Como Belém está se preparando para receber o mundo na COP30


No coração da Amazônia, onde o aroma de açaí fresco se mistura ao som dos barcos no rio Guamá, Belém se prepara para um momento histórico: a 30ª Conferência das Partes da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), marcada para 10 a 21 de novembro de 2025. A capital do Pará, com suas cores vibrantes, mercados pulsantes e manguezais que sussurram histórias, está pronta para receber mais de 60.000 visitantes de 193 países.

Obras para COP30 Brasil Amazônia, na Cidade de Belém, no Pará. Foto: Rafa Neddermeyer/COP30 Brasil Amazônia/PR

Mas como uma cidade tão rica em cultura enfrenta o desafio de sediar um evento global? Esta notícia humanizada mergulha nos preparativos COP30 Belém, revelando investimentos em infraestrutura, o papel da sociedade civil, o impacto no turismo e empregos, além dos obstáculos e oportunidades que transformarão a cidade em uma vitrine para o mundo.

Belém pulsa com a COP30

54307781147_bcfda39acf_c-400x600 Como Belém está se preparando para receber o mundo na COP30No Mercado Ver-o-Peso, Dona Maria, 58 anos, mexe o caldeirão de tacacá enquanto conversa com clientes. “A cidade tá ficando chique, com obras por todo lado. Quero ver o mundo provando meu tacacá na COP30!”, diz com um sorriso. Seu entusiasmo reflete o espírito de Belém: uma mistura de orgulho amazônico, ansiedade pelo holofote global e esperança por um futuro mais sustentável. Desde que foi escolhida como sede em maio de 2023, Belém se mobiliza para mostrar que a Amazônia não é só um cenário – é o coração do debate climático.

Os preparativos COP30 Belém envolvem governo federal, estadual, municipal, iniciativa privada e, acima de tudo, a população local. Com obras bilionárias, capacitações e um foco em sustentabilidade, a cidade está se transformando para receber chefes de estado, cientistas e ativistas, enquanto deixa um legado para seus moradores. Vamos explorar como Belém está se preparando para esse marco.

Infraestrutura: Uma cidade em transformação

Belém está recebendo um investimento de R$ 4,7 bilhões para se preparar para a COP30, com recursos do Orçamento Geral da União, BNDES e Itaipu Binacional. Mais de 30 projetos estruturais estão em andamento, focando em mobilidade, saneamento, energia renovável e espaços públicos. Segundo o governo federal, essas obras não são apenas para o evento, mas para melhorar a qualidade de vida dos 1,5 milhão de habitantes da cidade.

54528157513_c0257847d4_k Como Belém está se preparando para receber o mundo na COP30O Mercado São Brás, revitalizado com R$ 150 milhões, foi entregue em dezembro de 2024. Com uma fachada que mistura o charme histórico com toques modernos, o mercado agora abriga feiras de bioeconomia e espaços para artesãos. “É como se Belém tivesse ganhado um novo coração”, diz o prefeito Edmilson Rodrigues. O projeto, financiado por Itaipu (R$ 90 milhões) e contrapartida municipal (R$ 60 milhões), é um símbolo do legado da COP30. Veja mais sobre bioeconomia na Revista Amazônia.

54528100244_090e27ab10_k Como Belém está se preparando para receber o mundo na COP30 54528100324_3bd9ec6745_k Como Belém está se preparando para receber o mundo na COP30 54528258570_29a6722e4a_k Como Belém está se preparando para receber o mundo na COP30O Parque da Cidade, com 88% das obras concluídas em junho de 2025, é outro destaque. Com 500 mil metros quadrados, o parque combina áreas verdes, espaços culturais e tecnologia sustentável, como painéis solares. Ele sediará a Zona Azul, onde ocorrerão as negociações oficiais da ONU, conectada ao Hangar Centro de Convenções, que passou por reformas após o G20 de 2024. “O Parque da Cidade é um presente para Belém e para o mundo”, afirma Valter Correia, Secretário Extraordinário da COP30.

