A agenda internacional que antecede a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), prevista para novembro em Belém, começou a ganhar corpo em Nova York. Durante a abertura da Assembleia Geral da ONU, nesta terça-feira (23), representantes do governo brasileiro, liderados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, reforçaram o compromisso do país em conduzir um encontro histórico para a diplomacia climática.

Entre os integrantes da comitiva esteve o ministro das Cidades, Jader Filho. Ele participou de encontros estratégicos que, embora paralelos à assembleia, tiveram papel central para alinhar expectativas, articular compromissos e antecipar os grandes temas que devem pautar as negociações da COP30.
Um dos momentos mais relevantes ocorreu durante o evento promovido pela Norsk Hydro, empresa global de alumínio com forte presença no Pará. Intitulado “No caminho para a COP30: desafios climáticos e além”, o encontro reuniu representantes de governos, empresas, sociedade civil e especialistas internacionais. A proposta foi colocar em diálogo diferentes perspectivas sobre a construção de um futuro sustentável, tanto para a Amazônia quanto para o planeta.
Ao falar para o público, Jader Filho destacou o papel que a agenda urbana pode desempenhar na transformação do modelo de desenvolvimento. Segundo ele, cidades inclusivas, resilientes e ambientalmente responsáveis são parte essencial de qualquer estratégia de transição sustentável. “Não é possível pensar em soluções globais sem olhar para o cotidiano das pessoas que vivem nas cidades, que concentram tanto os desafios quanto as oportunidades”, afirmou.

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Essa visão se conecta a um debate cada vez mais presente nos fóruns internacionais: o impacto do crescimento urbano na qualidade de vida, nas emissões de gases de efeito estufa e na adaptação climática. Para o ministro, a COP30 é uma oportunidade de mostrar que a realidade brasileira, marcada por desigualdades, pode se transformar em exemplo de inovação e compromisso climático.
A participação de Jader Filho também incluiu uma reunião com Anacláudia Rossbach, diretora da ONU-Habitat. A instituição atua globalmente no desenvolvimento urbano sustentável e vê no Brasil um campo fértil para parcerias voltadas à inclusão social e ao combate às vulnerabilidades nas cidades. O diálogo com Rossbach reforçou o papel da cooperação internacional na preparação para a conferência em Belém.
O simbolismo dessas agendas vai além da diplomacia. Ao levar para Nova York discussões que envolvem desde a mineração de baixo carbono até soluções urbanísticas inovadoras, o Brasil sinaliza que pretende fazer da COP30 não apenas um espaço de negociação de metas climáticas, mas também uma vitrine de práticas e compromissos concretos.
Outro aspecto importante é a escolha de Belém como sede. A realização da conferência no coração da Amazônia oferece a chance de aproximar o debate climático das populações que vivem e dependem diretamente da floresta. Nesse contexto, a presença de empresas como a Norsk Hydro, que operam na região, ganha relevo: trata-se de um teste para avaliar até que ponto o setor privado está disposto a adotar práticas sustentáveis em territórios sensíveis.
As movimentações em Nova York revelam, portanto, uma espécie de ensaio geral para a COP30. As falas, encontros e articulações funcionam como peças de um quebra-cabeça diplomático que o Brasil terá de montar até novembro. O desafio será conciliar interesses distintos – de países desenvolvidos e em desenvolvimento, de empresas e comunidades locais, de governos e organizações da sociedade civil – em torno de um objetivo comum: conter a crise climática e construir um futuro de prosperidade com responsabilidade ambiental.
Ao dar protagonismo às cidades nesse debate, o Ministério das Cidades busca inserir um tema que até pouco tempo ficava à margem das negociações internacionais. O recado é claro: a transição climática começa no espaço urbano, onde estão as pessoas, os serviços e as pressões ambientais mais imediatas.
Com pouco menos de dois meses para a COP30, os diálogos em Nova York reforçam a expectativa de que Belém será palco de uma conferência decisiva. O Brasil, ao articular política externa, agenda urbana e desenvolvimento sustentável, aposta em transformar o encontro em um marco histórico para o clima e para a Amazônia.






































