A Amazônia voltou ao centro das atenções globais após uma decisão histórica dos nove países que compartilham o bioma. Reunidos em Bogotá no dia 22 de agosto de 2025, os presidentes e representantes do Tratado de Cooperação Amazônica (TCA) anunciaram apoio unânime à criação do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), mecanismo financeiro internacional que será lançado oficialmente durante a COP30, em Belém.

A proposta, desenhada inicialmente por Brasil e Colômbia, busca garantir recursos estáveis e previsíveis para a conservação, restauração e o uso sustentável das florestas tropicais, com foco especial na Amazônia. O TFFF foi concebido para ser complementar a outros mecanismos já existentes, como fundos climáticos multilaterais, mas com a vantagem de nascer a partir da experiência dos próprios países que vivem na floresta.
Um pacto sul-americano pela floresta
Assinaram o comunicado oficial Brasil, Peru, Colômbia, Bolívia, Equador, Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa. Unidos pela urgência de frear o desmatamento e restaurar áreas degradadas, esses países se comprometem a estruturar um fundo inovador, baseado em resultados concretos e na valorização dos serviços ecossistêmicos prestados pelas florestas em pé.
A meta é clara: remunerar nações que conseguirem reduzir o desmatamento e ampliar a cobertura florestal, assegurando que comunidades locais e povos indígenas recebam compensações proporcionais pelo papel que desempenham na conservação.
Ao contrário de outros fundos desenhados no Norte Global, o TFFF nasce do Sul, com voz ativa dos países amazônicos. É, portanto, também um gesto político: mostra que a região está disposta a liderar, e não apenas a esperar promessas internacionais.
O lançamento do fundo está previsto para acontecer na COP30, marcada para novembro de 2025 em Belém. Mais do que um evento simbólico, trata-se de posicionar a Amazônia como palco central do debate climático.
A cidade paraense receberá chefes de Estado, negociadores e organizações de todo o mundo. O objetivo é fazer do encontro não apenas mais uma conferência, mas um marco na construção de compromissos reais. O anúncio do TFFF será uma oportunidade de apresentar à comunidade internacional um instrumento robusto, nascido de cooperação regional, e apto a mobilizar recursos públicos e privados.

O papel das comunidades tradicionais
Um dos pontos mais inovadores do TFFF é o reconhecimento explícito do papel dos povos indígenas, ribeirinhos, seringueiros e comunidades locais. A governança do fundo prevê que parte dos recursos seja destinada diretamente a iniciativas comunitárias, garantindo meios de vida sustentáveis e reforçando práticas tradicionais de manejo florestal.
Esse desenho rompe com a lógica centralizadora de alguns fundos internacionais, nos quais o dinheiro muitas vezes não chega a quem realmente protege a floresta. Ao priorizar os atores locais, os países amazônicos sinalizam que a justiça climática e a inclusão social são elementos indissociáveis da conservação.
Os líderes também ressaltaram que o novo fundo não concorre, mas se soma a iniciativas como o Acordo de Paris, a Convenção sobre Diversidade Biológica e a Agenda 2030 da ONU. O TFFF é mais um elo em uma corrente de esforços, mas com a vantagem de responder diretamente às especificidades da região amazônica.
Além disso, o comunicado incentiva bancos de desenvolvimento, organismos multilaterais, filantropia e setor privado a contribuírem para a capitalização inicial do fundo. A expectativa é que aportes sejam anunciados já em Belém, durante a COP30.
O TFFF surge em um momento crítico. Estudos indicam que a Amazônia pode estar próxima de um ponto de não retorno, no qual áreas desmatadas e degradadas perdem a capacidade de regeneração. Nesse cenário, a iniciativa é vista como um instrumento capaz de transformar o discurso em ação, garantindo meios financeiros estáveis para a região.
Mais do que um mecanismo técnico, o fundo representa uma aposta política na cooperação entre países do Sul Global. E uma mensagem ao mundo: a Amazônia não é apenas palco da crise climática, mas também do nascimento de soluções originais e corajosas.
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