54528160018_d24e6a9728_c Como Belém está se preparando para receber o mundo na COP30No Porto Futuro II, cinco armazéns da Companhia Docas do Pará estão sendo transformados em um complexo de lazer, gastronomia e bioeconomia. Com 60% das obras prontas, o projeto inclui o futuro Museu da Amazônia, que destacará a biodiversidade do Pará. Obras de saneamento, como a Bacia do Tucunduba, também avançam, atendendo demandas históricas de bairros periféricos e reforçando a infraestrutura para receber visitantes.

Investimentos privados: Um impulso coletivo

A iniciativa privada é peça-chave nos preparativos. A mineradora Vale, por meio do programa Estrutura Pará, investe em projetos como o Parque da Cidade e o Porto Futuro II. “Estamos comprometidos em deixar um legado de sustentabilidade e valorizar a cultura local”, diz Alexandre D’Ambrosio, vice-presidente da Vale. Esses investimentos, aliados a parcerias com empresas de tecnologia e turismo, estão modernizando Belém.

O setor hoteleiro enfrenta a pressão de acomodar 60.000 visitantes com apenas 18.000 leitos disponíveis atualmente. Para suprir a demanda, o governo federal destinou R$ 100 milhões do Fungetur para reformar hotéis e treinar equipes. Dois hotéis cinco estrelas estão em construção na área portuária, e a Vila dos Líderes, com 500 quartos de alto padrão, será convertida em um centro administrativo estadual pós-evento. Plataformas como Airbnb expandiram a oferta de imóveis de 700 para 25.000, incentivando moradores como João, do bairro Umarizal, a alugar suas casas. “Vou receber turistas e mostrar o que é Belém de verdade”, diz ele, animado.

Hotéis flutuantes e cruzeiros ancorados no porto do rio Guamá complementam a estratégia, trazendo uma solução criativa para a escassez de leitos. Essas iniciativas mostram que Belém está se reinventando para ser uma anfitriã à altura da COP30.

Sociedade civil: A alma da COP30

A sociedade civil de Belém está no centro dos preparativos, trazendo paixão e compromisso. O Fórum de Mudanças Climáticas de Belém, criado em 2023, reúne moradores, ONGs e lideranças comunitárias para discutir resiliência climática. Projetos como o NBCities, em parceria com o ICLEI, mapeiam riscos climáticos com a participação popular, garantindo que a COP30 seja inclusiva. “Queremos que as vozes da Amazônia sejam ouvidas”, diz Christiane Ferreira, Secretária Municipal de Meio Ambiente.

Comunidades indígenas, como os Kayapó e Munduruku, têm um papel protagonista. “A COP30 é nossa chance de mostrar como protegemos a floresta há séculos”, afirma Cacique Ana, líder Kayapó. Oficinas de capacitação em inglês, espanhol e hospitalidade estão transformando vidas. Mariana, 22 anos, do bairro Guamá, agora trabalha como guia turística após um curso do governo. “A COP30 me deu uma profissão e orgulho de ser paraense”, conta. Iniciativas como essas, apoiadas pelo WWF, preparam Belém para brilhar no cenário global.

Cultura local: O Círio de Nazaré e a identidade paraense

A COP30 não será apenas sobre clima – será uma celebração da cultura paraense. O Círio de Nazaré, maior procissão religiosa do Brasil, realizada em outubro, servirá como um “esquenta” para a conferência. Em 2025, a organização do Círio planeja integrar mensagens de sustentabilidade, com exposições sobre a Amazônia no Museu do Círio. “Vamos mostrar que nossa fé e nosso respeito pela floresta caminham juntos”, diz Ana Clara, voluntária do evento. Essa conexão cultural reforça a identidade de Belém como anfitriã única.

Artesãos, músicos de carimbó e chefs locais também estão se preparando. No Mercado São Brás, Dona Lúcia vende biojoias feitas de sementes de açaí, enquanto o grupo de carimbó Raízes do Mangue ensaia apresentações para delegações internacionais. Esses esforços mostram que a COP30 será um palco para a cultura paraense brilhar.

