A pouco mais de 80 dias da COP30 em Belém, o embaixador André Corrêa do Lago, presidente da conferência, emitiu um alerta sério: quase 80% dos países signatários do Acordo de Paris não atualizaram suas metas de redução de emissões, conhecidas como NDCs. O aviso, feito em sua sexta carta à comunidade internacional, soa como um chamado urgente para a ação, destacando um impasse crítico no combate global ao aquecimento.

O Acordo de Paris, que completa dez anos em 2025, estabeleceu a meta de limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais. Para alcançar esse objetivo, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) estima que as emissões de gases do efeito estufa precisam ser reduzidas em 57% até 2035. No entanto, a falta de atualização das NDCs por quatro em cada cinco países sugere que o compromisso está longe de ser cumprido.
“Nenhuma ação é demonstração mais forte de compromisso com o multilateralismo e com o regime climático do que as NDCs”, escreveu Corrêa do Lago, enfatizando que essas metas são a prova do comprometimento dos governos com seus próprios povos e com a agenda global.

“Acelerando o passo” consultas antecipadas e o caminho para a COP30
Diante do desafio, o Brasil, como presidência da COP30, está adotando uma estratégia inovadora. Pela primeira vez, consultas sobre os temas centrais da conferência, que tradicionalmente só ocorrem durante o evento, foram antecipadas. Corrêa do Lago anunciou o início das “Consultas da Presidência da COP30” para acelerar o progresso em questões-chave, como mitigação, adaptação, financiamento e transição justa.
O objetivo é criar um espaço transparente e previsível para que os países possam alinhar suas prioridades antes mesmo de chegarem a Belém. Essas consultas serão realizadas online e presencialmente em Nova York e Brasília, buscando um consenso que, de outra forma, ficaria preso nas negociações intensas da conferência. A iniciativa demonstra o esforço da presidência brasileira em garantir que a COP30 seja mais do que um evento, mas um ponto de virada na resposta global à crise climática.
A urgência do momento é palpável: o relógio da crise climática não para, e a esperança de evitar um “ponto de não retorno” depende do cumprimento das promessas feitas. A bola agora está com os 197 países para mostrarem, através de suas metas, que estão dispostos a agir.
saiba mais:COP30 em xeque com ausência dos EUA e pressão global por financiamento climático







































