Vice-premiê chinês pede união global pelas reservas da biosfera


O futuro da conservação ambiental voltou a ocupar o centro das atenções globais durante a abertura do 5º Congresso Mundial de Reservas da Biosfera, realizado em Hangzhou, na China. Na cerimônia, o vice-primeiro-ministro chinês Ding Xuexiang, também integrante do Comitê Permanente do Birô Político do Partido Comunista da China, lançou um apelo contundente: unir esforços internacionais para fortalecer a rede de reservas da biosfera e construir uma relação equilibrada entre o desenvolvimento humano e a preservação da natureza.

Divulgação/Sema

Diante de uma plateia de cerca de 1.300 participantes, entre autoridades, cientistas, representantes de empresas e organizações internacionais, Ding destacou as conquistas recentes da China em matéria de proteção ambiental. Segundo ele, o país avançou em políticas de desenvolvimento verde, criando áreas de proteção, restaurando ecossistemas e investindo em tecnologias sustentáveis. Mais do que uma agenda doméstica, afirmou o vice-premiê, trata-se de uma contribuição ativa para a governança climática global.

A fala de Ding seguiu quatro eixos centrais. O primeiro foi o incentivo à cooperação internacional, reforçando que a crise ecológica não conhece fronteiras. O segundo, o fortalecimento do apoio científico e tecnológico, com compartilhamento de descobertas entre países para acelerar soluções conjuntas. Em terceiro, uma visão integrada que conecte a proteção ambiental às metas de enfrentamento das mudanças climáticas e ao bem-estar social. Por fim, a defesa do multilateralismo e do aperfeiçoamento dos mecanismos de governança ambiental, considerados indispensáveis para que os compromissos internacionais tenham resultados concretos.

FOREIGN17586052968358WGFEMKWGS-400x256 Vice-premiê chinês pede união global pelas reservas da biosfera
Vice-primeiro-ministro chinês Ding Xuexiang – Divulgação

SAIBA MAIS: Aumento na fotossíntese impulsionado pela terra, compensado pelos oceanos

A importância do discurso foi ampliada pela presença de lideranças globais. Entre elas estava Audrey Azoulay, diretora-geral da UNESCO, que reforçou os elogios às iniciativas chinesas. Para ela, os avanços obtidos pelo país em proteção ecológica e sua atuação nos fóruns internacionais demonstram que a cooperação é possível mesmo em um cenário de desafios crescentes ao multilateralismo. Azoulay pediu que a comunidade internacional não apenas mantenha, mas fortaleça a defesa da biodiversidade, destacando que a biosfera deve ser vista como patrimônio coletivo da humanidade.

Outro destaque da cerimônia foi a participação de Shina Ansari, vice-presidente e chefe da Organização Ambiental do Irã. Sua presença simbolizou a amplitude da agenda ambiental, que envolve países com diferentes contextos políticos e econômicos, mas igualmente impactados pelas consequências da degradação ambiental.

Nos bastidores do congresso, Ding Xuexiang reuniu-se com Azoulay e reafirmou a disposição da China em aprofundar a cooperação prática com a UNESCO. Segundo ele, áreas como educação, ciência e tecnologia, proteção do patrimônio mundial e conservação ecológica podem avançar de forma integrada, beneficiando povos em todo o planeta. Azoulay respondeu com gratidão pelo apoio chinês à instituição, especialmente em um momento em que o multilateralismo enfrenta resistência em várias partes do mundo.

A programação também incluiu uma visita de Ding à área de exposições do congresso, onde enfatizou a necessidade de unir benefícios econômicos, sociais e ambientais em projetos futuros. Para o vice-premiê, somente a integração entre esses três pilares garante a sustentabilidade de longo prazo.

O encontro em Hangzhou sinaliza não apenas o fortalecimento da posição da China como ator central na agenda ambiental global, mas também o reconhecimento da importância das reservas da biosfera como ferramentas-chave. Criadas no âmbito do Programa Homem e a Biosfera da UNESCO, essas áreas funcionam como laboratórios vivos, onde comunidades locais, governos e cientistas testam práticas de desenvolvimento sustentável conciliadas com a preservação da biodiversidade.

O discurso de Ding, somado às manifestações de apoio da UNESCO e de representantes internacionais, revela uma convergência: a consciência de que o equilíbrio entre progresso econômico e proteção da natureza não é apenas desejável, mas urgente. Em meio às tensões políticas globais e às pressões por crescimento rápido, a mensagem vinda de Hangzhou ressoa como um chamado para que governos e sociedades reconheçam a biosfera como a base da vida e da prosperidade humanas.