Virada Sustentável reúne arte, povos indígenas e inovação urbana


A Virada Sustentável chega à sua 15ª edição em São Paulo com um legado que ultrapassa fronteiras. O maior festival de sustentabilidade da América Latina, que já percorreu diferentes cidades brasileiras desde sua criação, retorna à capital paulista entre os dias 17 e 21 de setembro com uma proposta ousada: transformar a cidade em um grande palco para arte, reflexão e ativismo socioambiental.

Paulo Pinto/Agência Brasil

O evento acontece em um momento simbólico. Em novembro, o Brasil sediará a COP30 em Belém, e a celebração dos 15 anos da Virada reforça a centralidade do país no debate climático global. O festival, realizado em parceria com a Organização das Nações Unidas (ONU) no Brasil, quer mais do que reunir atividades culturais: busca provocar novas formas de pensar consumo, cidades, desigualdade e a relação entre humanidade e natureza.

Um museu vivo da sustentabilidade

No Centro Cultural São Paulo (CCSP), a programação vai além da exibição de obras. Uma exposição do fotógrafo Araquém Alcântara, pioneiro da fotografia de natureza no país, apresenta imagens emblemáticas que se tornaram ícones da preservação ambiental. O espaço também recebe shows, como o da cantora Mariana Aydar, e exibe o filme “A Melhor Mãe do Mundo”, dirigido por Anna Muylaert.

O CCSP ainda será palco do Fórum Virada Sustentável, que reunirá especialistas e ativistas para debater cidades, sociedade e economia a partir de uma perspectiva sustentável. Nomes confirmados incluem Maria Beatriz Nogueira, representante do Acnur, Rodrigo Perpétuo, secretário executivo do ICLEI América do Sul, e Kamila Camilo, fundadora do Instituto Oya e da Creators Academy.

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Rovena Rosa/Agência Brasil

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As artes visuais têm destaque nesta edição. Obras de coletivos como Lixomania e Oxil trazem o grafite e o pixo para a pauta da sustentabilidade. Já a instalação “Insalubre”, de SpParis, denuncia o impacto socioambiental da indústria da fast fashion, estimulando reflexões sobre consumo e resíduos.

O mural criado pelo artista Mundano também chama a atenção. Localizado na Rua Jaceguai, a obra é uma homenagem aos catadores e catadoras de materiais recicláveis. Mais do que um tributo, o mural foi feito com tintas de cinzas de florestas queimadas e argilas coletadas em diferentes regiões do Pará, transformando dor e resistência em arte.

Povos indígenas no centro da narrativa

A Virada reforça a presença indígena com espaços dedicados ao diálogo e à expressão cultural. Na Casa das Rosas, haverá feira de brechós, música e a roda de conversa “Raízes da Resistência”, com a participação da ativista indígena Txai Suruí, além de lideranças Guarani Mbya e mediação da pedagoga e ambientalista Chirley Pankará.

No vão livre do Masp, performances e apresentações de artistas da etnia Fulni-ô ocupam o espaço público, resgatando tradições e mostrando como a arte pode ser instrumento de resistência.

A Aldeia Pindomirim, na Terra Indígena Jaraguá, recebe a exposição “Ruínas da Floresta”, do fotógrafo Rafael Vilela, vencedor do prêmio POY-Latam 2025. Após temporada em Londres, a mostra chega a São Paulo para sensibilizar o público sobre a devastação da Amazônia.

Cidade como cenário de transformação

Nas margens do Rio Pinheiros, uma escultura inflável de quatro metros em formato de capivara, criada por Eduardo Baum, convida o público a refletir sobre os papéis silenciosos da fauna urbana no equilíbrio ecológico. Já a arte do muralismo de grande escala reforça o potencial de espaços públicos como meios de diálogo coletivo.

O festival também ocupará centros educacionais unificados (CEUs), unidades do Sesc, unidades básicas de saúde (UBSs) e parques, ampliando o alcance da programação para diferentes públicos e territórios da cidade.

Com mais de 55 edições realizadas em diferentes cidades, a Virada Sustentável se tornou um fenômeno cultural e social. Em São Paulo, esta é a 15ª edição, mas a celebração continua. Em outubro, o festival desembarca no Rio de Janeiro, entre os dias 16 e 19, reafirmando sua vocação de articular arte, educação e ativismo em escala nacional.

Mais do que um festival, a Virada Sustentável é uma convocação: um convite para repensar a vida urbana e os modos de produção e consumo em um momento decisivo para o planeta. Em meio à expectativa da COP30, o evento celebra conquistas, mas também lança desafios que ecoam além de suas datas e palcos.