Ela pode parecer exótica demais para quem vive rodeado de asfalto, mas a mucura é muito mais urbana do que a maioria das pessoas imagina. Enquanto muita gente acha que ela pertence só ao mato ou à floresta, a verdade é que esse animal vive lado a lado com os centros urbanos e tem hábitos bem mais interessantes (e úteis) do que o preconceito faz crer.
Mucura: o marsupial brasileiro que desafia os mitos
Conhecida cientificamente como Didelphis marsupialis, é um marsupial típico das Américas, e se adapta com facilidade aos mais diversos ambientes. No Brasil, ela é confundida com frequência com o gambá (seu parente próximo), mas há particularidades regionais e comportamentais que valem a pena conhecer — especialmente para quem vive em área urbana e pode esbarrar com uma mucura no quintal.

1. Mucura não é roedora e não transmite raiva como se pensa
Um dos maiores mitos sobre a mucura é que ela é uma roedora como o rato e que representa risco à saúde. Nada mais longe da verdade. Ela é um marsupial, da mesma ordem dos cangurus, e dificilmente transmite raiva, já que sua temperatura corporal é baixa demais para o vírus se multiplicar. Isso faz dela um dos animais mais injustiçados das cidades.
2. É uma faxineira natural de quintais e terrenos baldios
Se você tem medo, talvez mude de ideia ao saber que ela ajuda a controlar pragas. Mucuras se alimentam de caramujos, insetos, escorpiões e até filhotes de ratos. Ou seja: ela limpa o ambiente de forma silenciosa e natural, sendo uma aliada na prevenção de focos de dengue, leptospirose e outras doenças.
3. Sua cauda preênsil é uma ferramenta impressionante
A cauda da mucura parece feia, mas é uma adaptação poderosa. Ela é preênsil, ou seja, funciona quase como um quinto membro. A mucura consegue se pendurar, equilibrar e até carregar galhos ou folhas com a cauda. Isso lhe dá muita agilidade ao se locomover por muros, árvores e fiações urbanas — um verdadeiro atleta urbano.
4. Mucuras fingem de mortas (e são excelentes nisso)
A expressão “fingir de morto” tem um exemplo real e funcional deste animal. Quando ameaçada, ela entra em um estado de torpor involuntário, soltando até um cheiro forte para afastar predadores. Essa estratégia de defesa confunde inimigos e a protege. Não é à toa que a habilidade virou ditado popular.
5. São mães dedicadas com uma bolsa como cangurus
Assim como outros marsupiais, ela carrega seus filhotes na bolsa abdominal (marsúpio). Ali eles mamam e se desenvolvem até estarem prontos para sair ao mundo. Mesmo após isso, ainda é comum ver filhotes agarrados nas costas da mãe enquanto ela se movimenta pela cidade. Uma cena rara e bonita para quem vive nos centros urbanos.
6. É um animal nativo e protegido por lei
Apesar de ser caçada por medo ou repulsa, a mucura é protegida por legislação ambiental. Ela desempenha papel ecológico importante e, como nativa do Brasil, merece respeito e cuidado. Machucar ou matar mucuras pode resultar em penalidades legais, inclusive dentro de áreas urbanas.

7. Elas se adaptam facilmente à vida urbana
Mucuras são oportunistas alimentares. Isso significa que conseguem viver tanto em matas quanto em lixos, telhados e galpões urbanos, desde que encontrem abrigo e comida. Por isso, elas aparecem em bairros periféricos, terrenos abandonados ou até condomínios que fazem divisa com áreas verdes.
8. Apesar da fama feia, não atacam humanos
É comum ouvir histórias assustadoras sobre mucuras “ferozes”, mas elas são extremamente pacíficas e arredias. Quando se sentem ameaçadas, preferem fugir ou se fingir de mortas. Só podem arranhar ou morder se forem encurraladas e sem saída. Respeitar o espaço delas é o melhor caminho para convivência.
Para quem vive na cidade e se depara com uma mucura, a melhor atitude é deixar o animal seguir seu caminho. A presença dela indica um ecossistema em equilíbrio, mesmo nos centros urbanos. E mais: ela pode estar ali para resolver um problema invisível — como excesso de pragas ou restos orgânicos — sem cobrar nada por isso.
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