Áreas protegidas impulsionam renda sustentável e fortalecem comunidades no Pará


O Dia da Amazônia, celebrado em 5 de setembro, é um convite para refletir sobre a importância da maior floresta tropical do mundo e o papel estratégico da Amazônia para o clima, a biodiversidade e a cultura dos povos que nela vivem. No Pará, o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio) tem assumido protagonismo ao mostrar que conservar a floresta pode ser também um motor de desenvolvimento sustentável.

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A instituição administra diversas Unidades de Conservação, articulando proteção ambiental com iniciativas que fortalecem a bioeconomia e o ecoturismo. Para o presidente do órgão, Nilson Pinto, a conservação não se limita a manter árvores em pé: é uma estratégia que valoriza as riquezas naturais do Estado e gera oportunidades para comunidades locais.

A Floresta Estadual de Faro, no oeste paraense, tornou-se exemplo de como turismo e conservação podem caminhar juntos. Segundo o analista de planejamento em turismo do Ideflor-Bio, Deoclécio Júnior, o contato dos visitantes com a fauna e a flora desperta consciência ambiental e cria experiências educativas. Ao mesmo tempo, o manejo controlado das atividades turísticas favorece a fiscalização do território, envolvendo os próprios moradores tradicionais na gestão compartilhada.

Esse modelo transforma os habitantes locais em guardiões da floresta, capazes de coibir práticas ilegais e reforçar a cultura da preservação. O ecoturismo, nesse contexto, não é apenas uma fonte de renda, mas um mecanismo de defesa da Amazônia.

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Área de proteção ambiental no Pará – Reprodução

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Bioeconomia e o ciclo da castanha-do-pará

Outro exemplo está na Floresta Estadual do Trombetas, que abrange os municípios de Oriximiná, Óbidos e Alenquer. Ali, a economia gira em torno da coleta da castanha-do-pará, atividade que movimenta mercados e protege os castanhais nativos.

Para a presidente da Associação Mista Agrícola Extrativista dos Moradores da Comunidade do Jamaracaru e Região (Acaje), Sidiane Sampaio, a coleta de sementes une renda e conservação. O trabalho comunitário garante a regeneração natural da floresta e fortalece a identidade extrativista.

A inovação também vem das mulheres extrativistas que produzem biojoias a partir de matérias-primas como coco babaçu, semente de cumaru e castanha. Esses produtos carregam não apenas valor econômico, mas também cultural, traduzindo em arte a relação ancestral com a floresta.

Conhecimento ancestral e protagonismo indígena

Na Terra Indígena Alto Rio Guamá, a conservação se fortalece com o trabalho da Associação das Mulheres Indígenas do Gurupi (AMIG). Lideradas pelas mulheres da etnia Tembé, as ações unem saberes tradicionais ao extrativismo sustentável.

Segundo Jalva Braga, analista do Ideflor-Bio que apoiou a criação do projeto, a floresta fornece os recursos para a vida cotidiana e para a confecção de produtos que carregam a identidade cultural do povo Tembé. A coleta de sementes, além de sustentar a produção artesanal, contribui para recuperar áreas degradadas e manter o território vivo.

Essas sementes são utilizadas tanto em processos de restauração florestal quanto em biojoias e artefatos rituais, que reafirmam a espiritualidade e a resistência cultural indígena. A renda obtida reforça a autonomia das mulheres e a preservação de práticas tradicionais.

As iniciativas apoiadas pelo Governo do Pará mostram que áreas protegidas não precisam ser vistas como entraves ao desenvolvimento. Pelo contrário, podem gerar renda, educação ambiental e fortalecimento cultural.

A bioeconomia e o ecoturismo revelam-se caminhos estratégicos para que a floresta permaneça em pé, enquanto garante bem-estar para quem dela depende. O futuro da Amazônia passa por iniciativas como essas, que unem ciência, tradição e políticas públicas na construção de um modelo de prosperidade sustentável.