Quando se fala em fungos na natureza, muita gente pensa logo em mofo ou doenças. Mas a ciência tem mostrado que esses microrganismos podem ser heróis ambientais, especialmente quando o assunto é limpar solos contaminados por substâncias tóxicas, como resíduos de incêndios, metais pesados ou agrotóxicos usados na agricultura.


Fungos e plantas nativas para descontaminar áreas degradadas
A toxicologista ambiental Danielle Stevenson, doutora pela University of California, virou referência mundial em regeneração ecológica após desenvolver uma técnica revolucionária que usa fungos e plantas nativas para descontaminar áreas degradadas. A inovação ganhou visibilidade após os grandes incêndios de Los Angeles em 2024, quando ela foi chamada por moradores em busca de uma solução mais acessível e ecológica para limpar seus terrenos.
Pleurotus ostreatus na natureza
A técnica desenvolvida por Stevenson utiliza o Pleurotus ostreatus, conhecido como cogumelo ostra, para decompor poluentes tóxicos no solo. Esses fungos se alimentam de matéria orgânica complexa, e isso inclui derivados de petróleo, pesticidas e outros compostos químicos que contaminam o solo e prejudicam ecossistemas inteiros.
O processo é chamado de biorremediação: um método natural que usa o metabolismo de microrganismos para transformar contaminantes em substâncias inofensivas. Stevenson associou os fungos a plantas nativas que ajudam a reestruturar o solo e criar um ambiente propício à vida, sem depender de máquinas pesadas ou produtos químicos.
E o melhor: os resultados são surpreendentes. Em apenas três meses, os níveis de contaminação por petroquímicos caíram pela metade nas áreas tratadas. Em um ano, praticamente desapareceram. Tudo isso com custo reduzido e possibilidade de aplicação por comunidades locais, sem grandes investimentos.

Aspergillus, Penicillium e Trichoderma
Outros estudos brasileiros, como o realizado por Luciane Colla e colegas da Universidade de Passo Fundo, mostram que fungos dos gêneros Aspergillus, Penicillium e Trichoderma também são eficazes na degradação de herbicidas como atrazina e simazina. Esses compostos, muito usados em plantações de milho, são conhecidos por sua toxicidade e resistência à degradação. Mas os fungos conseguem crescer e metabolizar essas substâncias, abrindo caminho para a limpeza de áreas agrícolas contaminadas.
Esperança concreta em tempos de crise ambiental
A descoberta de que “fungos bons” podem regenerar o solo oferece uma esperança concreta em tempos de crise ambiental. Combinando ciência, natureza e baixo custo, essa tecnologia pode transformar a forma como lidamos com a poluição, e quem sabe, até redefinir a relação entre seres humanos e os microrganismos invisíveis que habitam o planeta.














































