visitas noturnas indesejadas sem prejudicar o animal. Vale lembrar que a mucura não costuma atacar pessoas. O que ela busca é abrigo e alimento.
No fundo, a presença da mucura nas cidades é um reflexo da nossa própria interferência na natureza. Aprender a reconhecer suas curiosidades e entender seus hábitos é um passo importante para lidar com esse visitante inesperado de maneira menos conflituosa. Talvez, da próxima vez que ouvir barulhos no telhado, em vez de susto, o sentimento seja de curiosidade diante de um dos marsupiais mais fascinantes do nosso continente.
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