Os preços do café atingiram níveis recordes em 2024, com um aumento de 38,8% em relação à média do ano anterior, segundo dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).
Causa da alta no preço
A principal causa por trás dessa alta é o impacto das mudanças climáticas nos maiores países produtores, incluindo o Brasil, que enfrentou secas e geadas severas, especialmente no estado de Minas Gerais, maior produtor de café arábica do mundo.
O Brasil, líder global na produção e exportação de café arábica, viu sua safra 2023-2024 ser drasticamente afetada pelas condições climáticas adversas. As previsões iniciais, que apontavam um crescimento de 5,5% na produção, foram revisadas para uma queda de 1,6%. Essa redução, somada às preocupações com a safra 2024-2025, contribuiu para a disparada dos preços nos mercados internacionais, especialmente nos meses de novembro e dezembro de 2024.
Vietnã sofre consequências
Além do Brasil, o Vietnã, segundo maior produtor mundial de café, também enfrentou desafios climáticos. Uma seca prolongada no país asiático resultou em uma queda de 20% na produção e uma redução de 10% nas exportações pelo segundo ano consecutivo. A Indonésia, outro importante produtor, registrou uma queda de 16,5% na produção devido às chuvas excessivas que danificaram as plantações no início de 2023, levando a uma redução de 23% nas exportações.
Impacto nos preços e no consumidor final
Em dezembro de 2024, o café arábica, variedade de maior qualidade e preferida no mercado de grãos torrados e moídos, estava sendo negociado 58% mais caro em relação ao mesmo período do ano anterior. Já o café robusta, usado principalmente para café instantâneo e misturas, registrou um aumento de 70% nos preços. Esses aumentos já começaram a impactar os consumidores: nos Estados Unidos, o preço do café subiu 6,6%, enquanto na União Europeia o aumento foi de 3,75% em comparação com 2023.
A FAO alerta que os preços podem subir ainda mais em 2025 caso as principais regiões produtoras enfrentem novas reduções significativas na oferta. O cenário climático adverso, combinado com o aumento dos custos de transporte no primeiro semestre de 2024, tem pressionado ainda mais os preços globais do café.
Desafios para os pequenos agricultores
Os pequenos agricultores, responsáveis por 80% da produção global de café, são os mais afetados pelas mudanças climáticas e pela volatilidade dos preços. Boubaker Ben-Belhassen, diretor da Divisão de Mercados e Comércio da FAO, destacou que os altos preços atuais podem servir como um incentivo para investimentos em tecnologia e pesquisa no setor cafeeiro. “É crucial aumentar a resiliência climática dos pequenos produtores, que são a base dessa cadeia produtiva”, afirmou.
A FAO tem apoiado países produtores de café na adoção de técnicas agrícolas mais sustentáveis e resilientes ao clima, que ajudam a mitigar os efeitos das mudanças climáticas e a restaurar a biodiversidade. Essas iniciativas são essenciais para garantir a estabilidade da produção e a subsistência dos agricultores, especialmente em um cenário de incertezas climáticas e econômicas.
Cenário futuro
A combinação de fatores climáticos, logísticos e econômicos tem colocado o setor cafeeiro em alerta. Enquanto os consumidores sentem o impacto no bolso, os produtores enfrentam o desafio de adaptar suas práticas a um clima cada vez mais imprevisível. A busca por soluções sustentáveis e inovadoras será fundamental para garantir o futuro do café, um dos produtos mais consumidos e amados em todo o mundo.
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