Terras Indígenas (TIs) da Amazônia, que abrigam 27,5% das florestas maduras do bioma, são responsáveis por até 33% das chuvas anuais em Mato Grosso. Essa descoberta, feita por cientistas do Instituto Serrapilheira, destaca a relevância das TIs para a segurança hídrica e alimentar do Brasil.
Impactos na Agropecuária e na Economia
O agronegócio brasileiro, que representa 21,8% do PIB nacional em 2024, está intimamente ligado às chuvas originadas na Amazônia. Contudo, a expansão agrícola em áreas de desmatamento compromete esse ciclo essencial, agravando um déficit hídrico médio de 37% no setor.
“O setor agropecuário consome cerca de 931 litros de água da chuva por real gerado de renda”, aponta o estudo. Esse consumo elevado contrasta com a redução de 9,1% no volume de precipitações entre 2018 e 2020, alertando para o impacto do desmatamento na sustentabilidade agrícola.
O Desmatamento e Seus Efeitos
Estados como Mato Grosso e Rondônia, que se destacam na produção agropecuária, são também líderes no desmatamento desde 1985, com perdas de 32% e 34% de suas florestas, respectivamente. Essa destruição ambiental ameaça não apenas o equilíbrio ecológico, mas também a estabilidade econômica e hídrica do país.
Terras indígenas da Amazônia influenciam chuvas que abastecem o agro
Seca Extrema Afeta 9 em Cada 10 Terras Indígenas na Amazônia
A pesquisa indica que 80% das áreas agrícolas brasileiras dependem diretamente da reciclagem de água promovida pelas florestas das TIs, reforçando a necessidade de medidas urgentes para conservação.
A Urgência de Preservar as Florestas em TIs
A preservação das TIs da Amazônia é essencial para evitar uma crise hídrica e socioeconômica no Brasil. “Sem ações para frear o desmatamento e fortalecer as TIs, o Brasil pode enfrentar desafios severos no abastecimento de água”, alertam os especialistas.
Além disso, a conservação das florestas é crucial para garantir os serviços ambientais que sustentam a economia, especialmente em um contexto onde a produção agrícola é altamente dependente das chuvas.
O Futuro das TIs e a Sustentabilidade
Com base nos resultados do estudo, torna-se evidente que investir na proteção das Terras Indígenas não é apenas uma questão ambiental, mas uma estratégia para assegurar a segurança hídrica e alimentar do Brasil. Programas de reflorestamento, políticas públicas e incentivos ao manejo sustentável são essenciais para equilibrar o desenvolvimento econômico e a preservação ambiental.
“A conservação das TIs não beneficia apenas as comunidades indígenas, mas todo o país, garantindo chuvas para a agropecuária e protegendo recursos hídricos vitais”, conclui o estudo.