A Revolução Tecnológica no Campo: Como o “RG do Boi” Transforma a Pecuária Brasileira

Autor: Redação Revista Amazônia

 

O Brasil deu um importante passo em direção à modernização e à sustentabilidade no setor agropecuário com a implantação do Plano Nacional de Identificação Individual de Bovinos e Búfalos (PNIB). Popularmente conhecido como o “RG do Boi”, o sistema de rastreabilidade bovina será obrigatório até 2032 e promete trazer transformações positivas em várias áreas, como sanidade animal, sustentabilidade ambiental e atendimento a demandas do mercado externo.

A proposta é simples, mas ambiciosa: cada bovino será identificado com um dispositivo eletrônico que registrará seu histórico completo, desde o nascimento até o abate. Esta tecnologia não apenas melhorará o controle sanitário, mas também permitirá avanços significativos no combate ao desmatamento e na conformidade com padrões socioambientais exigidos por mercados globais.

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Benefícios da Rastreabilidade Eletrônica

A implantação da rastreabilidade individual traz uma série de benefícios que vão além das questões sanitárias. Com a adoção de tecnologias modernas, o “RG do Boi” transformará a cadeia produtiva da carne bovina em um exemplo de eficiência e sustentabilidade.

  1. Segurança Sanitária Avançada: A principal motivação do programa é fortalecer o controle sanitário, garantindo uma resposta rápida e eficiente a surtos epidemiológicos. Cada animal identificado com o brinco eletrônico terá seus dados armazenados em uma base central, permitindo o monitoramento detalhado de sua saúde ao longo de toda a vida. Essa medida é essencial para evitar a propagação de doenças que poderiam comprometer a segurança alimentar e as exportações brasileiras.
  2. Combate ao Desmatamento: A rastreabilidade não apenas documenta o trajeto do gado, mas também possibilita a verificação de onde cada animal foi criado. Essa funcionalidade é crucial para identificar se o gado é proveniente de áreas de desmatamento ilegal. Com a integração ao Cadastro Ambiental Rural (CAR) e à Plataforma Agro Brasil + Sustentável, os dados podem ser cruzados para garantir que a produção de carne bovina não esteja associada à degradação ambiental.
  3. Atendimento a Demandas Globais: Os mercados internacionais, como a União Europeia, têm exigido cada vez mais transparência em relação à origem dos produtos agropecuários. O “RG do Boi” posiciona o Brasil como líder em conformidade com legislações ambientais e sociais globais, ajudando o país a manter e expandir seus mercados de exportação.
  4. Valorizando a Produção Sustentável: O sistema também beneficia produtores que já adotam práticas sustentáveis, permitindo que eles demonstrem a responsabilidade socioambiental de seus produtos. Isso pode gerar uma valorização de preço para carnes certificadas como livres de desmatamento e alinhadas aos critérios internacionais.

Inovação Tecnológica e Integração

O “RG do Boi” será implementado de forma gradual até 2032, em quatro etapas principais:

  1. Desenvolvimento da Base de Dados (2025): Na primeira fase, o governo desenvolverá um sistema informatizado central para coleta, gestão e armazenamento dos dados dos bovinos.
  2. Adaptação dos Sistemas Estaduais (2026): Os estados e órgãos de sanidade agropecuária integrarão suas plataformas locais ao sistema nacional, assegurando uma troca eficiente de informações.
  3. Implantação Gradual (2027-2031): A partir de 2027, a rastreabilidade será introduzida de forma gradual, começando pelos animais submetidos a vacinas obrigatórias. A meta é atingir 100% do rebanho nacional até 2032.
  4. Operacionalização Completa (2032): Todos os bovinos que transitarem pelo território nacional deverão estar identificados com os dispositivos eletrônicos.

Superando Desafios

Embora o programa traga inúmeros benefícios, ele também enfrenta desafios, especialmente para pequenos e médios produtores. O custo da implantação de brincos eletrônicos, balanças digitais e treinamento de mão de obra pode ser significativo. Estudos indicam que, para rebanhos pequenos, o custo pode representar até 1% da receita individual do animal.

Para mitigar esses impactos, é fundamental que o governo ofereça incentivos financeiros e suporte técnico aos pecuaristas. Parcerias com o setor privado e programas de capacitação também serão essenciais para garantir o sucesso da iniciativa.

O Papel das Instituições Financeiras

A Federação Nacional dos Bancos (Febraban) está desempenhando um papel crucial na promoção de práticas sustentáveis na pecuária. Em um normativo de autorregulação, os bancos signatários exigem que frigoríficos demonstrem, até 2025, que não estão associados a desmatamento ilegal, incluindo a rastreabilidade de fornecedores indiretos. Esta iniciativa complementa o “RG do Boi”, criando um ecossistema de governança mais robusto na cadeia de produção de carne.

Perspectivas Futuras

O “RG do Boi” não é apenas uma medida regulatória; é um exemplo de como a inovação tecnológica pode resolver desafios complexos, como o controle sanitário e a sustentabilidade ambiental. Além disso, a iniciativa tem o potencial de transformar a imagem do Brasil no cenário internacional, consolidando sua posição como líder em sustentabilidade no agronegócio.

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Com a combinação de rastreabilidade, integração de dados e incentivos à produção responsável, o “RG do Boi” pode ser o catalisador para uma nova era na pecuária brasileira. O futuro aponta para uma cadeia de carne mais eficiente, transparente e alinhada às demandas do mercado global, provando que tecnologia e sustentabilidade podem caminhar juntas.

 


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