Primeira torre em floresta de várzea da Amazônia vai monitorar emissão de gases de efeito estufa


 

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O Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM), ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), inaugurou, em dezembro, a primeira torre dedicada ao monitoramento da emissão de gases de efeito estufa em florestas de várzea da Amazônia. Localizada na Reserva Mamirauá, a torre tem 48 metros de altura e se ergue acima da copa das árvores, destacando-se na paisagem amazônica.

Torre de Fluxo do Mamirauá

A “Torre de Fluxo do Mamirauá”, como foi chamada, conta com sensores que vão monitorar, por vários anos, as emissões de gases como o metano, um dos principais responsáveis pelo aquecimento global, nas florestas de várzea. Essas áreas, que são inundadas ao longo dos grandes rios da Amazônia, como os rios Solimões e Amazonas, ainda careciam de estudos específicos sobre seus impactos climáticos.

Screenshot-2025-01-09-152003 Primeira torre em floresta de várzea da Amazônia vai monitorar emissão de gases de efeito estufa

Análise dos gases de efeito estufa

De acordo com Ayan Fleischmann, pesquisador do Instituto Mamirauá e coordenador do projeto, o principal objetivo da torre é analisar o balanço de carbono e as dinâmicas dos gases de efeito estufa nessas florestas alagadas. Ele destacou que o estudo de emissões de metano nessas regiões alagadas da Amazônia representa um avanço significativo no entendimento de suas implicações climáticas.

O local escolhido para a instalação da torre é submerso por água durante metade do ano, podendo chegar a mais de quatro metros de profundidade em anos de cheia intensa. A construção da torre, que levou mais de um ano para ser planejada e executada, enfrentou desafios logísticos devido à seca extrema que impossibilitou o acesso em alguns períodos, mas foi concluída entre novembro e dezembro.

Rede FLUXNET-CH4

Screenshot-2025-01-09-152724 Primeira torre em floresta de várzea da Amazônia vai monitorar emissão de gases de efeito estufaAlém de contribuir para o avanço científico, a Torre de Fluxo do Mamirauá integra uma rede global de monitoramento ambiental. Ela faz parte da Rede FLUXNET-CH4, um banco de dados internacional de torres localizadas em diferentes ecossistemas, e também se junta ao Programa LBA (Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia), coordenado pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA). Essas redes buscam aprofundar o entendimento sobre o papel da Floresta Amazônica na regulação do clima global.

Embora existam outras torres de monitoramento na região, como a Torre ATTO, muito maior, e as torres do projeto AmazonFace, a instalação em florestas de várzea é pioneira. “Nossa torre será a primeira a focar nesses ecossistemas únicos”, afirmou Fleischmann.

O financiamento da obra veio da Fundação Gordon & Betty Moore, que garantiu os recursos para a estrutura e os equipamentos de medição de gases como metano, dióxido de carbono e vapor d’água, além de variáveis hidrometeorológicas essenciais para o estudo.

Compromisso com a comunidade local

O projeto também tem um forte compromisso com a comunidade local. As populações da região foram envolvidas desde o início, com ações de educação ambiental e programas de interação com escolas locais. Um plano de trabalho já está sendo elaborado com a escola da comunidade São Raimundo do Jarauá, que fica próxima à torre. A ideia é que os alunos possam estudar temas como clima, hidrologia e mudanças climáticas, com o objetivo de formar uma nova geração de cientistas ribeirinhos.

“Nosso objetivo é engajar a comunidade, especialmente os jovens, e proporcionar uma aprendizagem contínua sobre os temas que impactam suas vidas”, concluiu Fleischmann.