III Congresso Técnico do Simineral: mineração na Amazônia debateu COP30 e sustentabilidade


A Amazônia foi palco de um debate crucial sobre o futuro da mineração diante das mudanças climáticas e da pressão por práticas mais responsáveis. No último dia 16 de setembro, Santarém (PA) sediou o III Congresso Técnico do Simineral, que teve como tema central “Rumo à COP: Governança e Sustentabilidade na Amazônia”. O encontro reuniu empresários, autoridades públicas, pesquisadores, organizações da sociedade civil e representantes internacionais para discutir o papel do setor mineral em um mundo que caminha para a transição energética e a neutralidade de carbono.

Reprodução

Abertura e lideranças

A cerimônia de abertura contou com a presença de Anderson Baranov, presidente do Simineral e CEO da Norsk Hydro Brasil, Rodolpho Zahluth, secretário adjunto de Gestão e Regularidade Ambiental da SEMAS, e Zé Maria Tapajós, prefeito de Santarém. A composição dos nomes já sinalizou a proposta de diálogo entre setor produtivo, poder público e sociedade local.

O primeiro grande debate foi conduzido por Marcello Brito, enviado especial da COP30 e secretário executivo do Consórcio da Amazônia. O painel “Amazônia Legal rumo à COP30” colocou a região no centro das discussões globais sobre clima, reforçando o protagonismo que Belém exercerá ao sediar a conferência da ONU em 2025.

951772-mineradora_19-1-400x239 III Congresso Técnico do Simineral: mineração na Amazônia debateu COP30 e sustentabilidade

SAIBA MAIS: Créditos de carbono na Amazônia Brasileira estão ligados à mineração em mais da metade das áreas

Painéis estratégicos

A programação do congresso foi desenhada para abarcar os principais eixos da agenda climática e mineral. No Painel 1 | COP30: Construindo Agendas para o Pará e para o Brasil, moderado por Ana Carolina Alves (Simineral/Vale), estiveram nomes como Raul Jungmann (IBRAM), Alex Carvalho (FIEPA), Anderson Baranov (Simineral/Hydro) e Rodolpho Zahluth (SEMAS). O objetivo foi alinhar prioridades regionais com compromissos nacionais.

O Painel 2 | Descarbonização com a Mineração trouxe discussões sobre minerais críticos para a transição energética, créditos de carbono e conservação florestal. Participaram Janaína Donas (ABAL), Rodrigo Lauria (Vale), Rodolpho Zahluth (SEMAS) e Miguel Castro (OCDE), reforçando a ideia de que a mineração pode ser parte da solução climática se incorporada a estratégias de baixo carbono.

No Painel 3 | Mineração Irregular x Mineração Sustentável, o embate entre atividades ilegais e a mineração formal ganhou espaço, com a participação de Larissa Rodrigues (Instituto Escolhas), Eduardo Leão (G Mining), Adriano Espeschit (Belo Sun), Marcelo Moreno (SEMAS) e o general Vendramin (Comando Militar do Norte). A discussão expôs o impacto da ilegalidade e destacou a importância da governança regulatória.

Já o Painel 4 | Mineração e Desenvolvimento Econômico-Social teve enfoque em investimentos sociais, diálogo com comunidades e transição justa. Nomes como Dra. Herena Maués (MPE), Dr. Paulo de Tarso (MPF), Vladimir Moreira (MRN) e Aldo Lenzi (Ero Copper) debateram a mineração como vetor de desenvolvimento, mas também de responsabilidade comunitária.

O Painel 5 | Beyond Compliance apresentou experiências de empresas que vão além do cumprimento das normas legais, com a presença de Miguel Castro (OCDE), Henrique Anadan (Alcoa) e Rafael Benke (Proativa Results). A proposta foi mostrar boas práticas que podem inspirar políticas públicas e novos padrões de responsabilidade empresarial.

A Carta de Santarém

O congresso foi encerrado com a assinatura da Carta de Santarém, documento que oficializou a criação de um banco de dados setorial para subsidiar políticas públicas e fortalecer a governança da mineração no Pará. A iniciativa, fruto de parceria entre o Simineral e a SEMAS, foi apresentada como legado do encontro e instrumento de preparação para a COP30.

Mineração e futuro climático

O III Congresso Técnico do Simineral ocorreu em um momento estratégico: a menos de um ano da COP30 em Belém, a mineração brasileira buscou mostrar que pode contribuir para as metas climáticas globais sem abrir mão da geração de empregos e do desenvolvimento econômico. Santarém foi, assim, o ponto de encontro onde discursos, experiências e compromissos começaram a desenhar o papel da Amazônia e da mineração na transição para uma economia de baixo carbono.