A Mudança de Rota da COP28: Substituição em vez de Eliminação dos Combustíveis Fósseis

Autor: Redação Revista Amazônia

A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima de 2023 (COP28), realizada em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, trouxe uma mudança significativa em seu terceiro rascunho do Balanço Global (Global Stocktake, GST). A nova versão do documento, divulgada em 11 de dezembro, substituiu a previsão de eliminar o uso dos combustíveis fósseis por uma proposta de “substituição” desses combustíveis.

O Contexto

As duas primeiras versões do GST previam a eliminação dos combustíveis fósseis, um avanço comemorado por organizações ambientalistas. No entanto, a pressão de grandes produtores de petróleo, como a Arábia Saudita e a Rússia, levou à retirada dessa previsão. Esses países preferem que a conferência se concentre na redução da poluição climática, em vez de eliminar completamente os combustíveis fósseis.

As Propostas

O terceiro rascunho do GST sugere uma série de medidas para combater as mudanças climáticas. Entre elas, estão a triplicação da capacidade de energia renovável em nível mundial, a redução rápida e ininterrupta do uso do carvão, a limitação de novas fontes à base de carvão e a aceleração dos esforços globais para criar sistemas com emissões líquidas zero.

Além disso, o documento propõe a aceleração de tecnologias com zero ou baixas emissões, como a energia nuclear, as energias renováveis, a produção de hidrogênio com baixo teor de carbono e a captura de carbono. O objetivo é intensificar os esforços para substituir os combustíveis fósseis nos sistemas energéticos.

A Reação

O Instituto Talanoa, uma organização que atua com políticas do clima, considera que o novo texto “quebra as expectativas” ao não apresentar um cronograma claro e ambicioso para a transição energética. Natalie Unterstell, presidente do Instituto, destacou que a nova versão veio enfraquecida por enumerar as medidas que os países “poderiam” tomar, e não que devem adotar.

A Posição do Brasil

A delegação brasileira, liderada pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, defende um texto que reduza a dependência dos combustíveis fósseis. Silva argumenta que essa redução deve ser liderada pelos países desenvolvidos e que os países em desenvolvimento devem ser adequadamente contemplados nessa corrida.

O sucesso da COP28 dependerá do texto final sobre os combustíveis fósseis. A mudança de “eliminação” para “substituição” dos combustíveis fósseis no terceiro rascunho do GST reflete as complexidades das negociações climáticas globais e a influência dos grandes produtores de petróleo. No entanto, a necessidade de ação climática urgente permanece inalterada.


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