Turismo e empregos: Um boom econômico

A COP30 já transforma a economia de Belém. O turismo cresceu 100% no primeiro semestre de 2024, segundo o Ministério do Turismo, e a expectativa é de um impacto ainda maior em 2025. A cidade espera receber 70.000 turistas adicionais, gerando 15.000 empregos diretos e 40.000 indiretos em setores como hotelaria, transporte, gastronomia e artesanato. “Belém está no radar global”, celebra Aldo Valentim, do Ministério do Turismo.

54308892879_7af7aae8ee_k Como Belém está se preparando para receber o mundo na COP30Produtos locais ganham destaque: açaí, castanha-do-pará e pupunha estão em feiras de bioeconomia, conectando produtores a mercados internacionais. “Minhas vendas dobraram, e agora exporto para a Europa”, conta Dona Lúcia, artesã. Após a COP30, a cidade planeja manter esse impulso com pacotes turísticos para o Círio, o Mangueirão e ilhas como Marajó.

Desafios: Superando obstáculos históricos

Belém enfrenta desafios significativos. O saneamento básico, com apenas 13% da população conectada à rede de esgoto, é uma prioridade urgente. Obras como a Bacia do Tucunduba avançam, mas especialistas alertam para a necessidade de conclusão antes de novembro de 2025. “Não queremos obras inacabadas ou legados vazios”, diz um relatório da Nature.

54528257780_3d1a62b518_k Como Belém está se preparando para receber o mundo na COP30A capacidade hoteleira preocupa delegações internacionais, com telegramas diplomáticos apontando dificuldades logísticas. O governo respondeu com parcerias regionais, incluindo Ananindeua, e controles contra preços abusivos, como hotéis cobrando até R$ 2 milhões por diárias. Um Termo de Compromisso assinado em abril de 2025 regula o setor imobiliário, garantindo ética.

As mudanças climáticas também desafiam Belém. Um estudo da Woodwell Climate prevê temperaturas “úmidas” extremas e risco de inundações, exigindo obras de adaptação, como barreiras fluviais. Esses desafios, porém, são vistos como oportunidades para investir em resiliência climática.

Oportunidades: Um legado para a Amazônia

54528258905_f62717c182_c Como Belém está se preparando para receber o mundo na COP30A COP30 coloca Belém como referência global em sustentabilidade. O Tropical Forest Forever Facility, proposto pelo Brasil, pode atrair bilhões para a conservação da Amazônia, com Belém como centro de implementação. “Será a COP da ação, não só da promessa”, diz Helder Barbalho, governador do Pará.

54528258780_4d8113e97b_k Como Belém está se preparando para receber o mundo na COP30

54276414200_2531df2df7_c Como Belém está se preparando para receber o mundo na COP30 54276230254_3f23111f45_c Como Belém está se preparando para receber o mundo na COP30O evento também consolida Belém como destino turístico, com o potencial de atrair visitantes para além de 2025. A visibilidade global destaca a culinária, o artesanato e a cultura paraense, enquanto obras de infraestrutura deixam um legado de mobilidade e saneamento. “Belém será a capital do clima”, afirma Elizabete Grunvald, da Associação Comercial do Pará.

Segurança e sustentabilidade: Prioridades da COP30

A segurança da COP30 segue o modelo de grandes eventos, como a Rio-2016, com integração de forças federais, estaduais e municipais. A Marinha reforçará operações fluviais, e a cibersegurança protegerá comunicações com padrões internacionais. “Belém será um espaço seguro e democrático”, garante Nilza de Oliveira, coordenadora de segurança.

A sustentabilidade é o cerne do evento. A COP30 usará energia renovável, reciclagem total e compensação de carbono, com consultorias para minimizar impactos. “Queremos inspirar o mundo com uma COP verde”, diz Valter Correia.

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